Via Sacra com Papa Francisco.

Via Sacra com o Papa Francisco.

Sexta-feira da Paixão.

10 de abril de 2020.

Assistir a Via Sacra com o Papa Francisco pela televisão em plena Pandemia do Covid19, ouvindo a leitura de alguns trechos do Evangelho segundo Lucas, acompanhando a leitura destes trechos em cada estação vivida por Jesus Cristo para mim foi um momento único, indescritível, emocionante e histórico.

Pude entrar numa conexão plena com tudo que foi dito em cada relato descrito por seres humanos que podem ser considerados comuns aos olhos de outros homens. Os relatos durante as estações falavam de grandes dores, muitas destas para diversos casos não haverá cura, perdão, nem resiliência, nem empatia e nem aceitação.

Na Via Crucis, Via Sacra com o Papa Francisco, pude ouvir relatos de pessoas que de alguma forma tiveram seu destino, sua vida vinculada ao sistema penitenciário, carcerário. Pessoas que têm familiares presos. Familiares de assassinos. Famílias que no mundo exterior pagaram o mesmo preço daqueles que cometeram crimes. Pessoas motivadas pelo ódio, inveja, raiva, cobiça, egoísmo, poder, ganância foram pagando pelas leis dos homens os crimes cometidos. Ouvi relatos de pessoas julgadas, presas injustamente. A sociedade às julgou. Estas pessoas também foram devastadas por este mundo que nos cerca.

A basílica de São Pedro estava vazia em plena Paixão Cristo.

Creio que entendi pelo pouco que eu sei a mensagem do Papa Francisco nesta sexta-feira da paixão. Que marca a morte de Jesus Cristo por todos nós. A mensagem chegou até mim através do coração e quero dividir com vocês:

Estamos nos sentindo presos. Aprisionados, confinados nestes difíceis e dolorosos tempos de pandemia covid-19.

Nós, os aprisionados: Temos casa, teto, comida, água, luz, telefone, internet, televisão, rádio, jornal, livros, roupas, calçados, carro, drive thru... Saneamento básico. Familiares. Amigas. Amigos. Conhecidos. E estamos presos.

Temos também a ingratidão à Deus. Ingratidão ao Universo. Ingratidão ao Planeta. Ingratidão à Jesus Cristo que mais uma vez hoje derrama seu sangue por nós.

Você pode até não crer, não ter fé. É um Direito seu. Afinal, nascemos livres. Mas, a covid-19 chegou. E tornamo-nos prisioneiros de nós mesmo.

Isto para evitar uma morte cruel. A pandemia covid-19 causa uma morte extremamente sufocante, dolorosa, triste. Roubando a chance de sermos velados de acordo com a história de vida de cada um.

É impressionante chegar a esta conclusão. A morte pelo covid-19 nos iguala e nos interliga ao mundo, uns aos outros conectados pela mesma dor.

Exatamente há 100 dias atrás recebíamos a informação no Brasil da existência de uma "gripezinha passageira". Exatamente hoje recebi a triste notícia de que no mundo chegamos a violenta marca desta Pandemia: 100.000 (cem mil) mortos.

Cem mil mortos no mundo multiplicados por tantas outras dores, vidas e famílias. Cada vida que ainda resiste bravamente a esta pandemia me faz refletir: Quem são os verdadeiros presos? As pessoas que tiveram acesso à educação, cultura, arte, lazer, entretenimento, esporte, cinema, internet, TV, celular, e que poderiam além da preocupação (quase exclusivamente em alguns casos) em alimentar este sistema brutalmente capitalista selvagem, algumas destas pessoas poderiam ter a preocupação em não matar o outro, outra, outros.

Ter a preocupação em não ceifar vidas. Ter consciência da sua importância e da importância do outro para o mundo. Enfim, não basta ser humano. É preciso humanidade. Explicar para o outro que ele, ela, todos nós somos importantes para o Universo.

Este vírus fala, conversa conosco e diz: vocês são frágeis. Iguais mesmo nas diferenças sociais, econômicas, culturais e ideológicas. Ou seja, este vírus matará pessoas que não tiveram acesso à nada do que foi dito aqui anteriormente e matará ricos, nobrezas, políticos e quem sabe alguém que você ame ou já amou muito.

As barreiras, fronteiras foram destruídas pelo covid-19.

Estamos na quaresma e quarentena. Oremos. Tenhamos fé em Deus e na Ciência.

É. Realmente. Verdadeiramente. Entendo que nós somos a nossa grande, enorme, gigante muralha e prisão. O inimigo é invisível. Álcool em gel e sabão neutro. Continuem lavando as mãos.

Continuem lavando as mãos...

Continuem lavando as mãos!

Acabo de receber a triste notícia que o Brasil atingiu hoje ao todo mil mortos. Para todos que têm teto, casa... Fiquem em casa, por mim, por vocês, pelo mundo, por favor!

Andréa Ermelin de Mattos

Escritora, YouTuber.

Brasil.

Andréa Ermelin de Mattos
Enviado por Andréa Ermelin de Mattos em 11/04/2020
Código do texto: T6913238
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