A Matança!

Ontem estava lendo sobre o possível acolhimento na Europa, de crianças refugiadas que lá chegaram desacompanhadas. Antes mesmo que eu assimilasse a situação dessas crianças, fui ler os comentários dos internautas. É um hábito que tenho, de procurar pelo posicionamento do senso comum. Ao ler dezenas de comentários, percebi que a guerra ultrapassa as fronteiras históricas. Grande parte dos internautas desejam ardentemente que essas crianças muçulmanas morram abandonadas ou de volta aos seus países. Grande parte se refere a elas como futuros homens bombas, radicais islâmicos, que vão crescer para eliminar ocidentais. O nível de ódio explícito nesses comentários ( que vai além da minha capacidade de reproduzi-los), conduziu-me ao cenário do nazismo. Após a descoberta dos campos de concentração nazistas e do extermínio de judeus, o mundo chorou. Choramos até hoje! No entanto o mesmo ódio, na mesma proporção e que conduzirá ao mesmo resultado, está sendo alimentado pelos interessados. Não vou entrar nas questões de interesses econômicos das potências que alimentaram o poder dos extremistas, como do Estado Islâmico, e os resultados. Os extremistas foram financiados! Os jornais ocidentais enfatizam o poder de destruição deles, as decapitações e execuções quase inimagináveis, assim como as ameaças de ataques. Até bem pouco tempo, nós, massa popular, sequer líamos algo sobre a Guerra Civil na Síria, sobre os conflitos de rebeldes e extremistas no Oriente Médio. Hoje isso é quase que parte do nosso cotidiano, quase que como o arroz com feijão. Fico pensando no porque de haver mais ênfase sobre os vídeos das decapitações do que sobre os ataques da coalizão aos redutos do Estado Isâmico. O que desejam realmente? Desejam que nosso ódio aos muçulmanos seja tão extremo quanto ao ódio dos nazistas aos judeus? Obviamente eu fico apavorada ao ver as crueldades dos membros do EI, desejo o fim deles, sinto dor pelas famílias perseguidas, já chorei também. Mas, ao mesmo tempo, me pergunto se realmente a capacidade das grandes potências de colocarem fim a isso é tão reduzida. Pelos jornais, ficamos todos avisados das ameaças de novo ataque terrorista. cresce o medo e o ódio. Mas qual é o poder militar dos Estados Unidos, Reino Unido e França? Até onde eu sei, possuem serviços de inteligência conhecidos mundialmente, tecnologia de ponta, grande poder bélico, informantes e um duvidoso desejo de agir para acabar com essas ameaças. Somos consumidores de informação, ou melhor somos consumidores da " meia Informação", aquela que nos é jogada da mesma forma com que se joga milhos aos pombos. Fico tentando encontrar as verdadeiras intenções dos países que estão sendo alvos passivos, quando poderiam colocar fim aos grupos. Imagino que eles tenham a seguinte percepção: o que seria a perda de algumas centenas de vidas em relação às conquistas econômicas e até mesmo territoriais? E qual a importância do apoio popular para a dominação dos povos muçulmanos através de invasões aos seus territórios ou limitação de seus direitos e domínio sobre eles?

Mas, como eu não sou da Cia, nem sou do FBI, nem da Nasa, nem sou capaz de discutir tanta grandeza, limito-me a lembrar-me da partilha da África no imperialismo econômico. Povos foram divididos em territórios sem que sequer fossem respeitadas as suas origens, línguas e cultura, isso elevou os conflitos internos desestruturando-os ainda mais. Pensando mais ainda( mesmo que eu seja uma péssima pensadora), relaciono as conquistas coloniais dos séculos passados aos fatos atuais. Ainda continuamos dizimando nações em busca do direito de explorar suas riquezas. Um dia foram milhões de indígenas, africanos, judeus... e agora muçulmanos estão sendo colocados no nosso paredão de execuções. Esse ódio por eles, que já é direcionado às suas crianças, mostra claramente que ficaremos assistindo passivamente a conflitos semelhantes, alimentados pelos interesses econômicos de grandes nações.

Simone Stone
Enviado por Simone Stone em 26/01/2016
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