A EDUCAÇÃO A DISTÂCIA COMO “EDUCAÇÃO DAS POSSIBILIDADES”: O ACESSO E A PERMANÊNCIA DAS MINORIAS À EDUCAÇÃO.

A EDUCAÇÃO A DISTÂCIA COMO “EDUCAÇÃO DAS POSSIBILIDADES”: O ACESSO E A PERMANÊNCIA DAS MINORIAS À EDUCAÇÃO.

O acesso das pessoas menos favorecidas, bem como as de etnias diferentes dos estereótipos criados pela sociedade e pela mídia em especial, e também os que de certo modo, dependem da sensibilidade daqueles que acreditam em um mundo melhor, mais justo, fraterno e igualitário têm na educação a distância a oportunidade de ascender educacional e socialmente.

Por outro lado, a comunidade, por sua vez, não reconhece que a instituição escolar, mais precisamente a organização pública, pertence à comunidade e que esta precisa se adaptar as condições do individuo que habita aquele grupo social, favorecendo-os e fazendo-os crescer conjuntamente, daí se criar possibilidades e alternativas para a inclusão de todos, respeitando suas diferenças individuais e coletivas.

Nesse cenário, surgem as medidas governamentais para assegurar os direitos do cidadão e garantir o acesso do estudante egresso da escola pública, afrodescendentes, índios e pessoas com necessidades especiais ao ensino superior, o que deverá acontecer até 2015, segundo anteprojeto do Congresso Nacional que propõe a reserva de até 50% das vagas em instituições públicas de ensino superior a essa parcela da população, conforme se contata no site: http://www.adur-rj.org.br/mobilizacao_ja_25.htm, em matéria, cujo tema é “Câmara faz acordo para votar cotas nas federais”, 30.mar.2006, em consulta realizada em 17.jul.08.

Todavia, não será este anteprojeto a solução para todos os problemas, pois temos um grande número de pessoas que sequer concluiu o ensino fundamental, isto porque o analfabetismo ainda é um fantasma que assola as vidas das pessoas de grande parte deste País, em especial as regiões Norte e Nordeste e as de camadas desfavorecidas, em geral, causando desigualdade social, desemprego e miséria: fome, doença e a própria morte – física e intelectual, desses indivíduos que não têm a oportunidade de serem reconhecidos enquanto cidadãos brasileiros.

As atuais políticas versam sobre a erradicação do analfabetismo e a inclusão da diferenças pela unidade do Brasil, mas não conseguem atrair as pessoas às salas de aula, talvez pelos modelos escolares precários e pré-históricos ou porque seja mais cômodo ficar em casa e receber as supostas ajudas dos governos, que usam dessas práticas desde a época da Coroa.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE revelam que o percentual de analfabetos que freqüentam escola ou curso de alfabetização variou de apenas 1,0% em 1981 a um percentual igualmente ínfimo de 3,2% em 2005. Segundo reportagem sob título: “Somente 3,2% dos analfabetos estão estudando”, publicada no site http://folha.arcauniversal.com.br/integra.jsp?codcanal=988&cod=114550&edicao=777, em consulta realizada em 17.jul.08.

Segundo o IBGE, o Brasil tem 14,6 milhões de pessoas com mais de 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever, o que dá 11% da população adulta. Um motivo que explica a dificuldade de trazer a população para a sala de aula: mais de um terço dela – 38% do total, tem mais de 60 anos de idade. Esse grupo é o que menos procura os cursos de alfabetização. (idem)

Já para os que têm menos de 60 anos de idade, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP elaborou um estudo – apresentado aos governadores do Nordeste em janeiro de 2007, que traça o perfil desses analfabetos. De um grupo entre 15 e 60 anos de idade, 40% moram na zona rural, onde o acesso à escola é muito difícil; 38% têm mais de 30 anos de idade; e 48% já freqüentaram a escola. A maioria - 69% trabalha ou está procurando emprego. Ainda de acordo com dados do IBGE, cerca de 13% de toda a população brasileira, ou seja, mais de 16 milhões não sabem ler ou escrever. (ibdem)

Com este contexto fica complexo o ingresso dessas pessoas no ensino superior ou até garantir sua condição enquanto cidadão, visto que estão exclusos de um processo social produtivo.

Vale ressaltar que para as mulheres, negros, índios, surdos, cegos, cadeirantes, pessoas com Síndrome de Down e outros, denominados “minorias” pela sociedade, não estão nessas estatísticas apresentadas pelo IBGE ou pelo INEP o que dificultará ainda mais os mecanismos de inclusão educacional e social, embora se saiba que tais indivíduos são produtivos e possuem plenas condições de viver e ser útil à sociedade.

