Depoente Triste!

DEPOENTE TRISTE:

Era domingo! Era para ser um dia alegre, descontraído e de muito prazer! Mas não estava sendo. Ao contrario, estava me sentindo como ha muito tempo não me sentia.

Era estranho e ao mesmo tempo difícil, falar sobre algo do qual você não esteja muito familiarizado. Pois há muito eu não me sentia assim. Mas desde algum tempo; não, desde o início deste ano é que venho notando algumas pequenas alterações em meu humor. Eu que sempre tive orgulho dessas minhas enormes qualidades, que eram o senso de humor, alegria, otimismo e esperança, que contagiava a todos a minha volta. Agora sinto que estou me tornando um estorvo na vida de meus irmãos e toda minha família. Antes isso também não me preocupava, mas agora faz com que me perca em pensamentos destrutivos e condenáveis. Pois me causam muito mal! Esse sofrimento, me torna cada vez mais deprimido e frustrado e isso para mim é o mesmo que o pressentimento da morte ou dela própria!

Sempre tive orgulho de dispor de otimismo, esperança e alegria e convenhamos que para alguém com essas características, de repente se vê envolto a tristeza e o que é pior, ser apontado como causador dessa enorme dor, não é fácil. Além de muito angustiante, é desesperador, ainda mas isso sendo verdade!

Acordo e antes de me levantar, já acontece a primeira discussão, algo terrível e muito desgastante para todos principalmente para mim que involuntariamente foi o causador desta desnecessária discussão. Mas era apenas o início daquele fatídico dia! Isto acontecia quase que diariamente não havia um motivo concreto que explicasse esses desentendimentos e estas discussões entre nós. Somente restando uma tristeza que me consumia dia após dia. Tornando meu dia-a-dia numa insuportável rotina de brigas desgastantes entre familiares.

Mas de onde vem esta enorme dor que consome e destrói todos nossos sonhos? Os poetas dizem que vem do coração! Mas pode um órgão que teoricamente é único e exclusivamente responsável pelo bombeamento do sangue do corpo, ser também responsável por nossas emoções? Se ela vem do coração ou do cérebro, não importa. Pois era tão enorme que sua procedência não fazia diferença de onde quer que venha ela não seria menos doída.

Se me expresso assim com tamanha veemência é porque ela tem me visitado constantemente e isto não é bom, por que ela dói tanto? Dói como um punhal cravado no meu peito, na alma de um desavisado que por ventura foi escolhido por esse cruel e covarde sentimento. Quem me garante que essa não é uma maneira de nos fazer purgar nossos erros e nossos pecados? Pode até ser, mas isso não a faz menos sentida ou suportável, por aquele que infelizmente esteja sendo torturado por ela que é impiedosa e desgraçadamente o faz sofrer. A tristeza não tem uma origem exata e sim, uma causa ou um causador. Sendo assim ela vem e volta quando agente menos a espera, exemplo claro disso é esta súbita e inexplicável tristeza que há muito não sentia. Ela me atinge de tal forma que faz perder completamente à vontade de viver, me deixando desesperado e cada vez mais sensível.

As lágrimas que molham minha face deixam seu rastro quente, tornando sua existência visível aos olhos de quem quer que seja, não escondendo, me fazendo sentir como o pior dos seres.

Mas minha impoluta dignidade a de se interpor entre esta imensa dor e eu, fazendo-me capaz de superá-la, voltando a ser aquele jovem alegre e bem humorado, de sentimentos nobres e desprendimento absoluto, como era. Enquanto espero ansioso por esse momento, tento me manter calmo para que sem me desanimar diante de obstáculos e circunstâncias criadas pela vida. Por que não somos capazes de aceitar a diferença que alguém possa carregar consigo. Por que todos temos que ser iguais? Sendo que ao mesmo tempo detestamos ser plagiados? É, somos mesmos uma incógnita! Sequer sabemos aceitar nossas diferenças, mesmo que estas sejam uma imposição do destino.

Então como posso superar essa tristeza que me consome? Tenho que lutar com garra e determinação para alcançar meus objetivos, sendo que um deles e talvez o mais importante, é reconquistar minha alegria de viver, minha alto estima, só assim voltarei a sorrir como sorria. Pois sem alegria não posso viver, perco o brilho, a vivacidade e a ternura! Se fosse a primavera perderia o perfume a ti emprestado pelas flores? Se fosse um palhaço, não poderia viver sem os sorrisos? É assim que somos, uma coisa depende da outra para existir. Por tanto darei logo um jeito de recuperar minha alegria, para que eu volte a sorrir novamente, já que é preciso de tão pouco para isso!