As sete pragas do agito
 
O Rio de Janeiro tem focos de todas as pragas com potencialidade de eclosão no Brasil.
Seu crescimento desordenado, a falta de saneamento básico nas favelas e bairros da periferia, todo esse agito, inclusive o do controle de áreas pobres do Estado por bandos de traficantes, fazem que possam eclodir problemas de saúde pública, mas, hoje, no mundo globa-lizado, as epidemias e pragas nem sempre são autóctones. Enumeramos abaixo as sete maiores emergências epidêmicas ou pestilenciais que nos preocupam.
1) FLAVOVIROSES.
Causadas por tal grupo de vírus estão a febre amarela, endêmica em regiões florestais do país como a amazônia, a dengue, (lembrar que houve epidemia recente no Rio de Janeiro), e a febre do oeste do Nilo.
Na dengue clássica o corolário clínico não conduz a óbito, mas a 2ª infecção pode levar a hemorragia.
No curso da doença, como resposta à infecção viral, há produção de interferon, substância endógena que para evitar a replicação viral dos megacariócitos, paralisa a produção dessas células, as quais são pre-cursoras das plaquetas, sem uma nem outra das células no organismo o indivíduo sangra. Como em geral numa segunda infecção o indivíduo é mais competente para controlar a doença, sua maior competência biológica pode fazê-lo responder com maior intensidade, produzindo mais interferon e a conseqüente maior paralisação na produção de megacariócitos, menos plaquetas e maior risco de hemorragia. Isso significa dizer: quanto maior a competência do indivíduo a responder à doença maior seu risco de morte.
Sendo a febre do Oeste do Nilo também uma flavovirose, capaz de chegar ao Brasil por movimento migratório de aves, o indivíduo que for acometido pela doença poderá apresentar um quadro clínico de maior gravidade, se já estiver sido previamente infectado pelo vírus da dengue.
Isso significa que tem que haver na grade curricular das escolas básicas informação freqüente sobre a dengue, a fim de que os cida-dãos do futuro habituem-se a adotar as medidas de prevenção como rotina, pois o engajamento da população tem que ser permanente. Visto que tornou-se impossível a eliminação total do mosquito hema-tófago, principalmente da fêmea, que necessita do colesterol do san-gue humano para sintetizar seus ovos postos em águas paradas.

