O futuro incerto das novas gerações

Tempo de leitura estimado: 3 a 5 minutos.

Considero o futuro incerto das novas gerações um dos assuntos mais relevante dos dias de hoje, mas ainda muito pouco discutido, principalmente dentro das famílias. As constatações levantas a seguir, pouco a pouco, começam a ser percebidas pelas pessoas, sobretudo pelos jovens que estão inciando suas carreiras atualmente. 

O autor e orador americano Earl Nithtingale, muito aclamado nos anos 60 e 70, em um dos seus mais famosos e controversos discursos motivacionais dizia com entusiasmo que “vivemos hoje em uma época de ouro que a humanidade sempre buscou, sonhou e trabalhou por milhares de anos para conseguir”.

Eu imagino o que você deve estar pensando: será mesmo?

O mundo está mudando, isso é um fato, só não enxerga quem não quer ver. Mas até aí não há muita novidade. O mundo sempre mudou, seja pelas transformações naturais ou sociais de cada período. O que provavelmente chama atenção atualmente é a velocidade com que as mudanças se sucedem.

São tantos acontecimentos, descobertas e aparatos surgindo todos os anos que manter-se atualizado se tornou uma tarefa árdua. As diferenças entre as gerações e a maneira como cada uma delas interpreta essas inovações nunca foi tão contrastante.

E nesse cenário de tamanha fluidez e incertezas, o que esperar do futuro, principalmente os jovens que estão prestes a enfrentá-lo?

Esse será o foco deste artigo, desde as características das atuais gerações e as mudanças de comportamento impostas pela sociedade até as expectativas e implicações da transformação digital que já está acontecendo. Espero que as informações sejam muito úteis para sua pesquisa ou reflexão. Boa leitura!


Os x's, os y's e os z's

A geração x é composta pelos nascidos após a grande explosão de natalidade chamada de “baby boom” (meados de 1960 ao final de 1970). Os ideais dos nascidos nessa época, assim como os baby boomers, são geralmente pautados em valores familiares.

A geração y são os jovens nascidos nos anos de 1980 e 1990 que atualmente são jovens em estudo e início de carreira. Testemunharam o surgimento de muitas tecnologias, o avanço da globalização e são conhecidos pela valorização do prazer no trabalho e na vida pessoal, assim como o imediatismo, maiores preocupações sociais e ambientais e seu comportamento multitarefas.

A geração z, também conhecida como nativos digitais, é o grupo dos jovens que nasceram na virada do século marcados por grandes acontecimentos internacionais como o 11 de setembro. É a primeira geração na história que não conhece o mundo antes da internet. Apresentam um domínio indistinguível da tecnologia e são acostumados com inúmeros vínculos virtuais.


O rompimento dos antigos modelos de carreira

O mercado vem enfrentando mudanças avassaladoras em todo o planeta e um dos principais motores por detrás dessas constantes trasnformações é a rápida expansão da tecnologia e dos programas de automatização.

Os representantes das novas gerações estão prestes a enfrentar um mercado de trabalho muito mais instável do que aquele em que seus pais e avós atuaram.

No século passado houve um grande progresso testemunhado por muitas famílias no decorrer das gerações. Apesar dos conflitos, o mundo ampliava seu potencial industrial e econômico.

O Brasil, em especial, vislumbrou o surgimento de inúmeras companhias bem sucedidas no século passado, multinacionais firmaram suas sedes no país e as grandes cidades começavam a receber imigrantes do campo que vinham tentar uma vida melhor nas cidades.

Em geral, as novas gerações sempre contaram com mais estudo e melhores condições de vida que as gerações anteriores. Uma notável sensação de progresso intergeracional foi percebida por muitas famílias ao longo das últimas décadas. Mas atualmente, pela primeira vez, isso está mudando.

Muitas pessoas já estão vivendo hoje em condições piores que seus pais. Pior emprego, pior salário, menos benefícios, mesmo com um nível de estudo significativamente maior.

Carreiras estáveis repletas de benefícios e planos de aposentadoria confiáveis estão desaparecendo gradualmente, não só porque os governos e as empresas não estão conseguindo sustentar a crescente demanda, como o mundo passa por um momento de reestruturação social e econômica.


O cenário atual para as novas gerações

Tentar construir uma carreia semelhante a dos seus pais nos dias de hoje requer um esforço muito mais longínquo dos jovens e as garantias estão se tornando cada vez mais escassas.

