Cortês

É intrigante como uma palavra assume significação. É admirável como o contexto muda e os termos permanecem. É curioso como falamos, lemos e escrevemos vocábulos cuja adequação histórica foi feita pelos sábios e ignorada pelos tolos.

Os termos “cortês” e “cortesia”, cunhados na época dos grandes castelos e palácios, foram usados para designar, respectivamente, aqueles que frequentavam as cortes e o modo como era esperado que agissem – com boas maneiras e respeito aos outros.

A ruína dos monarcas, anos mais tarde, implicou o fim das grandes cortes e, consequentemente, o desaparecimento dos corteses. A palavra que os denominava, no entanto, permaneceu e assumiu significado semelhante ao de “cortesia”.

Atualmente, é cortês aquele que age com gentiliza, educação, delicadeza. A alteração semântica é sensível aos ouvidos e ao intelecto, tal como deveria ser a sutil desvinculação classista da expressão. Percebam que, para ser cortês, não mais há necessidade de frequentar determinado ambiente e pertencer à nobreza, basta ser decente.

São tolos os que permanecem na mediocridade do achar não ser compatível. São sábios os que percebem a beleza do agir com fino trato.