Violência! Para onde vai o povo brasileiro...

Violência! Para onde vai o povo brasileiro...

Nísia Maria de Sousa Cordeiro

Pedagoga / Extensionista Rural

Quando vejo a foto da menina Isabella, cruelmente assassinada, me vem a indignação sobre a "raça humana". E, me detenho diante das notícias veiculadas em todos os tipos de mídias: escrita, falada, televisiva, digitalizada, virtual e me assusto com uma verdade que conheço há bastante tempo, mas que no momento saiu do anonimato pelo despertar do torpor que a "coisa rotineira" nos faz mergulhar. Com elevados índices o flagelo humano, a decadência da civilização e o sadismo diante da dor alheia ocupam um espaço nobre.

E aí me vem um questionamento: quando enxergamos essa realidade palpável, costumamos culpar a mídia por dar atenção exagerada a tais fatos. A violência urbana chega a níveis insustentáveis, a corrupção propaga-se como um rastilho de pólvora, mentes doentes dilaceram a paz de forma coletiva ou individual atingindo os seres que ainda acreditam no processo de humanização numa visão holística, digna do estágio de evolução do homem no século XXI. Mas, voltando á posição da mídia, porque ela se detém a fatos que arrancam lágrimas dos mais sensíveis, revolta daqueles com espírito revolucionário, dor aos que estão direta ou indiretamente atingidos? É a mesma coisa que acontece nas eleições em nosso país. Atende-se ao que o povo deseja. De que adianta veicular notícias que ninguém tem interesse ou apenas para um grupo seleto de apreciadores da paz, da arte e do belo? Porque preocupar-se com ações coletivas que promovam o desenvolvimento sustentável em época de eleições?

Infelizmente, o que vai prender a atenção do público é o drama alheio; o que vai trazer o eleitor às urnas é o benefício próprio, mesmo que irrisório. A mídia apenas tempera o prato ao gosto do público. Muitas pessoas revestidas de hipocrisia social irão renegar o que digo e ficarão indignadas. Outras, por pureza de coração ficarão aturdidas e não acreditarão nessa verdade expressa aqui sem profundidade. Outras apenas acharão natural que seja assim mesmo a construção do mundo cão chamado sociedade. Há ainda um fato interessante que deva ser apontado: na literatura hodierna é mister que se faça sempre alusão ao erótico, sensual para satisfazer o deguste dos leitores, senão o livro não vende (a não ser que já se tenha o prestígio e fama, que, vale ressaltar, sempre se consagra primeiro no estrangeiro para poder ser creditada em nosso país. Um exemplo disso foi a surpresa da atriz brasileira quando premiada recentemente no festival de cinema de Cannes).

Em suma, como aconteceu aqui, com o advento de novas e "chocantes" notícias, o assassinato de Isabella (bem como foi o de João Hélio e tantos outros) vai ser apenas mais um sorriso infantil, inocente e doce apagado pela barbárie do homem, que adentra no século XXI apenas com novas roupagens, todavia com a mesma natureza perversa e hedionda dos tempo idos que animavam a arena do coliseu, do holocausto que dizimou em torno de meio milhão de judeus, do infanticídio de Herodes na tentaiva de atingir o Deus menino, entre tantas outras manifestações de selvageria mascarada em propósitos e ideais nefandos.

Precisamos acreditar na justiça, aliás, é urgente que a justiça prevaleça, que o homem se reconheça cidadão com direitos e deveres, que os vilões não assumam a posição de vítimas, que o Brasil reconstrua seus pilares na dignidade, honestidade e rume em busca de um processo de humanização consciente e profícuo. Que o direito de defesa seja garantido qté que se prove o contrário, mas quando esse contrário for uma realidade inquestionável que a defesa apenas tente a atenuação das penas e não a absolvição de culpados.

Gostaria de ser jurista para abordar com mais propriedade o tema, entretanto fico aqui, com minhas limitações de mãe, pedagoga, extensionista rural e, principalmente, cidadã brasileira.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 31/05/2008
Código do texto: T1013048