Uma enorme onda de frustração domina as novas gerações que já começam a repensar seus planos de atuação profissional.

Os jovens de classe média que estão trabalhando atualmente toleram empregos que estão muito abaixo das suas expectativas e das expectativas depositadas por seus familiares.

Os que ainda estão estudando, por sua vez, já se dão conta que seus estudos não podem mais garantir prosperidade financeira. Ou seja, como não há mais um benefício certo e visível, a confiança nesse antigo modelo começa a falir.

Indo ao oposto da opinião fragmentada de muitos gurus midiáticos, o empreendedorismo não será capaz de salvar, sozinho, as novas gerações, embora já exista uma tendência de crescimento nas iniciativas autônomas.

A verdade é que o mundo está mudando cada vez mais rápido e as instituições de ensino, assim como a cultura e o comportamento da população, não estão conseguindo acompanhar todo o desenrolar das inovações.

Profissões outrora confiáveis estão ficando saturadas e obsoletas, robôs e softwares estão substituindo grandes escritórios e galpões repletos de funcionários e antigas empresas consagradas estão desaparecendo e perdendo espaço para as startups.

Planos de aposentadoria e fundos de pensão públicos e privados não são mais sustentáveis, inúmeras empresas estão em processo de privatização e a credibilidade do serviço público está decaindo em resposta aos escândalos, más condições de trabalho e atrasos salariais.


Os desafios das novas gerações

Se você é jovem, hoje, vai precisar se preparar para alguns desafios sérios no presente e no futuro:

1º: O seu diploma vale muito menos,
2º: A constituição de família é postergada, e
3º: A aposentadoria não é mais confiável.

O tempo e o dinheiro empregados na formação superior estão fomentando debates no mundo inteiro, principalmente porque o retorno salarial tem sido cada vez mais raso.

Enxergando uma graduação ou pós-graduação pela perspectiva de um investidor, é notável que a educação superior já está sendo desvantajosa para muitas profissões.

Por outro lado, os empregadores já reclamam do despreparo dos atuais jovens formados e as matrizes curriculares dos cursos que focam em conteúdos muito distantes das atuais exigências do mercado.

Com a educação prolongada e os baixos salários, o desejo de constituir família vem sendo postergado pelos casais. O problema é que esse adiamento se estreita cada vez mais com os limites da nossa própria fisiologia.

Há uma preocupação mundial com os planos de aposentadoria e um clima de incerteza povoa contribuintes de vários países. A busca por investimentos tem crescido e a tendência é que se torne uma futura necessidade para garantir fundos nas últimas etapas da vida.


As novas oportunidades

Estamos prestigiando uma era de inovações onde jovens fazem valer suas ideias em grandes projetos sociais e empresariais. As empresas de tecnologia são a nova vez do mercado e a procura por profissionais que preencham suas demandas está crescendo.

Novas profissões já estão surgindo, algumas delas já em alta. Desenvolvedores de aplicativos e plataformas digitais, produtores de conteúdo, gestores de comunidades e mídias sociais, especialistas em experiência de usuário, educadores remotos, analistas de Big Data, designers de peças para impressão 3D, engenheiros biomédicos, gestores de resíduos e muitas outras. Algumas dessas profissões eram impensáveis há anos atrás e hoje já s]ao vistas como carreiras promissoras.

O ensino superior ainda agrega muito valor e dificilmente será descartado. Entretanto, os cursos de destaque e maior retorno financeiro estão mudando.

Para minimizar surpresas desagradáveis no futuro é fundamental que o aluno avalie seu estudo como um investimento, colocando na balança não só o retorno financeiro, mas o estilo de vida, as limitações e as oportunidades que cada profissão proporciona.

A grande dica é não se limitar ao conteúdo do curso ou do professor, mas investigar o que já está sendo requisitado fora da universidade. Investir em cursos especializados dentro e fora do ambiente acadêmico e se preparar para o que o mundo já requer hoje.

Está ficando cada vez mais difícil prever o que as futuras décadas prometem para as novas gerações, mas uma coisa é certa: empresas e profissionais precisam adotar posturas cada vez mais flexíveis!

A era puramente industrial parece estar cedendo espaço para as iniciativas criativas, mas quem sairá na frente mesmo são aqueles capazes de identificar e orquestrar todas as mudanças que já impactam o nosso dia-a-dia.
Leandro Abreu
Enviado por Leandro Abreu em 03/05/2018
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T6325953
Classificação de conteúdo: seguro