Sobre encerrar a carreira no auge

Há muitos anos os meios de comunicação cobram dos atletas que encerrem suas carreiras quando se encontram no apogeu, o que me parece um equívoco.

Obviamente existe um momento adequado para o encerramento da carreira, mas em minha opinião esse momento só chega muito depois do auge, quando a capacidade física já decaiu consideravelmente e nem o apelo à experiência é capaz de sustentar uma atuação condigna, mais ainda em carreiras tão agradáveis quanto as esportivas, que constituem quase sempre a melhor parte das vidas daqueles que as abraçam.

Fico pensando no absurdo que é compelir grandes atletas como Oscar ou Janete, jogadores de basquete, a desertar da seleção nacional enquanto ainda são melhores que os outros jogadores, com que propósito? Mas, é ainda pior quando são coagidos a encerrar a carreira no ápice e ficamos sem ter a certeza de que não teriam momentos ainda mais gloriosos do que tiveram.

Nesses novos tempos em que vivemos cada vez mais, em que estendemos nossa juventude muito além do que podia ser sonhado apenas umas décadas atrás, me parece imperioso que os atletas assumam mais essa responsabilidade e demonstrem que nossas capacidades perduram por muito mais tempo do que já se imaginou e ainda se alardeia, e, mais que isso, que usufruam longamente de sua própria condição de exuberância física, e que não se envergonhem de ostentar através dos anos o vigor conquistado com muito suor e luta.

Gostaria de finalizar lembrando que nunca ouvi falar de algum jornalista que tivesse seguido a mesma recomendação que alguns tentam impingir aos atletas e parasse no ápice de sua própria carreira: estendam, até onde conseguirem, estes, que são os melhores momentos de suas vidas.