PROPOSTA POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA ORDÁLIA MACHADO 2008

E.M.E.F. ORDÁLIA MACHADO

PROPOSTA POLÍTICA

PEDAGÓGICA DA

ESCOLA ORDÁLIA MACHADO

Documento elaborado para regimentar o Projeto Político Pedagógico do Ensino Fundamental deste Estabelecimento de Ensino apresentado a Secretaria Municipal de Educação e posteriormente enviado ao Conselho Municipal de Educação para aprovação.

São Borja - 2007

SUMÁRIO

CONTEXTUALIZAÇÃO.........................................................................................................04

HISTORICIDADE DA ESCOLA............................................................................................05

REALIDADE ATUAL..............................................................................................................07

JUSTIFICATIVA......................................................................................................................09

EXPLICITAÇÃO DAS CONCEPÇÕES E TEORIZAÇÕES..............................................10

OBJETIVO GERAL.................................................................................................................11

OBJETIVO EXPECÍFICO......................................................................................................11

ESTABELECIMENTO DE METAS, TEMPOS, ESPAÇOS E OPÇÕES METODOLÓGICAS................................................................................................................12

ORGANIZAÇÃO DE RECURSOS.........................................................................................13

AVALIAÇÃO DO PROCESSO...............................................................................................13

ANEXOS....................................................................................................................................15

CONTEXTUALIZAÇÃO

Neste mundo informatizado, tecnológico digital, onde valores como competitividade, individualismo, globalização, estamos vivendo uma fase radical do capitalismo o neoliberalismo, onde só sobrevive o mais forte, uma sociedade que ameaça a sobrevivência do planeta, do próprio homem. A sociedade brasileira mudou muito em alguns anos, num país agrícola onde grandes latifundiários organizam-se defendendo seus interesses, há um contraste com os sem terras que também lutam pelos seus e por políticas mais sérias. A escola deve intermediar esses conflitos políticos e sociais proporcionando sempre decisões democráticas por parte dos alunos.

A nossa região, geograficamente é uma região de fronteira com a Argentina, grandes distâncias a separam de outras. Historicamente foi palco de guerra e revoluções. Do ponto de vista econômico, faz parte da região pobre do Estado. Em política, sobre tudo partidária, é região de tendência conservadora e resistente a mudanças sociais. Socialmente, abriga uma sociedade desigual, entre ricos e pobres, entre centro e periferia, entre meio urbano e meio rural. Educacionalmente possui enorme população estudantil, servidas por rede de escolas dos três níveis.

Nossa cidade que já foi uma referência política com dois ex-presidentes, um deles inclusive criou leis trabalhistas, favorecendo a classe operária com direitos antes nunca vistos. Já fomos a “Capital da Produção” onde o setor agrícola era forte e valorizado, trazia muito progresso para o nosso município. Hoje convivemos com a desvalorização da agricultura, com agricultores falidos o que reflete diretamente em nossa comunidade, que vem sofrendo com a evasão dos moradores para grandes centros, na busca de uma vida melhor que possa ser associada ao trabalho. Estes são fatos que vêem refletindo visivelmente em nossa escola ano a ano com a redução de alunos.

Já que é inevitável que isso aconteça procuramos trabalhar a capacidade dos alunos de discernir o que é melhor para si, mesmo que seria impossível retroceder a história e os acontecimentos que fizeram a situação chegar aonde está. O que podemos fazer é revisar valores, aprofundar a humildade que permite reconhecer erros.

Segundo Paulo Freire a escola deve ter uma função conscientizadora, um posicionamento político, mesmo dos tímidos, respondendo o que queremos alcançar, dizendo respeito ao tipo de homem, de sociedade, vai se construindo e se reformulando. Essa concepção propõe transformações, trabalha-se o presente com visão no futuro desejável.

HISTORICIDADE DA ESCOLA

Há muitos anos esta escola já funcionava em casas de família, era particular, ou seja, cada aluno pagava pelas aulas que recebiam, não haviam salas separadas para cada série. Uma só professora atendia a várias turmas.

Aqui no Rincão do Meio a primeira professora a ministrar aulas foi Ordália Machado, na residência de seu irmão Pulchério Aranda Machado.

Com o tempo a escola melhorou, o município construiu instalações apropriadas para o atendimento dos alunos e regulamentou as escolas que já funcionavam.

