Um «Plano de Normalizaçom Linguística» plano (como o encefalograma dos mortos).

José Manuel Barbosa

A semana passada deu-se a conhecer aos média o novo PLN (Plano de Normalizaçom Linguística) no qual em 445 medidas se tenta superar a perda de usuários da língua dos galegos (palavras textuais do Jornal galego em espanhol"La Voz de Galicia") sendo curioso que só uns dias antes se comentava em ambientes jornalisticos que a língua ganhava falantes.

Em qualquer caso, a Voz do dia 12 de Setembro do 2004 dizia que na última década o galego tinha perdido o 6% dos seus utentes embora nunca a “Xunta da Galiza” (o Governo autônomo do meu país) tenha negado a “eficácia” da sua política linguística levada a cabo nos últimos 25 anos, época histórica na qual, segundo os dados da UNESCO, a língua chegou ao ponto de ficar em perigo e -segundo os linguistas-, ter perdido mais usuários do que em qualquer outra época histórica anterior de cinco séculos para hoje.

Curioso, pois é a etapa na que leva existido umha autonomia política e administrativa na Galiza-governada polo mais ranço franquismo, tudo há que dizê-lo-, isto é, desde que existe umha política linguística para o galego-português da Galiza.

Portanto, acho que embora haja umha RTVG, algum jornal que se diz em galego, aulas de e em galego estamos no mais fundo e no mais obscuro beco dos séculos obscuros do ponto de vista linguístico; havia mais falantes e de melhor qualidade nos séculos XV, XVI, XVII, XVIII ou XIX na Galiza, ou mesmo nos começos do passado século XX, dos que há hoje.

Quando a começos de 80 o PP (Partido Poluar Español) ganhou as primeiras eleiçons autonómicas e se fijo com o poder político galego, tivo a responsabilidade de levar a cabo umha política linguística porque assim lho impunham as circuntâncias históricas, nom por ideário, e da qual podemos ver os seus frutos agora. Nom é um fracasso, mas um grande sucesso da sua política e nom foi por casualidade que se escolhesse o "Corpus linguístico" que se impujo por decreto no 82, e posteriormente as suas 18 reformas. Nom foi por casualidade a discriminaçom e, às vezes, a perseguiçom obsessiva e própria de épocas pré-democráticas do “lusismo”; nem também nom foi por casualidade permitir um péssimo galego na TVG, mesmo do seu próprio ponto de vista léxico-gramatical, e nom tolerar o mais mínimo giro considerado “lusista” ou desviado dos seus parámetros; nem foi nunca casualidade fomentar uns médios audiovisuais com conteúdos nos que a língua fosse tratada com o máximo dos desrespeitos, onde as falas grosseiras e toscas fossem modelo, falas muitas vezes relacionadas com um mundo que em nada tem a ver com o da cultura e sim com o populacheiro e o tavernario, mas nunca como no País Basco ou na Catalunha no que a língua é tratada com respeito e destinada para a cultura, a modernidade, a juventude, o progresso e o futuro. Daí o incomodo do franquismo mais rançoso polo avanço do basco e do catalám nos seus respectivos países.

Será por todo isso polo que o representante da política linguística do PP anunciou que o seu partido apostava pola afabilidade da língua? Que é segundo ele e o PP a afabilidade da língua? Quiçá umha actitude evangélica de recebermos umha pancada na face e termos de pôr a outra meixela enquanto o espanhol ganha falantes monolíngues na Galiza em detrimento do galego, que os perde mesmo bilíngues? É esse o bilinguismo harmónico que defendeu sempre o PP? Por outra parte, se todos os estudos sócio-linguísticos afirmam ser impossível a concorrência entre duas ou mais línguas num único espaço geográfico a médio prazo e dum ponto de vista social ou socialitário (nom individual), qual é a língua que se deve preferenciar como língua veicular e de comunicaçom habitual dos galegos?

Que nós preferenciemos o galego-português da Galiza (ou também chamado galego, ou mesmo também denominado Português da Galiza) nom empece que tenhamos e devamos possuir outras línguas secundárias como o inglês ou o espanhol por razons de utilidade prática e por vivermos num mundo interconexionado e interrelacionado entre si, igualmente do que em qualquer país civilizado. Acho.

Quiçá o PP busque um monolinguismo em espanhol empobrecedor, frustrante e aniquilador com o intuito de banir da Galiza a língua dos galegos?

Os dados do inquérito que nos anuncia o representante da administraçom nos média nom os sabemos, entretanto as medidas do PNL apontam 445 acçons para travar a perda de falantes em galego; ora bem, quantas acçons estám a ser implementadas para que o número de falantes da nossa língua seja muito menor dentro doutros 20 ou 25 anos? É o fazer que se fai aos olhos do cidadao para nom fazer nada, para finalmente ser o caminho do galego o da extinçom e o seu destino futuro o mesmo do que tantas línguas mortas que hoje existem?

O posicionamento dos grupos parlamentares com representaçom na câmara autonómica concordam com este plano embora manifestem discordâncias de fundo:

Enquanto o BNG (Bloco Nacional Galego) critica o bilinguismo harmónico favorável ao espanhol, embora por razons de inconsciência seja o primeiro em praticá-lo junto com o seu ideal para o galego de língua menor, o PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) está a mexer-se nas suas contradiçons internas e o PP a defender a inutilidade da língua sem deslocar a posiçom secundária e de língua B do galego. Porquê, portanto, lhe dá agora ao PP a febre dum Plano de Normalizaçom Linguística? Porquê agora e nom antes? Houvo que aguardar a perda de falantes para isso e ser publicitado nos jornais do mesmo jeito do que a própria UNESCO ter dito no 2001 que a língua dos galegos está entre as que correm perigo e extinçom? Supom este plano mais umha volta de parafuso para o banimento da nossa língua do nosso país? Do nosso ponto de vista é mais da mesma medicina da que levamos tragado a grandes grolos desde os começos de 80. Deus nos colha confessados!!

25 de Janeiro de 2005

Jomaba
Enviado por Jomaba em 13/09/2008
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