As lições que o futebol escreve nas entrelinhas da vida.

Se deixarmos de lado (só um pouquinho) a paixão pelo futebol e observarmos com os olhos da razão, há mais aprendizagem para a vida nesse universo do que os livros de auto-ajuda podem conter. Aprendemos muitas lições. Seja com times pequenos sem tanta ênfase no cenário nacional, seja com os grandes clubes. Para ilustrar vamos analisar fatos recentes. O Corinthians, por exemplo, deu uma verdadeira aula prática sobre superação. Time de tradição, uma imensa torcida, rebaixado! Como enfrentar a situação, indo em busca da justiça à cata de “brechas” no regulamento? Apadrinhamento e isenção por fazer parte do Clube dos Treze? Revolta para incendiar a torcida? Não, simplesmente firmaram o propósito de não se deixarem abater e com a lição retornar à série de elite do futebol brasileiro de cabeça erguida, feito campeão, com magnífica campanha por todo o certame. E com isso tem ao seu lado a já consagrada “Fiel”, sua torcida, com os brios de quem vence o mundial, apoiando o timão.

Outro momento inversamente proporcional ao do Corinthians foi o Flamengo (vale ressaltar que sou Flamante). Numa altitude, não das mais altas, porém não menos desgastante, tão temida pelos brasileiros, o Fla vai lá no México e bate o América por 4 x 2. De forma incompreensível, diante do olhar atônito da maior torcida do Brasil, segundo os institutos de pesquisa IBOPE e DATAFOLHA, tabém da revista PLACAR, o Brasil assiste a uma derrota inesquecível até para os adversários. Em todos os canais, na mídia em geral, nos barzinhos, nas conversas de fim de expediente o que se sabia era que o Flamengo enfretaria no Maracanã, em casa, o mesmo América do México com a vantagem milagrosa de poder perder por um gol de diferença ou pelos placares de 2 a 0 ou 3 a 1 que, ainda assim, se classificaria. Qualquer derrota por três ou mais gols de diferença, a vaga seria então, dos mexicanos. Quando muito o resultado de 4 a 2 para o América levaria a decisão para a cobrança de pênaltis. Mas, o Flamengo, perde com um placar esmagador. São coisas do futebol? Não, não, são coisas da vida. A exacerbada auto-confiança, o subestimação pelo adversário, a transferência do foco proposto pelo objetivo da libertadores para a despedida de Joel Santana lhes tiraram a galhardia de continuar na disputa.

Assim é a vida. Nessa diária e constante busca de espaços temos que preservar a ousadia do desafio contínuo, cada amanhecer tem que nascer sempre com a esperança do novo, mas com a certeza de que nada está ganho, tudo tem que ser renovado. As expectativas mediante as construções quotidianas têm que ser fortalecidas. E, nunca esquecer, nunca mesmo, adversários (não inimigos, colocados aqui analogicamente às situações corriqueiras do dia a dia) precisam ser avaliados, analisados à luz da razão, jamais subestimados senão as surpresas serão bem desagradáveis. Em contrapartida também não podem ser colocados em evidência tal, que estimulem a inferioridade e nos façam acreditar na incapacidade de vencê-los. Todavia é mister a acuidade em traçar metas, objetivos e mecanismos eficientes de auto-avaliação contínua para que as picuinhas, as irrelevâncias não transmudem o foco da atenção e dispersem o nosso propósito.

Coloquei aqui o futebol como exemplo, contudo em todas as expressões da natureza viva há ensinamentos, há lições duras e e outras positivas. Tenho visto enquetes, discussões e até educadores e pais questionando a influência da televisão principalmente, e da mídia em geral, ou todos os meios formadores de opinião sobre as crianças e jovens. Entretanto, sabemos que tudo depende da forma com a qual fazemos a nossa leitura de mundo. Mas, isso também é uma outra história...

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 09/06/2008
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