Nesse sentido, a inclusão total na sociedade das diferenças físicas, de gênero, pigmentação da pele, de culturas, de línguas, de idade, de religião e outras devem deixar de ser uma utopia e passar a ser uma realidade possível a todos e em todos os espaços, afinal a inclusão socioeducacional é uma questão de responsabilidade social.

Entretanto, as escolas da educação básica ao ensino superior, seja em qualquer modalidade de atuação, ainda caminham a passos lentos no que concerne à inclusão social e educacional.

Faltam instalações adequadas, recursos materiais e humanos qualificados para atender com precisão tais especificidades. Embora se saiba que nem toda pessoa com necessidade especial tenha condições de adaptação em escolas regulares, a percentagem que se encaixa nesta fatia ainda encontra dificuldade tanto na hora de encontrar vaga quanto no momento da socialização e da preparação adequada dos professores e dos demais profissionais da educação.

Todavia, nunca as discussões sobre inclusão socioeducacional estiveram tão em voga como na atualidade, seja na mídia, nas ações governamentais, da iniciativa privada ou nas escolas, o que tem favorecido na formação social individual e coletiva.

Sabe-se ainda, que falta muito para que realmente se transforme o cenário atual das exclusões, ainda que a inclusão social e educacional seja um dos aspectos para que se efetive a verdadeira cidadania, visto que uma pessoa consciente, madura e responsável respeita o outro, em suas habilidades e dificuldades físicas e intelectuais, pois é mais sensível, solidário e preocupado com o bem-estar da coletividade.

A Educação a Distância - EaD, nesse sentido, tem ido além, embora tenha sua trajetória histórica muito próxima da Educação Especial e da Educação Inclusiva, principalmente no que diz respeito ao preconceito e exclusão, todavia não há excluídos nesse modelo educativo. Chega-se onde a escola presencial não pode chegar; não vê cor da pele dos alunos, nem tampouco o classifica como branco, negro ou índio. Também não o classifica pelo gênero sexual ou o impossibilita de estudar porque sua idade já não o permite ir à escola e ouvir palavras desconfortáveis que o faz menor do que quando pensara em sair da sua casa e ir ao espaço escolar, sua condição financeira não é o agravante para que não estude e se aperfeiçoe, pois existem inúmeros cursos gratuitos, na modalidade a distância sendo oferecido, em especial na intenet, mesmo sabendo que o acesso a rede ainda é uma dificuldade nas casas brasileiras, vale salientar que nos bairros mais periféricos das cidades encontra-se uma lan hause a cada esquina, quando não é possível pagar, ainda assim, temos municípios estruturados com os denominados Telecent@s.

A educação a distância usa de recursos tecnológicos que possibilitam à adaptação a condição física, mental e de locomoção do indivíduo. A educação assistiva e uma dessas possibilidades; o material em Braille e em áudio tem favorecido o ensino-aprendizagem de cegos; os DVD´s e vídeos em geral em LIBRAS tem favorecido os surdos nesse processo de desenvolvimento; visto que na EaD o aluno não precisa se locomover até o espaço físico escolar, o cadeirante pode fazer uso desse instrumento para se desenvolver e se integrar ao universo dos saberes, da informação e do conhecimento.

A educação a distância também pode chegar a todo e qualquer lugar do planeta e o aluno pode estudar conforme sua organização temporal, logicamente respeitando prazos e limites, pois a avaliação é um elemento importante no fazer pedagógico da EaD, tanto quanto nos demais modelos educacionais.

Nesse contexto, segundo Horton(1994) acrescenta dois novos fatores a adesão à EaD:

“o contexto do aluno (ambiente, situação corrente e outras entradas sensoriais) e intelecto (memórias, associações, emoções, interferências e raciocínios, curiosidades e interesse). O aluno então desenvolve sua própria representação e a usa para construir novo conhecimento, em contexto, baseado em seu conhecimento anterior e suas habilidades.” Assim, “o conhecimento localizado é baseado no princípio do construtivismo, no qual o aluno ativamente constrói uma representação interna do conhecimento através de interação com o material a ser aprendido.” Em “Questões sobre Educação à Distância”, escrito por Lorraine Sherry (5/12/94). Capitulo “Teorias e Filosofias da Educação à Distância”, Acesso: http://penta.ufrgs.br/edu/edu1_2.html, em 17.jul.08

Logo, a EaD possibilita a inclusão das diferenças no seu processo educativo, basta determinação e empenho por parte do educando, respeitando sua limitação e seu progresso será garantido, visto que a auto-estima, a auto-avaliação, o autodidatismo e a dedicação ao proposto devem ser marcas constantes nesse modelo educativo que em nada deixa a desejar aos demais modelos de ensino-aprendizagem.

JOSÉ FLÁVIO DA PAZ
Enviado por JOSÉ FLÁVIO DA PAZ em 17/07/2008
Código do texto: T1084599