Dó vácuo à indiferença

Existe uma grande comoção nessa sociedade internética quando o assunto é o "vácuo", quando se deixa uma pessoa falando "sozinha" sem dar uma satisfação sobre o "sumiço", ou mesmo apenas por demorar nas respostas. Isso particularmente nunca me incomodou, uma vez que ninguém é obrigado a conversar com o outro só por compartilharem do mesmo espaço virtual, até porque eu sou do grupo dos que não respondem na maior parte do tempo, pois estou sempre muito ocupada. Não é por mal gente, não é ignorância, é vida off-line, mesmo os meus amigos mais íntimos ficam dias sem uma resposta (quando a recebem).

Mas comecei a pensar um pouco mais além sobre isso e cheguei a conclusão que esse "vácuo" talvez não intencionalmente e esse desespero pela resposta não é só porque somos uma geração de mimados, mas também é porque somos um grupo de pessoas indiferentes, sem alteridade ou empatia alguma.

Nós somos a geração que nega os próprios sentimentos, que faz jogo de quem "pega mais" sem se apegar, que usa o corpo e a boa vontade das pessoas sem se importar com suas subjetividades. Somos o grupo de pessoas que vê no sexo um prazer individual e não uma troca recíproca, que gosta de se sentir apreciado mas que deprecia os sentimentos alheios. Somos aqueles que não valorizam nada e nem ninguém que não sejam nossos próprios umbigos e adeptos a um tipo de hedonismo que não inclui aproveitar no sentido mais puro da palavra o que os outros tem de melhor para nos oferecer e fazer isso se tornar agradável para ambos, mas pelo contrário: somos aproveitadores.

O nosso medo não é ser "visualizado e não respondido", mas é o de ser visto e desprezado. Tenho vergonha mesmo é dessa nossa geração

Ruana Castro
Enviado por Ruana Castro em 30/01/2017
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