A família do crente

A vida humana tem início com o nascimento biológico. A forma mais comum é que esse fato resulte do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher. Em que pese a ciência moderna haver desenvolvido outros meios de fecundação, a presente reflexão toma como referência o modo tradicional, adotando o entendimento de que este é o que teria sido instituído por Deus, tomando como base, principalmente, os textos bíblicos de Gn 1:27-28, 4:1-2 e 5:1. Temos por objetivo o desenvolvimento de uma análise sumária referente à gênese da família do crente a partir de uma classificação biológico-espiritual, enfatizando a origem humano-divina do filho de Deus, a qual vislumbramos como a conditio sine qua non para o acesso ao reino celestial.

1. A classificação biológico-espiritual do homem. Mesmo entendendo que as classificações sejam sempre relativas, consideramos que, às vezes, elas podem nos ajudar na compreensão de certas relações que se pretende esclarecer. Nesse sentido, ousamos classificar o homem no que tange à sua origem biológico-espiritual, com a finalidade de evidenciar a importância que essa origem tem na formação da família de Deus.

É de ver que o homem, apesar de ter dependido de apenas uma pai para vir ao mundo, ao longo de sua vida pode não somente perder esse pai primitivo, como também pode adquirir outras filiações, permitindo-nos, desse modo, classificá-lo quanto à quantidade de pais que possa ter. Nesse sentido, distribuímos o homem em três grandes grupos: a) aqueles que não possuem nenhum pai (sic); b) aqueles que possuem apenas um; e, c) aqueles que possuem dois ou mais.

a) Os filhos sem pai. Na verdade, biologicamente, não se pode dizer que alguém não tenha um pai. Mas o sentido que atribuímos à palavra pai está relacionado não apenas com o ato de contribuir para a vinda ao mundo, mas principalmente pelos atos de amar, zelar, sustentar, educar e encaminhar para a vida, tanto terrena, quanto espiritual. Nesse grupo estão enquadrados os filhos abandonados. Aqueles que foram postos no mundo por alguém, mas que não receberam os cuidados de ninguém em especial, aos qual pudessem chamar de pai.

b) Os filhos de um único pai. Aqui estão aqueles que, ou nasceram no seio de uma família ou foram adotados por alguma. Foram pessoas que, pelo menos em algum momento da vida, puderam receber de alguém em especial, o carinho paterno, com o qual passou, tanto os bons, como os maus momentos da vida.

c) Os filhos de dois ou mais pais. Esse é um grupo especial. Aqui estão os filhos de Deus, aqueles que tiveram duplo nascimento, ou seja, o carnal e o espiritual. Estes são popularmente conhecidos como “crentes em Jesus”, pelo fato de tê-lo recebido como Senhor e Salvador.

2. A origem humano-divina do filho de Deus. Os crentes são pessoas muito especiais: nasceram duas vezes. À exceção do primeiro Adão, todas as demais pessoas naturais, tiveram pais biológicos. Mas o crente é uma pessoa diferente. Depois de haver nascido biologicamente, ele passou por um processo que a bíblia chama de novo nascimento, através do qual ele obteve o privilégio de ser feito filho de Deus (Jo 3:1-7).

Como assim? Não somos todos filhos de Deus? Não é ele o pai de todos nós?

Infelizmente as respostas bíblicas para estas perguntas são negativas. Embora Deus seja o dono de todos, por conta de ser o Criador de todas as coisas, haja vista que todas foram feitas por intermédio dele e, sem ele, nada do que foi feito se fez (Ez 18:4; Ml 2:10; Jo 1:1-2), nem todos são filhos de Deus.

É de destacar que o homem foi criado com o livre arbítrio, com a faculdade de escolher a quem iria servir e obedecer (Js 24:15). Ao dotá-lo de tal atributo, o Criador lhe educou para fazer a boa escolha, como sempre fez ao longo da história humana (Gn 2:16-17; Lc 10:42). Infelizmente, o homem não teve o domínio próprio sobre sua vontade (Gl 5:23). Tempos depois de sua criação, transgrediu a ordem divina (Gn 3:6). Imediatamente vieram as conseqüências, dentre as quais, a morte física e espiritual (Gn 3:7-24; Gn 5:5; Rm 5:12).

Vivendo o estado de decaído, o homem se afastou cada vez mais de Deus, passando a servir a si mesmo, segundo os seus próprios raciocínios e pensamentos (Is 65:2; Rm 2:15; 2 Co 10:15; Ef 2:3), mas, principalmente, fazendo a vontade do maligno, recebendo por conta disso, a designação de filhos da ira e até mesmo do diabo (Jo 8:44; 1 Jo 3:10).

Para resolver o problema da rebeldia humana, Deus preparou um plano de salvação, o qual consistia no envio de seu único filho ao mundo, de tal sorte que todos aqueles que o recebessem como Senhor e Salvador pudessem ser considerados como filhos de Deus. Seriam renascidos pela vontade divina (Jo 1:11-12; 3:16; Rm 10:9-10).

O plano foi executado por Jesus. De sorte que, se alguém está em Cristo é nova criatura. As coisas velhas já passaram. Eis que tudo se fez novo (2 Co 5:17).

3. A conditio sine qua non para o acesso ao reino celestial. O reino dos céus também é um lugar especial. Não somente o Todo Poderoso está ali assentado, como também é lá que Jesus foi preparar um espaço para que os filhos de Deus, aqueles que renasceram da Palavra Divina e, por conta disso, se tornaram cidadãos do reino dos céus, possam também habitar (Jo 14:1-3).

Deus deseja que todos os homens venham adquirir o seu direito de estar ali. Ele não quer que se perca nenhum daqueles que criou (Ez 18:32; 2 Pe 3:9). Acreditamos também que nenhuma pessoa de bom senso não queira ir para o céu.

Diante disso, faz-se necessário que todos compreendam bem a importância do novo nascimento, do recebimento de Jesus como Senhor e Salvador, porque, segundo as palavras do próprio Filho Unigênito, não há outro meio de se chegar ali (Jo 14:6; At 4:12).

Conclusão. Por todo o exposto, não resta dúvida que uma boa compreensão a respeito da gênese humano-divina do homem é de suma importância para aqueles que desejam fazer parte dessa família que um dia haverá de habitar para sempre no reino dos céus. O nosso desejo é que você queira se juntar aos milhares que já tomaram essa decisão e que hoje são cidadãos do reino dos céus e concidadãos da família dos santos. Se ainda não fez essa escolha, hoje é o dia de salvação (Jo 17:14-16; Fp 3:20; Ef 2:19).

Que Deus complete o nosso entendimento.

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IZAIAS RESPLANDES DE SOUSA é professor de Matemática, Pedagogo, acadêmico de Direito (9º. Semestre) da UNIC - Primavera do Leste (MT) e membro da Igreja Neotestamentária de Poxoréu, MT. Blog: www.respland.blogspot.com. Fundador e membro da UPE – União Poxorense de Escritores, Poxoréu, MT.