Decadência

Na minha infância, eu gostava de ir aos bailes de Carnaval, nas "matinês", que eram para crianças e hoje, eu consigo lembrar o que lá fazia. Vou tentar enumerar algumas "travessuras". Pulava ao som de inocentes marchinhas, apanhava os confetes no chão e jogava nas pessoas, paquerava, puxava os cabelos das meninas e se elas não gostassem, eu pedia desculpas e continuava me divertindo. Bom, cheguei à adolescência. Já não ia aos bailes, ficava na rua mesmo, mas as travessuras eram as mesmas, paquerava, jogava confetes, tudo continuava inocente e me divertia muito. Cheguei à fase adulta. Não vou aos bailes e muito menos me atrevo a seguir qualquer movimento nas ruas, pois tudo mudou. Não há mais inocência, a violência é evidente, ninguém paquera, caça, se o rapaz puxar o cabelo de uma menina e ela não gostar, ele não pede desculpas e enfia a porrada nela. As pessoas já saem de casa predestinadas, como se fossem para uma guerra, homens e mulheres sedentos por sexo, como se fosse a única forma de diversão, para depois, bêbados, deixarem as calçadas impregnadas de urina, espalhando todo tipo de lixo e porcarias, que não valem a pena mencionar. Mas é Carnaval e algumas pessoas aproveitam o momento para esquecer delas próprias, não se valorizam e conseguem mostrar em tão pouco tempo, o caminho curto da decadência que as espera. Resumindo; eu hoje lembro que pedi desculpas por puxar os cabelos de uma menina, mas infelizmente, outros jovens, em um futuro bem próximo, só conseguirão lembrar que a encheram de porrada, urinaram na calçada e caíram bêbados em meio ao lixo humano que os cercava. Bom, na quarta eles vão dizer: "nos divertimos pra ca..."

Mário De Oliveira RSA
Enviado por Mário De Oliveira RSA em 27/02/2017
Reeditado em 27/02/2017
Código do texto: T5925505
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