O projeto do sonho da vida

A concretização de um sonho na maioria das vezes leva uma vida inteira. Isso requer da pessoa que, após eleger aquilo que será a razão de sua existência, envide em tal objeto todos os investimentos possíveis para a sua realização. Destarte, é bom que não haja desvios. Havendo-os, ocorrerão atrasos e, em muitos casos, o projeto ficará totalmente inviabilizado. Por isso é importante pensar bem antes de tomar a decisão, antes de escolher o sonho especial, para que não ocorra de se ter corrido em vão. O tempo que passa não se recupera. A caminhada na direção errada estará perdida para sempre. Veja-se, portanto, que antes de avançar um passo sequer, se tenha o cuidado de sentar e planejar toda a seqüência dos atos que serão necessários para atingir os objetivos desejados. Isso será imprescindível para que se tenha um bom êxito no empreendimento.

Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz (Lc 14:28-32).

Não se pode perder de vista o fato de que a realização de um sonho seja uma verdadeira guerra, composta de muitos embates. Desejando ser bem sucedidos na empreitada, deve-se ter um projeto de vida muito bem elaborado. Há que se ter bem definido, por exemplo, o que se quer e o porquê desse querer, bem assim, o que se fará e o como se fará para alcançá-lo, ou seja, quais são os objetivos, as justificativas e os caminhos a serem percorridos para tornar o sonho da vida uma realidade.

Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou (2 Tm 2:4).

A falta de clareza na definição dos alvos poderá implicar em afastamentos do caminho desejado. Muitos têm feito assim e se perderam. São tantos os exemplos nessa ótica, mas certamente o que denota isso com mais clareza é o caso de “Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Jd 1:7).

É de observar que a falta de objetivos conduz a um caminhar vago, onde não se sabe para onde se está indo. Nesse sentido todo caminho é caminho. E é por isso que muitos preferem seguir essa jornada sem compromisso, onde cada um faz o que bem quer e como quer. Todavia, é muito perigoso caminhar às cegas. A jornada pode terminar em algum dos tantos abismos que existem pela frente. De tal modo, não seria prematuro dizer que aquele que se conduz dessa forma, seja, no mínimo, um insensato, haja vista que o caminho do cego está em uma trajetória de colisão com a perdição, tanto material como espiritualmente falando.

Queres seguir a rota antiga, que os homens iníquos pisaram? Estes foram arrebatados antes do tempo; o seu fundamento, uma torrente o arrasta (Jó 22:15-16). Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela) (Mt 7:13). Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco (Mt 15:14).

Além de se definir o que se quer fazer na vida, também deve ser explicitado os porquês desse querer. Isso é muito importante, pois dará segurança para a execução das ações futuras. Não se deve agir como meninos, os quais são levados de um lado para outro por qualquer vento motivador. Deve-se caminhar com plena convicção de que não existe outra coisa melhor para se fazer do que aquilo que se está fazendo. Ao ser argüidos sobre os seus motivos, o conquistador deve ter uma resposta à altura. Como é ruim ver os filhos dizendo que não fazem isso ou aquilo porque “meu pai” ou “minha mãe” não deixa. Ou ainda pior: “não faço porque minha igreja não permite”. Essa argumentação é frágil por demais. E a vida de uma pessoa fundamentada em alicerces tais poderá ser ceifada por qualquer inimigo mais bem preparado.

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pe 5:8).

Se agir ou omitir nisso ou naquilo, que não seja porque os pais ou a igreja não permitiram, mas porque se entendeu que deveria ser dessa ou daquela maneira. Ninguém deverá responder pelos erros a não ser aqueles que erraram, ainda que outros possam tirar proveito dos acertos. É de péssima educação buscar jogar em cima dos outros a culpa pelos atos impensados. Isso é altamente passível de crítica. Nesse sentido, é bastante didático ver o que aconteceu em conseqüência do jogo de empurra-empurra que se deu no Jardim do Éden logo após a queda de Adão e Eva.

E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3:9-19).

Não se deve olvidar de que cabe a cada um, com exclusividade, a responsabilidade por aquilo que praticar. Toda a recomendação é para induzir no sentido de que se deva preparar adequadamente para enfrentar o futuro desconhecido, a fim de que não seja pego desprevenido. Do ponto de vista material, aquele que possuir um bom planejamento terá muito mais possibilidades de sucesso do que qualquer outro que não tenha nada na mão. E do ponto vista espiritual, há diversas orientações no sentido de que se busque a devida qualificação para enfrentar as hostes espirituais do mal.

Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus (Am 4:12). Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Tm 2:15).

Também é de se perguntar para onde se está indo: se para os céus, se para Roma. O ditado popular diz que todos os caminhos levam à grande cidade, chamada por muitos de “a grande Babilônia”, no sentido de que qualquer caminho leva para lá. Por outro lado, as reflexões mostram que esse “qualquer caminho” poderá levar, na verdade, ao abismo de perdição. Portanto, há que se ter cautela. Mesmo que aos olhos o caminho pareça bom, não se olvide de que às vezes as aparências enganam. Há somente um caminho que levará o homem ao nosso destino. À sua seleção se oporão todas as demais possibilidades. Se um caminho é o melhor, os outros não poderão ser. É de ver que se está falando da vida, um dos bem mais preciosos. Nesse sentido, não se pode tratar o assunto como se fosse uma questão de múltipla escolha. Há que tão somente seguir o caminho certo e, portanto, necessário se faz saber qual seja ele.

Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição (Ap 14:8). Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte (Pv 14:12). Para o sábio há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o inferno, embaixo (Pv 15:24). Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim Jo 14:6).

Assim deverá ser o planejamento do sonho da vida, cuja importância e imprescindibilidade deverão ser reconhecidas, a fim de que se possa ao término da carreira, não somente ser considerados individualmente bem sucedidos, como também ser elogiados por se ter levado outros tantos companheiros a lograrem dos bons resultados de seu trabalho. Aí, sim, poder-se-á dizer juntamente com Paulo: “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4:7).