Em 02 de junho de 1968, foi inaugurado no Rincão do Meio, a Escola Isolada Osvaldo Cruz, contando com um prédio em alvenaria com 02 salas de aula, numa área de 2 hectares de terra, doada pelo senhor Pulchério Aranda Machado.

Nessa época, a escola funcionava de 1ª a 4ª série, com 2 professoras, sendo elas Maria Silva do Prado e Maria Silva Barcelos.

Dois anos após, foi designada para atuar a professora Jurema Diniz Amarilho, contando assim com um corpo docente formado por 3 professores.

Em 08 de setembro de 1975 sob decreto nº 1.068, a escola passou a ser denominada Escola Municipal Isolada “ORDÁLIA MACHADO”, e através da portaria de autorização e funcionamento da SEC, nº 12.588 de 21.07.78.

Depois de muita luta empreendida pelos professores e comunidade, foi criado pelo decreto nº 1.717 de 04.08.81, a Escola Municipal de 1º Grau Ordália Machado. E sob o decreto de alteração de designação do CEED nº 6.971, de 02.08.99 passou a chamar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Ordália Machado.

A primeira turma a concluir a 8ª série neste estabelecimento foi no ano de 1979, constando de vinte e quatro concluintes. Por esta escola também passaram alunos os quais continuaram se especializando e voltaram a esta, como empregados.

Desde o início da década de 80 a escola já implantava uma turma de Educação Infantil ou Pré-escola, somente no ano de 1999 a Educação Infantil foi regularizada e passou legalmente fazer parte do currículo escolar.

Nesta escola além de várias árvores existentes plantadas por professores, alunos e comunidade, existe próxima a escola uma árvore cinqüentenária denominada “Figueira”, a qual foi plantada por pessoas que hoje lembram desse ato: Sr. Vergílio Cunha e a Sr. Joana Martins.

Esta escola como sendo o ponto de referência principal da comunidade, consta de um galpão de festas onde já realizou várias promoções freqüentadas por pessoas da comunidade e comunidades vizinhas.

Também foram realizados vários desfiles Cívicos, constando da presença de autoridades civis e militares.

A escola promove anualmente sua promoção de aniversário com vários atrativos e visitas de escolas vizinhas no inicio do mês de junho. Neste ano de 2007 completará seu 39º aniversário.

Nas décadas de 70, 80, 90 e 2000 vários professores e funcionários prestaram seus serviços a este estabelecimento de ensino, sendo que a maior parte destes, não eram moradores desta localidade, assim não permanecendo nesta por muito tempo.

Como esta escola está localizada no meio rural a 64 quilômetros da sede do município de São Borja, e como o interior concentrava o maior número de habitantes, hoje devido à migração do povo do interior para a cidade o número de alunos desta, em décadas anteriores era maior do que atualmente.

Os alunos que nesta concluíam o Ensino Fundamental antes do ano de 2000, para ter continuidade de seus estudos teriam que estudar na cidade. No ano de 2000 o Ensino Médio foi implantado na localidade de Timbaúva tendo como nome o estabelecimento de ensino, E.E. de Ensino Médio Timbaúva, sendo esta comunidade vizinha de nosso educandário.

Muitos dos moradores de nossa localidade foram alunos de nossa escola, alguns não chegaram a completar o ensino fundamental, hoje são pais de alunos.

A partir de 2007 foi implantado nesta escola o sistema de ensino de nove anos e extinguido neste ano a 1ª série, e cada ano será extinta uma série, até desaparecer o seriado e ser oferecido o sistema de primeiro ao nono ano até 2014.

Segue em anexo no final deste projeto alguns documentos comprovando fatos citados neste contexto histórico.

REALIDADE ATUAL

Atualmente a escola está organizada com um quadro funcional de nove professores, quatro funcionários e cinqüenta e seis alunos, distribuídos entre o turno da manhã e tarde.

A escola enfrenta diversas dificuldades, entre elas a principal é a diminuição gradativa do número de alunos, fator este ocasionado pela pouca oferta de trabalho às famílias, o que faz com que estas migrem para outras localidades e até mesmo para a sede ou outros municípios em busca de melhores condições, além destas, existem outras como a falta de material de informática para trabalhar com os alunos, pois, com a globalização, a prática da informática serve como instrumento de preparação para o trabalho; a pouca variedade em livros de literatura infanto-juvenil. Também a falta de materiais de pesquisa mais atualizados como livros didáticos, jornais e revistas, a falta de um professor que trabalhasse com os alunos sessões de leitura, pesquisas, projetos .. em turno inverso, o que funcionaria como um complemento das atividades diárias.

