Individualismo - O eterno espantalho

Hoje à tarde li um texto bem breve sobre a violência no Rio. Nele, a criminologista Elizabeth Sussekind (será que ela é parente do autor dos livros de análise estrutural?) tenta explicar as origens dos problemas de segurança pública. O texto dela é bem escrito, mas acho que o excesso de subjetividade fez ela se afogar na própria contradição: Primeiro ela culpa o estado:

“Nós todos vimos, muitos com indiferença, esta situação sendo construída, elaborada, ocupando cada vez mais espaço. E também sendo negada, ocultada, objeto de politicagem, moeda de troca de favores, poder e recursos. Esquecidos todos os comportamentos, atitudes, decisões, políticas públicas, administrações públicas que contribuem para a miséria dessa violência que agora extrapola o imaginável.”

Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/triste-estatistica-da-violencia-no-rio-21575011#ixzz4mYYyWPMn

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Depois ela ataca o individualismo:

“Foi ignorada porque nos preocupamos mais com o nosso e os nossos, e não olhamos à volta ou adiante. Uma sociedade voltada às incontáveis atrações do próprio umbigo. Sintomas se desenrolando, escola e saúde precaríssimos, racismo, subemprego, zonas de guerra, exilados em periferias e favelas. Vistos como um só agressor, e não pessoas, com identidades, histórias de carência e desgraça.”

Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/triste-estatistica-da-violencia-no-rio-21575011#ixzz4mYVzWjFT

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Esse é o resultado de anos, décadas e séculos de doutrinação estatal: até uma especialista recorre ao “raciocínio de prateleira” de culpar o individual por erros culturais e coletivos. A violência do Rio não é resultado de egoísmo ou indiferença. Mas sim de políticas públicas estabanadas e/ou populistas. Ao longo da história vimos Lacerda tratando os primeiros favelados com truculência ao invés de respeitar o direito de propriedade deles; vimos leis que cerceiam uso de drogas sendo o “ovo da serpente” para o crime organizado; vimos o crescimento deste mesmo sendo indulgenciado por Brizola; assistimos com esperança e depois com decepção a ascensão e fracasso das UPPs.

O individualismo é o maior alvo das críticas de pessoas comuns e até de intelectuais. Isso já se cristalizou no imaginário popular. Esse senso comum não deixa que chegue-se a conclusão que é exatamente da supressão das liberdades individuais que nascem os “monstros” da sociedade.

Filipe Magalhães
Enviado por Filipe Magalhães em 12/07/2017
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