Jovem: o desafio da Igreja

“Conhecer o jovem é condição prévia para evangelizá-los”. Esta frase do documento da CNBB Evangelização da juventude abarca um contexto bastante pertinente, o qual deve ser a meta de todos nós, cristãos, que se preocupa com o futuro da Igreja. Devemos conhecer nossos jovens, seus pensamentos, seus sonhos, desejos, seu modo de viver a vida para que possamos, a partir deste ponto, evangelizar, lançar sementes, dar continuidade no processo que o próprio Jesus iniciou.

A juventude atual é, em boa parte, influenciada pelos impactos da modernidade e da pós-modernidade e isso influi no desenvolvimento de suas faculdades (intelectual, emocional etc) permitindo que o mesmo tenha na maioria das vezes e também na maioria dos casos, uma dupla personalidade no meio em que vive. Não que isso seja de todo ruim, mas acaba incutindo nele uma falsa moral e isso sim, nem sempre é bom. Ele busca em seu meio um modo de vida religiosa que independe de instituição, não quer se ver incumbido de responsabilidades ou morais religiosas: essa coisa de religião, isso tudo é coisa de carola (é o que muitos dizem diante do medo de descobrir algo maior que ele), e, com isso, ele mesmo o leva a uma fundamentação daquilo que muitas vezes está instinto de nossas Igrejas (o pensamento de uma Igreja fechada e sem diálogos, isso não existe mais).

Nós, membros de uma comunidade cristã católica, não queremos jovens tapados, cdf´s ou coisas parecidas. Já dizia o nosso querido Papa João Paulo II, que precisamos de santos de calça jeans e tênis, que vão ao cinema, que ouvem música e passeiam com os amigos, que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e na castidade, que precisamos de santos que tomam coca-cola e comam hot dog de santos que amem a Eucaristia. É disso que Igreja precisa, ela precisa de jovens ativos, que conheçam o mundo, que conheça a si próprio, o mais fundo do seu ser e isso só é possível, se ele se deixa conhecer por Jesus Cristo.

Bento XVI, no encontro com a juventude no estádio do Pacaembu em São Paulo no ano passado, que foi recebido com aplausos, cantos e danças indígenas, disse aos jovens que desejava "ardentemente" se encontrar com eles. Lembrando as palavras de João Paulo II no Mato Grosso em 1991, o Papa disse que os jovens são "os primeiros protagonistas do terceiro milênio, aqueles que traçarão o destino desta nova etapa da humanidade". O Papa falou das questões da juventude e afirmou que a mesma revela um enorme déficit de esperança, do qual destacou o "medo de morrer, a busca desesperada para encontrar um caminho de realização, o medo de fracassar e o temor de ficar para trás diante da desconcertante rapidez da evolução das comunicações".

Acerca dessa reflexão, cabe a nós, irmos até aqueles que são o futuro da Igreja, de uma Igreja inovada, alegre e sem preconceitos. Nós somos os responsáveis por incutir em nossa sociedade uma juventude que queira anunciar o Reino de Deus, uma juventude sedenta por justiça e paz. Como diz o documento Evangelização da juventude (CNBB), “nossa intenção é considerar a juventude com suas potencialidades para renovar a sociedade e a Igreja. A juventude é a fase do ciclo de vida em que se concentram os maiores problemas e desafios, mas é, também, a fase de maior energia, criatividade, generosidade e potencial para o engajamento”. Com isso, podemos dizer que o jovem tem um valor imenso, só precisa descobrir isso nele mesmo. Ele precisa redescobrir o valor da vida, nem que seja ouvindo o nosso uníssono grito: “Acorda juventude! A vida quer viver.”