As conquistas surgiram com o início do ano letivo com o quadro de professores completo e o transporte em funcionamento, a nomeação de um secretário, que veio a completar a organização escolar, material de informática para a secretaria.

Na escola são desenvolvidos diversos projetos durante o ano, os quais enfatizam valores, datas comemorativas, temas transversais da atualidade, e aqueles propostos pela SMECD ou outros segmentos, projetos estes que visam o crescimento e a integração do aluno no meio em que vive bem como a ação transformadora para uma sociedade melhor.

Nas atividades desenvolvidas pela escola, conta-se com o apoio permanente do CPM, o qual auxilia de forma eficaz para o bom andamento das mesmas, e também na boa receptividade da comunidade, que, na medida do possível procura prestigiar e colaborar sempre que solicitada ou espontaneamente. O Clube de Mães é uma organização formada por mães de toda comunidade, mas ainda não há uma atuação efetiva, pois a mesmo está em fase de estruturação.

A escola também recebe o apoio da Associação de Moradores, entidades que, em conjunto, procura desenvolver atividades que visem à integração escola-comunidade e a aquisição de fundos para a manutenção das mesmas.

Na visão da comunidade a escola é vista como local centralizador, pois é nela que buscam preparação, informação e lazer, onde os pais depositam a confiança de preparar seus filhos para exercer a cidadania, dando-lhes o embasamento necessário para enfrentar as diversidades sociais; tendo a mesma como um ponto de referência de comunicação, conhecimento, cultura e instrução para a comunidade em geral.

Este educandário tem como concepção pedagógica norteadora a teoria de Paulo Freire, que busca a transformação através da educação interativa, democrática e participativa.

Dentro deste conceito buscam-se perspectivas de uma escola comprometida com o horizonte social, onde o educando realmente possa tornar-se agente transformador de sua própria realidade, acreditando em seus sonhos e potencialidades, estabelecendo metas no firme propósito de alcançá-las.

Para isso é necessário o compromisso e todos os segmentos dos educadores em transformar a sala de aula e a escola em lugares de trabalho sério, esforçado, com tarefas importantes que darão significado ao ensino-aprendizagem tendo em vista que a educação é um compromisso de todos.

JUSTIFICATIVA

Porque a escola deve repensar e mudar o modo de educar, enxergar que os tempos são outros e ela não esta acompanhando a evolução da sociedade em que esta inserida, usando uma metodologia que não supre as necessidades dos sujeitos.

Portanto, esse é o momento da escola indicar meios para que o indivíduo se sinta como parte integrante da sociedade em que vive, ou seja, despertar para questões como:

Que sociedade queremos?

Que tipo de homem queremos?

Que escola queremos?

O que deve ser mudado. Internamente e externamente?

O que podemos fazer?

O que podemos ajudar a fazer?

Após conhecer a realidade, discutir a escola, no que está ultrapassada, buscar rever, retomar e seguir em frente, definindo metas para uma melhor qualidade de ensino e adaptação as transformações impostas pela sociedade.

Sonhamos com a educação que trabalhe com a inclusão, que nos encaminhe a reconstrução de uma sociedade mais justa, mais democrática e fraterna. E para alcançarmos esse sonho, não basta um mergulho único neste processo, muito menos com um tempo determinado, imediato, mas sim com um tempo intenso, de ações pautadas no encanto de um compromisso com a educação que faz com que continuamos nos movimentando ora ensinando, ora aprendendo.

A educação que sonhamos é encarada com humildade e esperança, na busca ímpar de amar o que a vida tem.

