QUICOÇÔ?

Ao formar-me em Medicina eu especializei-me em Psiquiatria, depois que me submeti a fazer estágio no Hospital Estadual "Galba Veloso", em Belo Horizonte e me submeti também a fazer Psicoterapia, por tempo necessário de me enxergar e saber algo sobre mim.

Junto a estas preparações, adquiri a consciência de que jamais deveria me sentir perfeito psicologicamente, bem como entendi que recebemos a vida para sermos felizes e fazermos nossos próximos felizes.

Estava indo bem na prática psiquiátrica, vindo a residir em Araras – SP, onde me coloquei como atendente no "Sanatório Antônio Luiz Sayão", que me deu experiência suficiente para compreender que a "Eletroconvulsoterapia" deveria ser melhor estudada, o que me deu condições para estudas eletrônica e fazer um novo aparelho que reduzisse em muito as descargas elétricas aplicadas nos "coitados" dos clientes, sendo graciosamente extirpada esta prática com novos medicamentos, mais adequados.

Eu tratava de um paciente epiléptico, que me contando como ganhava pouco, seguia o tratamento com bastante dificuldade, até que um bom tempo depois parou de reclamar sobre os custos medicamentosos e resolvi inquiri-lo, como estava se sentindo e porquê parara de reclamar sobre estes custos. Isto ensejou uma mudança completa em minhas abordagens psicoterápicas.

Ele relatou-me que a empresa onde o irmão dele trabalhava, foi levada a fechar-se, pois duas outras empresas semelhantes e maiores vieram a tomar conta do mercado.

Relatou-me inclusive, que o irmão tinha um cargo de chefia, o patrão era dono de muitos terrenos na cidade onde ele morava, que coincidentemente era a mesma cidade onde ele e o irmão residiam, mas o patrão revelara que o dinheiro em caixa que ele tinha, era pouco e daria para pagar apenas os funcionários mais simples, solicitando aos de cargo elevado, que aguardassem ele vender alguns terrenos, ou se quisessem, poderiam escolher terrenos de valores semelhantes ao que eles teriam que receber.

O irmão do meu cliente, como Gerente, foi o primeiro a ver o mapa com a localização das terras e depois de algumas pesquisas, descobriu que junto ao terreninho, onde morava o irmão, havia um terreno de mais de três mil metros quadrados, que o patrão feliz, resolveu ceder, para quitar sua dívida com este bom funcionário.

Segundo fiquei sabendo, o irmão correu para a casa do meu cliente e contou-lhe o sucedido.

Diante do ocorrido, os dois sentiram-se na obrigação, de mais uma vez, fazerem as quatro preguntas que sei Pai lhes ensinara, do mesmo modo de que todos os antecedentes, embora filhos de pessoas simples, sem muito estudo, aprenderam. E ele me contou o método: "Nóis assentemos e fizemus a sigunda pregunta, qui nosso pai nos insinô, qui todo mundo devia se fazê, junto com mais treis, pra sintir qui era omi: 'Quicoquero?".

Ao ouvir isto perguntei: "E quais eram todas as perguntas?" Ele me respondeu: "A premera é quicoçô", pois si nói num si cunhece, cume qui vai vivê? Adimais, esse prigunta tem que sê ripitida inquanto noi vivê! I si nói se cunhece, podemu pasá prá segunda: _Quicoquero!"

"O sinhô qué vê só? Pro sinhô sê medo (médico), o sinhô teve que sabê, pruquê pudia sê. Issu é: tinha qui cunhecê o sinhô (Quicoçô?). Si o sinhô num subesse issu, num podia fazê a segunda: prondecovô; iscoieu certu, CE medu"..

"Quê vê mai? A terçera é "_Cumécovô"! "Cuméco siô ia prescola de medo (médico)?"

Contei-lhe que eu tinha três opções: "Meu pai me levava; quando não podia eu pegava carona com um colega de Faculdade e quando precisava, eu pegava carona com um vizinho que tinha uma loja três quarteirões próximos à Faculdade."

"Tendeu agora?", ele disse. "Noi vimo, queu já prantava arguma cumida, ansim nói arresorvemu fazê uma horta." "Inquantu, ô si ele quizesse, aprocurá outro impregu, eu ia arresorvê o quê prantá. "Antão era pricisu queu fizesse a terçera prigunta: Prondeécovô? Eu arresorvi procurá o Seu Zé das cove, que mi insinara um pôco."

"Adespois, veiu a carta prigunta: - cumécovô?"

" Eu pudia i de treis geitu: - de burro, qui eu tinha, di bicicreta, queu tamem tinha, ô apé".

"Apreferí í apé, poi sobrava mai tempu preu pensá qui prigunta eu ia fazê!"

"Oji, nói tira pertu de trei mil cruzeiru cada. Num tá bão?"

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Elogiei-o e me vi como um burro consciente, que jamais, em tempo algum, eu deveria parar de estudar e ler sobre todas as minhas dúvidas, além de contar esta história marvilhosa e verdadeira pra todo mundo, como estou fazendo.

Espero que não me julguem sábia! tenho ainda muitas dúvidas, mas não me castigo por não saber ainda como resolvê-las, mas não deixo de anotá-las, para não fazer o que antes fazia: "Deixa prá lá, o que que tem, ninguém sabe, você também!".

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A partir daí, vim a perceber que meus antepassados Psicoterapeutas, como eu agia, se limitavam a arrumar soluções de "como ser e como viver".

Comecei naquela época, a fazer o que hoje a Terapia Cognitivo-Comportamental, procura mostrar aos submetidos ao processo: "Quem é você, o que acha da vida que vive, como crê que deve corrigir-se e como analisará se apenas não trocou de poleiro, sem obter um sistema de vida satisfatório e praticamente sem criar mais problemas (desculpas), quando ainda falta resolver.

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Espero viver, procurar buscar o melhor método de vida, sem falsidades e gostaria de ter dois segundos antes de morrer, para dar uma olhadinha para traz e ver se caminhei como pude.

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Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

Terapias Psiquiátricas

Consultor de Relações Humanas em

Empresas e Sociedades Civis

Cursos – Palestras – Pesquisas.

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