2) ESCORPIÃO AMARELO: O escorpião amarelo é natural da Mata A-tlântica. Devido à diminuição da extensão da floresta a menos de 16% , nas áreas mais pobres da cidade, onde existem entulhos, rique-za de material orgânico – como ocorre em cemitérios – , o escorpião amarelo adota hábitos urbanos, alimentando-se de baratas e vitiman-do principalmente as crianças. Note-se que neste quesito já vimos ca-pivaras na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Embora já existam serpentes urbanas, o escorpião amarelo, presente até mesmo em condomínios de luxo da Barra da Tijuca, é a maior praga. Sendo necessário o reflorestamento de muitas áreas para que retorne ao seu habitat natural. Sem esquecer que todos os animais peçonhentos do Brasil tem representação no Rio de Janeiro.
3) 0 ESCARGOTe: molusco cujo nome científico é achatina fulica, ori-ginário do continente africano, servido como iguaria da cozinha france-sa, no Brasil, tradicionalmente, foi consumido pela Classe A, por não agradar ao paladar do brasileiro em geral afeito a acepipes mais sabo-rosos como mocotó. Gastrópode musculoso por carregar concha cô-nica de espira afilada, ápice estreita, protoconcha lisa ou pontuada, base da columela mais ou menos truncada, lábio externo simples, delgado e cortante, oferece para quem já provou a consitência de um chiclete teimoso de carne, difícil de ser mastigado, engolido como engodo, embora haja quem goste.
Devido às dificuldades da comercialização, por ser a achatina fulica um molusco hermafrodita, capaz de pôr 800 ovos por ano, com ovi-posição que confere grande capacidade de produção, o excedente dos moluscos foi solto na natureza.
No continente africano existem malacófagos naturais como o vagalume lamprophyrus tenebrosus, cuja larva come os ovos do molusco, que serve também ao apetite do jacal e de macacos.
Herbívoro voraz sem predadores naturais, hoje, a achatina fulica, inicialmente despejada na natureza pelo sul maravilha, tem distribuição até Manaus.
Além da devastação ambiental que promove, competindo com a fauna autóctone de moluscos do continente americano. A achatina fulica é portadora duma nova parasitose o angyostrongylus costa-ricenses, que pode infestar macacos, roedores, gastrópodes e o ho-mem, que diferentemente das demais espécies não elimina os ovos do angyostrongylus constaricenses, verme que por não completar seu ciclo nos humanos aloja-se nas artérias mesentéricas que irrigam o intestino. O sujeito pode tornar-se portador assintomático, situação em que convive com a parasitose ou ser acometido de granuloma eosinofílico que pode levar à perfuração do intestino, com derrama de fezes na cavidade abdominal e abdome agudo de tratamento cirúrgico e ressecção de intestino.
A comercialização da achatina fulica está proibida no Brasil; mais informações sobre a pragra podem ser encontradas no site : www.intermega.achatina.com.br .
4) Foco natural de peste bubônica da Serra dos Órgãos no Estado do Rio de Janeiro.
No brasil a maior incidência de peste bubônica é no polígono das secas – Nordeste – onde ocorreram 698 casos nos últimos 10 anos, mas há presença potencial da doença de norte à sul.
Os hospedeiros da yersinia pestis são roedores silvestres, lebres, animais carnívoros (felinos) , na África camelos e caprinos.
O ectoparasita é a pulga – os sifonápteros. Os roedores sofrem a picada, fazem com a lingua a toalete um do outro, ingerem assim a pulga, os felinos ingerem os roedores. As pulgas são silvestres ou cosmpolitas de cão e de rato.
Os sifonápteros do foco natural da serra dos órgãos são os seguin-tes: polygenus rimatis, pradrou, atopys e piógenes. No nordeste o sifonáptero é a xenppsila cheops, onde ocorrem casos humanos.
Hoje 10 municípios da serra dos órgãos, entre os quais Friburgo, são mantidos sob vigilância, supõe-se que por ser região de atividade agrícola, não havendo resistência aos produtos agrotóxicos, a popu-lação de pulgas se mantenha controlada. Poderá haver caso humano no momento que uma espécie de pulga desenvolver resistência aos inseticidas e agrotóxicos.
5) Morcegos.
Deve-se atentar para a presença de morcegos infectados pela raiva na Zona Sul do Rio de Janeiro, principalmente no que tange à presen-ça de doenças febris ou hemorrágicas, eventualmente não diagnos-ticadas adequadamente por desinformação do médico assistente.
6) Leishmaniose
Os mosquitos transmissores da leishmaniose são o Longipalpis e o Lutzomya intermmidia. As áreas endêmicas são as da vertente conti-nental do Maciço da Pedra Branca ( Realengo, Bangu, Campo Grande ) e Jacarepaguá e Pau da Fome, para o controle desta doença que não é apenas tropical, pois também ocorre no continente europeu, desmitificando que países tropicais alberguam as piores doenças e até mesmo o conceito de doenças tropicais.
A dificuldade principal para o controle da doença é que não há ainda, a despeito dos esforços dos profissionais de saúde, uma carta flebotomínica para que haja um pleno conhecimento da fauna flebo-tomínica do Rio de Janeiro.
7) Esquistossomose
A esquistossomose é uma parasitose intestinal que pode levar à doença popularmente conhecida como “Barriga d’água”.
No Rio de Janeiro há registro de focos em Sumidouro, Paracambi, Floresta da Tijuca e hortas de agrião do Alto da Boa Vista.
O diagnóstico mais simples da esquistossomose é feito pelo exame parasitológico seriado, um exame de fezes a cada 7 dias por três semanas seguidas. Diagnosticada precocemente há tratamento medicamentoso eficaz que promove a cura plena.
Enfim, se o Rio de Janeiro tem tantos problemas imaginem outros estados mais Pobres, ou mesmo países. Os Estados Unidos da Amé-rica, por exemplo, contabilizam o maior número de casos de peste bubônica atualmente no mundo.




 
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 05/11/2008
Reeditado em 11/04/2017
Código do texto: T1267458
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.