EXPLICITAÇÃO DAS CONCEPÇÕES E TEORIZAÇÕES

Segundo Luís Carlos de Menezes, professor universitário “educar é ... mais do que ensinar a ver de uma certa forma. É desejar que se veja de muitas formas”; eis o papel da educação, que é o auto conhecimento e a construção individual da autonomia visando uma ação consciente e ponderada junto a sociedade, dentro de um espaço onde o ensino aprendizagem se dê por meio de um processo mediador, que é a escola, a qual busca aprimorar conhecimentos e onde tudo passa a ser organizado para facilitar a formação integral do indivíduo, apresentando um currículo que contemple os diversos procedimentos que fazem parte do processo educativo, e as ações possam ser planejadas de forma a valorizar os conhecimentos pré-existentes e torne significativa as novas descobertas, tornando prazeroso e encantador o ato de ensinar e aprender.

Tendo em vista os aspectos citados, a avaliação é uma ferramenta que o educador pode ou deve usufruir de “n” maneiras com o propósito de verificar não apenas o conhecimento adquirido pelo aluno, mas também a partir deste revermos a nossa própria atuação como mediador do conhecimento.

Paulo Freire fala da utopia enquanto ato de denunciar a sociedade naquilo que ela tem de injusta e de desumanizadora... Através de metodologia democrática e participativa, buscando uma educação libertadora, onde esta ofereça meios para a construção de sua própria identidade, tendo consciência que não se deve mudar a realidade de forma brusca, mas com ações gradativas que irão gerar mudanças futuras.

OBJETIVO GERAL

Formar um sujeito que tenha autonomia de construir sua identidade no campo, e discernir o bem e o mal a fim de tomar decisões, escolher onde viver, construindo uma visão positiva do campo exercitando sua cidadania a fim de compreender o mundo em que vivem atuando de maneira responsável e transformadora.

Reconhecendo que campo hoje não é sinônimo de agricultura ou pecuária. Há traços do mundo urbano que passam a ser incorporados no modo de vida rural.

OBJETIVO EXPECÍFICO

Realizar ações que aproximem a escola do povo e o povo da escola;

Fortalecer conquistas já realizadas, práticas que encaminhem participativa e democraticamente a ação escolar;

Despertar a capacidade crítica dos alunos: ver causas reais e sociais de injustiça que impedem as relações de fraternidade;

Reconhecer a importância do outro para o exercício consciente e responsável de sua liberdade.

Reconhecer que disciplina não é um mero esforço e sim que o aluno precisa dela para alcançar objetivos propostos não deixando de discutir que ela é necessária para a constituição de sua autonomia;

Discutir interesses manifestados pelos alunos, respeitando a experiência dos mesmos e aproveitando-as em atividades propostas com o fim de conectar interesses de escola-aluno, evitando oprimir tendências, aptidões e necessidades, sendo estas o ponto de partida para uma formação sadia;

Desenvolver e direcionar desafios aos jovens proporcionando-lhes a oportunidade de enfrentá-los para que se conscientize que desafios são reais e fazem parte do nosso crescimento;

Realizar visitas nas casas dos alunos para conhecer um pouco de sua intimidade e poder aproximá-lo de seus colegas e professores;

Incluir conteúdos voltados para a representação dos valores culturais, artísticos e ambientais da região nos conteúdos.

ESTABELECIMENTO DE METAS, TEMPOS, ESPAÇOS

E OPÇÕES METODOLÓGICAS

O QUE QUANDO COMO QUEM ONDE

Conteúdos

previstos

para cada série. Durante o ano

letivo(200dias) Técnicas explicativas,

expositivas, dialogadas,

materiais permanente, livros

didáticos,pesquisas,

filmes, palestras. Professores,

alunos e comunidade. Escola.

Abertura

do ano letivo. 1º dia de aula Atividades de incentivo

e boas vindas. Professores, pais e alunos. Escola.

Reuniões pedagógicas e sessões de estudo. Quinzenalmente Troca de idéias. Professores e supervisão. Escola.

Datas comemorativas. Páscoa, Mães, Pais,

Festa Junina, Escola,

Pátria, Gaúcho,

Município,Criança,

Natal, etc. Eventos. Professores, alunos e

comunidade. Escola.

Conselho de classe. Trimestralmente Reunião. Professores e alunos. Escola.

Reunião de pais. Trimestralmente Reunião. Pais e professores. Escola.

Visitas programadas Em datas comemorativas,

havendo transporte

disponível. Passeios: museus,

pontos turísticos e eventos. Professores e alunos. Pontos turísticos

e locais de

eventos.

Projeto de incentivo a leitura. Ano todo Visita a biblioteca,

leitura, resumos e

empréstimos de livros. Alunos. Biblioteca.

