Estradas, nada mais...

As estradas que cortam nossas vidas são as mesmas que transportam saudades, histórias, amores, ódios, emoções, razões. Estradas são tapetes vermelhos de um castelo chamado mundo, aonde as portas vivem num constante movimento de abrir e fechar.

Não existe vida sem história. História sem estrada, sem caminhada, sem ladeiras, sem obstáculos, transforma-se num capítulo em branco ou, no máximo, num emaranhado de frases desconexas que, assim como estradas mal traçadas, não nos levam a lugar algum.

Estradas são mágicas, estimulam nossa imaginação, induzem a uma busca interminável pelo lugar ideal. Seguir pelo desconhecido é tarefa que nos invade todos os dias. A partir do momento que acordamos, um novo caminho começa a ser trilhado. Se não sabemos o que acontecerá no segundo seguinte, quem dirá no fim do dia! A vida nos torna nômades, sem destino. Por mais que achemos ter conhecimento de tudo que iremos fazer, sempre aparece uma curva, um precipício, uma descida sinuosa surpreendentes. É nesse instante que somos testados. Continuar por uma reta é café pequeno. Passar por trechos acidentados é primordial para que aprendamos a nos conhecer.

Mais importante do que saber desviar e superar as dificuldades é saber em qual momento devemos parar, descansar as costas do peso da mochila e planejar o próximo passo. Parar para refletir, analisar, decidir é característica inserida no contexto da paciência. Ser paciente não é fácil, assim como amar também é muito difícil. Você abrir a boca para dizer que alguém não presta é muito mais cômodo que assumir que ama o outro incondicionalmente, com todos os seus defeitos. Porque quem ama prioriza as qualidades, sempre. Ficar impaciente com uma situação, chutando o balde, gritando e dando aquele momento da sua existência por encerrado é muito mais tranqüilo que sentar diante de uma ribanceira e encontrar um meio de passar por ela sem se arriscar.

Precisamos nos acostumar com as viagens e com as estradas. Viagem boa é aquela que tem começo e fim garantidos. Estradas boas são todas as estradas percorridas prudentemente, sem aperreios, agonias, inseguranças, ansiedades. Do mesmo jeito que um cuidadoso motorista verifica as condições do seu carro quando vai viajar, faça uma checagem em sua vida a partir de agora. Você está pronto para viajar? Mais: nada de pressa. Alta velocidade não combina com segurança.

Revista-se de sentimentos bacanas para seguir em frente. Nessa rodovia em que vivemos, os imprudentes, irresponsáveis, pseudo-corajosos, invejosos, podem até passar por nós momentaneamente, atingindo objetivos mais rapidamente, mas essa correria um dia mostrará que eles estavam errados, pois os que vão observando todas as cenas das paisagens, como num filme de cinema, estarão com uma base muito mais sólida na hora de uma surpresa desagradável. E não faltam surpresas desagradáveis mundo afora.

Nessa sincronia entre vida e estrada, descobrimos como é importante a fé em Deus e a certeza que nunca estaremos sozinhos nessa missão. Mesmo quando a pista parecer perigosa demais, os acostamentos desaparecerem, a sinalização não for entendível, a próxima cidade estiver a milhares de quilômetros, a visibilidade ficar prejudicada, não desanime, não pare para lamentar. Se não tiver ninguém para segurar sua mão, busque companhia em seu coração. Lá, sempre há conforto e só entra quem você permite.

João Ricardo Correia
Enviado por João Ricardo Correia em 07/07/2008
Código do texto: T1069512
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.