ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS - O EXEMPLO DO CHILE

A leitura da ascensão à presidência da República do Chile de Michele Bachelet é muito mais eloqüente do que a de Morales, Chavez ou do próprio Lula.

Uma mulher culta, sem religião, num país conservador, foi eleita num desenho paradoxal defronte daqueles outros líderes populistas não tão bem preparados.

O fato de ser filha de um mártir da ditadura teria pesado na decisão do povo chileno? Seria ele mais relevante do que o de ser mulher numa sociedade conservadora e machista?

O povo chileno dá mostras de maturidade política que não vemos em outros países sul-americanos governados por pessoas despreparadas, onde predominam rancores e desentendimentos insuperáveis.

O socialista moderno é muito diferente do esquerdista barbado da década da sessenta que combatia a intolerância militar com a própria, e agora é pagina virada em nossa história. Ele se preocupa com o social, e há muitas empresas responsáveis que fazem hoje um trabalho que governo nenhum consegue sequer chegar perto.

Por este motivo, um país como o Brasil caminha, por conta de um povo trabalhador e de empresas responsáveis, apesar dos governos e dos políticos, sempre empertigados nos palanques da vida, como aqueles pobres líderes estudantis da década de sessenta que foram devorados pelo próprio discurso oco e vago.

Muitos políticos parecem atores de telenovela que representam papéis que na vida real jamais poderiam desempenhar. Assim, um ator que nunca cursou uma faculdade desempenha o papel de um economista, um administrador, um professor, um gestor público. Isto porque a política, que deveria ser a arte de gerir o bem comum, passou a ser a arte de chegar ao poder e permanecer nele, discursar e predicar, iludir e mentir, candidatar-se e eleger-se vitaliciamente.

Em algum momento a reversão deverá ser iniciada e pessoas que não necessitem da política como profissão, como meio de sobrevivência, por já terem percorrido uma trajetória que lhes permita colaborar voluntariamente com a Nação, alistar-se-ão numa cruzada de moralidade e de seriedade, pois o governo não é nenhum partido, nenhuma pessoa, o governo é o povo que haverá de resgatá-lo.

A esperança do povo brasileiro é que a política influa cada vez menos na economia e na sociedade civil que vai tomando, aos poucos, as rédeas de seu próprio destino.

Talvez, no futuro, tenhamos por aqui a nossa própria Bachelet.

Nagib Anderaos Neto

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Nagib Anderáos Neto
Enviado por Nagib Anderáos Neto em 07/02/2006
Código do texto: T109030