Prática de competições esportiva de futsal e outras. Festas inter-escolares. Jogos Alunos da escola e das

escolas vizinhas. Escola e escolas

vizinhas.

Valorização da escola. Ano todo Participação em atividades,

conservação e limpeza do

prédio. Professores, alunos e

comunidade. Na escola.

Noite de pijamas Penúltimo dia de aula Encontro de alunos e

comunidade na escola à noite.

• Encerramento 8ª série

• Despedida

• Entrega de boletins

• Show musical

• Bingo

• Filme

• Jantar Alunos e comunidade. Escola.

ORGANIZAÇÃO DE RECURSOS

• HUMANOS – Alunos, professores, funcionários, voluntários e comunidade escolar e em geral.

• MATERIAIS – Livros didáticos, materiais permanente.

• FINANCEIROS – Verbas do FUNDEB, do CPM, doações e promoções realizadas pela escola.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO

A avaliação do P.P.P. será semestral, com questionamentos entre educadores, alunos, pais e funcionários, toda comunidade escolar comprometida com a seriedade desse documento, o qual nos orienta para uma mudança cultural e social.

A avaliação da proposta e de seus impactos sobre a qualidade da vida individual e coletiva, controle social da qualidade da educação escolar, mediante a efetiva participação da comunidade do campo com questionamentos como: O que foi possível fazer? O que deve ser mudado? Onde estão nossos empecilhos?Houve crescimento com a implantação do P.P.P.?Crescimentos tais como: ética, intelectual, moral, social. A escola cumpriu seu fim social?

A escola busca através destas questões não apenas rever se estes conceitos trousserão mudanças práticas para a nossa educação, mas a partir da conclusão deste primeiro andamento, nos posicionar em meio aos pontos positivos e negativos, observando o que temos de melhor para fixarmos o foco a ser atingido na próxima caminhada, tendo em vista esta preocupação, a cada etapa trabalhada será feita uma reflexão sobre esta ação e a partir das conclusões obtidas, formularmos o nosso posicionamento para a próxima atuação, visando sempre o maior êxodo possível no ensino aprendizagem de nosso educando, formando indivíduos críticos, responsáveis, atuantes, enfim, verdadeiros cidadãos para o mundo.

ANEXOS

“Ninguém escapa de educação. Ela é condição necessária para a vida humana. Mas a educação é paradoxal: ao mesmo tempo em que é instrumento de controle social, ela contribui para a modificação das condições existentes; ao mesmo tempo em que oprime, liberta.”

Existe uma sátira, muito antiga que nos fala a respeito de uma tribo pré-histórica que decidiu introduzir uma educação sistemática para suas crianças, com um currículo que procurasse atender às suas necessidades de sobrevivência no ambiente em que vivem. Sua personagem principal, "Novo-punho-fazedor de martelos", que foi o grande teórico e prático da Educação naquela tribo.

Novo-punho era um artesão e ganhara nome e prestígio na tribo por ter produzido um artefato de que sua comunidade necessitava. Mas novo-punho era, também, um pensador e aquela qualidade de inteligência que o levara à atividade socialmente aprovada de produzir um artefato superior, levou-o a envolver-se na prática socialmente desaprovada de "pensar". E, pensando, Novo-punho começou a vislumbrar maneiras pelas quais a vida, em seu meio, poderia ser melhor e mais fácil.

Seu conceito de uma educação sistemática formou-se a partir de observações de seus filhos brincando e de comparações entre a atividade das crianças e a dos adultos da tribo. Brincando, tinham por objetivo o prazer; trabalhando, os adultos visavam à sua segurança e ao enriquecimento de suas vidas. Diante disso Novo-punho pensou: "Se eu pudesse levar estas crianças a fazer coisas que lhes dariam alimento, abrigo, roupas e segurança em maior quantidade, eu estaria ajudando esta tribo a viver melhor". Com esse objetivo em mente, Novo-Punho elaborou um currículo escolar que respondia a três perguntas básicas: “O que é que a tribo precisa saber para viver bem alimentada, com o corpo quente e livre de medo”.

