O começar!

"Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

De uma gota se faz um rio, mas de um rio se faz um drama, que ao correr pela grama, leva tudo o que se viu, pelos longos anos a fio, de sol a lua, dobrando esquinas, gastando o que não se tinha, sendo vendedor que aporta em sua porta...

Pode ter rima, mas não prima, pela virtude não percebida por aqueles que dia-a-dia, exigem melhor visita, sem ao menos passar a mão, na cabeça embranquecida. Não ser visto e percebido, somente medido, em todo o começo, sustenta a coluna. Com o passar do tempo, de corpo formado, a coluna dantes necessária, hoje é número a conta que fazem e além do percebido, tem o sustenido, no fundo do corpo dolorido, que repleto de rugas, enrosca os dedos na pasta, suada e envelhecida, a procura de novos caminhos.

Todos enxergam longe, sonhando alto; poucos projetam suas vidas, não pelos sonhos, mas por aquilo que fazem, medindo o quanto são percebidos e o quanto representam, sem que outros decidam o que seja feito.

Ser um poeta do pedido, um médico da ação e um cliente enaltecido é tudo o que um mercado, convencido, espera, guarnecido, das notas que estão nas mãos. Entretanto, de longe vem o grito, daqueles que, mesmo sangrando, e pela idade, cansando, emitem rabiscados desejos e promovem soluções, inundando o campo, de produtos e emoções.

Ser vendedor ou ser gestor, quem pode definir, a universidade e seus mestres, ou o canto de uma sala, na poeira acumulada, o perfil sorridente, do amigo e camarada, que todos os dias, no sol e na chuva, na alegria e na dor, com sobra de dívidas e com falta de amor, está, presente, consciente e atento, ao seu clamor, meu amigo comprador?

Jamais quero que filho algum, passe pelos meus caminhos de cabeça abaixada, porque neles - os caminhos - deixei traços que podem ser fininhos, de luta constante, pra poder levar, ao bolso, o sustento controlado. Quero que saibam, que de grandes e pequenos, o melhor dos pedidos sempre será aquele, em que ao fechá-lo, saberei que um novo, já me aguarda, ao ficar, novamente na sala de espera.

E por ser metido a escritor, convenço o teclado a aceitar o que sinto, mesmo sabendo que não posso, pela gota, mudar o rumo do Rio dos Sinos. Um Sinos dantes vivo e largo, acolhendo vidas e fartando vidas, hoje, tal qual a concorrência, na primeira turbulência, dividem a margem, adentrando nas vilas, molhando as ruas, deixando um pouco pra muitos, matando os que ficam, como eu, pela idade, a procura da qualidade, dos meus e daqueles que sempre, juntos, souberam me ver, como amigo e inimigo, como professor e aluno e principalmente, um vendedor.

Ser vendedor é imensurável, intangível e maravilhoso; ser visto como vendedor é caro e penoso, de altas taxas e muito imposto. De carros caros, de postos caros, de hotéis caros, tudo é caro, até com caros compradores que dizem: passe amanha, porque hoje, é claro, não posso mais comprar. E a porta que se bate, como um remédio caro, meu caro amigo, mesmo assim, jamais e deixo bem claro, que ser vendedor é nobre e, é claro, como você poderá viver sem me dar um bom dia meu caro, a me ver, de carro, na porta de seu negócio?

Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.

http://www.grandesvendedores.com.br