O que queremos dizer quando lutamos por EQUIDADE e não por IGUALDADE, tendo como base casos de adoção (no Brasil).

Você já deve ter ouvido falar, ou até conhece pessoalmente, alguém que adotou uma criança, né mesmo? Até aí, vemos a adoção como algo revolucionário, que é algo feito por pessoas de coração extremamente grande e que querem constituir família, dentre outros motivos que nos levam a olhar estas pessoas de uma forma diferente!

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Segundo a lei de adoção, não há (inacreditável isso, eu sei!) distinção entre casais heteroafetivos e casais homoafetivos. Chamamos isso de IGUALDADE! Ou seja, perante a LEI eu e minha esposa temos o mesmo mérito em adotar quanto os meus vizinhos que também são casados e vivem uma relação heteroafetiva.

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Muitos casais homoafetivos (o número aumenta quando são casais de gays CIS), têm buscado o direito de adoção, abrem processo como futuros adotantes CONJUNTOS. O que a maioria que lê esse texto não sabe, é que quando esse processo chega nos “finalmente”, é barrado pelo juiz. Acaba-se aí a IGUALDADE perante a lei, entra as experiências de quem está lá julgando o processo, entra a moral (que sabemos muito bem que o que pode ser moral pra uma pessoa, pode não ser moral pra outra); temos um juiz (ou juíza) que possui uma carga de conhecimento, e é essa bagagem (que está envolta também em pré-conceitos) que vai influenciar na sua decisão. Em casos de adoção por casais heteroafetivos, esse processo é mais rapidamente julgado e APROVADO sem muita burocracia.

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Vivemos sim numa sociedade regida, infelizmente, pela chamada HETERONORMATIVIDADE, sendo que, o que sair fora dela, é dado como errado, imoral, sujo, mal visto pelos olhos do resto da sociedade que não participa daquela vida que está sendo ali julgada. E onde entra a EQUIDADE nessa história? Bem, não entra!! Isso mesmo, não entra!

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Ainda buscamos essa equidade, que nada mais é que buscar meios pra quebrar tabus, desconstruir a visão que o juiz/juíza tem, que a sociedade tem para comigo e minha parceira como sendo um casal CAPAZ em todos os âmbitos da vida, dizer que a bagagem dele/a nada mais é que pré-conceitos (na maioria das vezes, errôneos) sobre o tabu de se deixar adotar uma criança por um casal HOMOAFETIVO, e que temos todas as formas e capacidades possíveis de poder dar a ela uma base sólida pra que ela possa enfrentar os obstáculos da vida, tanto quanto casais heteroafetivos.

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A igualdade perante a lei, temos sim, na adoção e já em outros casos, mas, a equidade não temos. No caso da adoção, por exemplo, os meus vizinhos que estão numa relação heteronormativa cis não vão ter seu processo de adoção barrado quando eles forem recorrer aos seus direitos. Nós, casais LGBT não possuímos a equidade de termos um filho/as (filha/as) adotado/os de forma CONJUNTA. Se minha esposa e eu queremos adotar, teremos que negar (isso mesmo, NEGAR) um ao outro, temos que fechar os olhos, engolir a seco a falta de EQUIDADE, e preenchermos os papéis pra uma adoção de forma unilateral, ou seja, onde apenas um de nós (ou minha esposa ou eu) é quem irá assinar os papéis e participar do processo como um todo.

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Espero ter ajudado a desconstruir sua falácia de que LGBT’s buscam PRIVILÉGIOS. O que vocês chamam assim (privilégios), chamamos de desconstrução de pré conceitos e EQUIDADE!

Alban Lerrá Moura
Enviado por Alban Lerrá Moura em 30/04/2017
Código do texto: T5985752
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