”Alimentação, vestuário e segurança na tribo estavam ligados à pesca, à caça de cavalos e à proteção contra os tigres dente-de-sabre. As condições ambientais da época e os aspectos genéticos da fauna local permitiam que a pesca fosse feita à mão, que a caça aos cavalos fosse feita com uma clava e que os tigres fossem afugentados com tochas de fogo. Assim, o currículo foi constituído por três disciplinas:” Agarrar peixes com as mãos; pegar cavalos com a clava e espantar tigres dente-de-sabre com fogo".

A nova tendência escolar foi um sucesso e a tribo prosperou. Mas, os tempos passaram e as condições ambientais mudaram. Com a chegada de uma idade glacial, a água dos lagos tornou-se turva ao mesmo tempo em que uma mutação genética produzia peixes mais ágeis. Os cavalos partiram em busca de planícies mais secas, surgindo em seu lugar, antílopes ágeis que não se deixavam apanhar pela clava. Os tigres dente-de-sabre, devido ao clima frio, contraíram doenças e a espécie praticamente se extinguiu. Entretanto, o frio trouxe os ursos polares que não se atemorizavam com o fogo. A tribo ficou numa situação difícil, sobrevindo a fome, o frio e a morte nas garras dos ursos. A escola continuava a ensinar a agarrar com as mãos, em águas turvas, peixes ágeis; a pegar cavalos que não mais existiam; a espantar tigres extintos.

Todavia, as necessidades de sobrevivência suplantaram a escola. Outros dos poucos pensadores, ocupando o lugar de Novo-punho haviam inventado redes para apanhar peixes, armadilhas para caçar antílopes e poços camuflados para prender e matar ursos. Isso trousse à tribo fartura e uma nova segurança. Mas, as autoridades escolares e os professores resistiam a todas as tentativas de modificar o sistema educacional para que as novas técnicas fossem aprendidas na escola. Até mesmo a maioria da tribo que as atividades práticas nada tinham a ver com a aprendizagem escolar; e, ao ouvirem dizer que as novas técnicas requeriam inteligência e habilidade, coisas que a escola deveria desenvolver, sorriam indulgentemente respondendo que aquilo não seria "Educação" e sim mero treinamento.

Ante a insistência dos radicais, os velhos sábios da tribo diziam: "não ensinamos a agarrar peixes para que peixes sejam agarrados, mas ensinamos isto para desenvolver uma habilidade geral que não seria desenvolvida através do mero treinamento. Não ensinamos a pegar cavalos para que cavalos sejam pegos; nós ensinamos isto para desenvolver uma força global no aprendiz que nunca seria obtida através de atividades tão prosaicas e especializada como preparar armadilhas para antílopes. Não ensinamos a afugentar tigres para fazer tigres fugirem; nós ensinamos isto com o fim de gerar uma coragem nobre que nunca adviria de uma atividade tão básica como caçar ursos". A maioria se calou. Somente um radical insistiu fazendo um último protesto, dizendo que, como os tempos haviam mudado, talvez fosse possível tentar atualizar o ensino de modo que o que as crianças aprendiam pudesse ter algum valor na vida real.

Mas mesmo seus companheiros sentiam que ele havia ido longe demais. Os sábios se indignaram e responderam severamente: se tivessem alguma educação, vocês saberiam que a essência da verdadeira educação independe do tempo. É algo que perdura através de condições que mudam. Assim acreditavam aqueles sábios, que há algumas verdades eternas, como a forma de ensino desenvolvida pelo Novo-Punho.

Diante dessa sátira, percebe-se que as dúvidas que pairam sobre “o que ensinar” e “a quem ensinar” cercam a humanidade desde tempos remotos. Sendo assim, devemos propor critérios básicos e necessários para que “o que ensinar” atenda aos anseios de “a quem ensinar”, num conjunto sincronizado e eficiente, voltada para a formação de um cidadão crítico e participativo na sociedade, que seja capaz de entender o mundo que o cerca, para que, ao invés de simplesmente se acomodar diante das dificuldades e injustiças, ele tenha condições psicológicas, cognoscitivas e espirituais de transformar o que for necessário em nossa sociedade, para uma evolução auto-sustentável e verdadeiramente igualitária.

PROPOSTA ELABORADA PELOS PROFESSORES DESTE EDUCANDÁRIO, JUNTAMENTE COM A COMUNIDADE ESCOLAR.

Denise Paz
Enviado por Denise Paz em 04/10/2008
Código do texto: T1211020
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