CONTA CERTA (energia). Será?

CONTA CERTA -Bandeirante Energia; bom para o cliente, ou não?

É uma iniciativa revolucionária que tem tudo para dar certo. Porém, experiências anteriores nos mostram outra realidade. A cultura brasileira é complexa e a maioria pensa apenas em levar vantagem. A propaganda na mídia sugere medida inteligente, mas uma das imagens pode até configurar-se como propaganda enganosa. Se a vantagem for de mão dupla, tem sucesso garantido; do contrário, tem tempo certo de duração.

Para o cliente, cujo consumo médio mensal seja superior a 220 Kw, não haverá problema. Para a média inferior a 200 Kw, também. Mas, para aqueles que oscilam entre 190 e 230 Kw, é complicado. Dependendo da opção do cliente, e da média real obtida no final do período, poderá haver uma diferença significativa que comprometeria, inclusive, o orçamento do próximo período. A única vantagem evidente é o valor fixo contratado que facilita a programação das despesas.

O otimismo leva a empresa a encarar o produto como medida de inteligência. Idéia básica, inclusive, da propaganda veiculada na mídia. Embora a imagem de uma mulher sob o chuveiro não seja exatamente uma proposta sugestiva de economia, porque a impressão que o quadro passa é de que não seria preciso preocupar-se com o uso do aparelho, como se isso não afetasse o valor do consumo. O que ocorre, porém, é que embora não afete as contas certas com valor pré-fixado, durante o período do contrato, o medidor continuará registrando fielmente o consumo e, no dia da leitura para acerto final, constatará a diferença entre a média estimada e a real. Assim esse quadro configuraria, talvez, propaganda enganosa que, assim sendo, não deveria ter sido veiculada assim.

Entretanto, a iniciativa tem fundamento e parece ter sido esmiuçada em todos os detalhes, para evitar surpresas desagradáveis. Assim, possibilidade de fracasso é algo que não passa pela mente dos patrocinadores da idéia.

É algo realmente revolucionário no setor e tem tudo para dar certo. Porém, experiências anteriores com medidas parecidas (faturamento médio trimestral) nos mostram outra realidade. A cultura brasileira é complexa, seu dia a dia inconstante e o paternalismo arraigado. A maioria pensa apenas em levar vantagem. Qualquer coisa fora dos seus padrões de interpretação é encarada negativamente. Um acerto final que obrigue o cliente a tirar dinheiro do bolso não será bem aceita e motivo certo de discórdia - mesmo com o contrato prevendo isso. Se, nos finais de contratos, esses problemas começarem a estampar os noticiários, a imagem da empresa estará em jogo. Se nada disso acontecer, melhor para ela. Se acontecer, pior para todos!

Sendo uma proposta e não uma imposição, cabe a cada um avaliá-la pelo seu ponto de vista e tomar a decisão mais inteligente possível. Todos investem numa boa idéia. Se a empresa investiu, é vantajoso para ela que, obviamente, conhece seus benefícios. O cliente que adota a idéia também não pensa diferente, mesmo não vendo suas vantagens reais com clareza.

Mas, como sempre, o veredicto final é do cliente. Nem poderia ser diferente! Porque o cliente sempre tem razão e a empresa, na certa, aposta nisso!

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 08/03/2006
Reeditado em 12/03/2006
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