MEDICINA & SAÚDE S/A.

No códico de Hamurábi, gravado em predra na Babilônia a mais de quatro mil anos, está a tabela de preços da saúde da época: "Para tratar um ferimento ou extrair um abscesso de um olho eram cobrados dez moedas de prata se o paciente fosse um ricaço, cinco moedas se fosse alguém remediado e duas moedas se fosse um escravo. Por sua vez, os médicos também eram punidos quando fracassassem. Se causasse a morte ou cegueira de um ricaço, por exemplo, teria sua mão decepada".

Atém bem pouco tempo, nossos pais e avós se beneficiavam do médico da família ou do bairro. Ele disgnosticava a enfermidade e receitava os remédios que seriam aviados pelo farmacêutico local.

Em nossos dias são raros os médicos da família ou do bairro e o doente já nem mais sai do consultório com a receita dos remédios. O médico pedirá vários exames, radiográfias, hemogramas, etc. As possibilidades de cura, naturalmente, são maiores, mas o preço a pagar é sempre uma incógnita. Os honorários médicos continuam sendo influenciados pela importância social do paciente.

Durante muitos anos a medicina foi considerada um sacerdócio, mas no mundo mercantilizado em que vivemos, esta máxima já não tem sentido. O médico precisa viver, pagar suas contas, morar dignamente e ter, na profissão, um estímulo que lhe permita progredir e melhorar de vida. Numa sociedade capitalista como a nossa, o lucro - no caso do médico, o honorário - é a mola mestra do desenvolvimento. O grande problema é, como sempre, a ganância que leva muitos médicos a uma preocupação demasiada com o pecuniário em prejuizo da saúde do paciente.

Na sociedade urbano-industrial, a pratica da medicina existe sob três formas: 1/ A tradicional atividade autônoma do profissional liberal; 2/ As sociedades hospitalares, onde os profissionais, geralmente, são assalariados; 3/ As organizações estatais que, no Brasil, fica dependente da vontade política, geralmente contaminada pelo vírus da corrupção.

O empresário de assistência médica e o profissional médico são duas categorias distintas, com comportamentos bem diferentes, mesmo quando o empresário é diplomado da área medicinal. Para o empresário a saúde é a mercadoria geradora de lucro. Já o cuidado médico é uma simples relação de troca entre médico e paciente, cujo produto do seu trabalho vem em forma de salário.

Os planos de saúde são uma categoria à parte. São organizações financeiras cujo único objetivo é o lucro eaí o paciente paga em dobro.

Além de manter o médico, o consultório, a clínica e os profissionais paralelos, tem de manter o financiador com todos os seus lucros exorbitantes e custos burocráticos, principalmente de cobrança.

A máquina humana é perfeita e, portanto, dificilmente adoecerá. As doenças são resultantes da nossa desadaptação da natureza para a sociedade urbano-industrial que foi muito rápida. As práticas atuais da medicina de consumo acabam poluindo o organismo com excessos de medicamentos e exames desnecesários. Viramos cobaias dos laboratórios. Existe escesso de drogas medicinais, muitas com a mesma fórmula e com grife e preços diferentes. Com o surgimento dos antibióticos o problema tornou-se muito grave. A pílula milagrosa criou uma enorme dificuldade que estamos tendo de enfrentar agora: a resistência de certos tipos de viros e bactérias a todos os medicamentos conhecidos. A indústria farmacêutica continúa vendendo tudo o que pode e não está desenvolvendo pesquisas satisfatórias sobre o assunto. O viros e bactérias resistentes viajam de avião e em alguns poucos anos estarão espalhados por todo o planeta. As faculdades deveriam orientar a formação de profissionais de medicina no sentido de coibir os abusos com excessos de medicamentos que acabam por piorar a saúde dos pacientes e só servem aos interesses lucrativos da indústria e do comércio da área medicinal.

É difícil compreender o fato de que existem milhões de pessoas morrendo de fome, tuberculose, gripe, câncer e tantas outras enfermidades da vida moderna, enquanto se gastam fortunas em Check-ups periódico em busca de doenças imaginárias. Não há dúvidas de que o Check-up é útil e muitas vezes necessário, mas é apenas para quem pode pagar.

A verdade é que a medicina tornou-se complexa por demais. O médico tem de trabalhar em equipe de profissionais de várias especialidades, dotadas de infra estrutura hospitalar de enfermagem e apoio financeiro. Os equipamentos para exames são muito caros e somente uma organização empresarial pode adquiri-los. O médico está se transformando em equipamento de apoio à máquina que diagnostica e até trata a enfermidade.

Apesar de todo este aparato da modernidade, o erro médico é maioria em danos provocados em pacientes, diz um estudo do pesquisador Walter Mendes da Fundação Osvaldo Cruz que em 2003 analizou 1103 prontuários em três hospitais do Rio de Janeiro e encontrou uma taxa de incidência de 7,6% do evento adverso, que é qualquer dano não intencional que resulta em disfunção, prolongamento do tempo de internação ou morte do paciente. Segundo ele, as fichas dos pacientes não são mais recentes porque se eles ainda estivessem internados as informações não poderiam ser analizadas. O percentual é similar ao encontrado em estudos semelhantes em outros países.(Fonte JC OLINE - saúde).

O Brasil tem escolas de medicina onde o ensino é considerado de primeiro mundo, mas infelizmente, a saúde é uma área que recebe poucos investimentos. Uma das principais dificuldades é o mercado de trabalho saturado nas grandes cidades e carente nas pequenas cidades do interior do país. Deveria haver incentivo do governo federal para melhor distribuição de bons profissionais em todo o território nacional.

Nicéas Romeo Zanchett - artista plástico

http://www.artmajeur.com/niceasromeozanchett

Romeo
Enviado por Romeo em 29/09/2008
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