Re-construindo conhecimento

O conhecimento é sempre uma reconstrução que o sujeito realiza partindo de elementos que já dispõe interagindo com a realidade (Kant). “Isso significa que o sujeito é sempre ativo na formação do conhecimento e que não se limita a recolher ou refletir o que está no exterior” (J. Delvol, 2001).

A proposta pedagógica do projeto parte do princípio que o aluno é sujeito de sua aprendizagem respeitando suas condições intrínsecas e extrínsecas no processo de reconstrução do conhecimento. Criando um espaço para o desenvolvimento da autonomia do discente. Dessa forma, objetiva-se o redimensionamento da prática educativa de instrucionista e redicionista, por uma aprendizagem reconstrutiva e democrática. Usa-se o termo reconstrução por compreender que não se parte do nada, pois é na interação do sujeito como o meio já dado, estabelecido – que surge o novo, o qual, será base para um outro novo...

Em conformidade com a proposta supra citada é que se propõem uma aliança entre Filosofia e pesquisa, pois “de certa maneira, pesquisa se confunde com a filosofia, em seu sentido original: apreço pela sabedoria, tanto em sua modéstia que sabe antes de mais nada que pouco sabe, como em sua exuberância que a tudo questiona, inclusive a si mesma” (Abbagnono, 1999). A pesquisa é descoberta e re-criação. O cientista nada cria, apenas detecta relações. Na descoberta re-cria-se novo conhecimento.

Toma-se como definição de pesquisa questionamento reconstrutivo a qual implica em atividade sistemática e é, no fundo, sempre exercício acurado de argumentação própria o que nos faz propor a pesquisa-filósofica como estratégia de aprendizagem reconstrutivo e de gestão da autonomia do sujeito para que possa produzir conhecimento,sendo ele mesmo referência se vendo como autor e personagem da sua história.

A atividade pesquisadora realizar-se-á em duas dimensões: individual e coletiva. A primeira é importante porque aprimora a capacidade própria de propor e traduz o talento de individual. Além de proporcionar a gestão da autonomia sendo indicador de que sabemos elaborar a nossa própria história. Por quanto, a segunda contribui para o trabalho em equipe, o exercício democrático, a capacidade de lidar com as divergências e a aprendizagem solidária.

O professor será o facilitador, o orientador, o problematizador nunca o solucionador. É que propõem questionamento, o que motiva, crítica, abre oportunidades para aprendizagem e autonomia do sujeito. Como no “mundo de Sofia”, a menina é desafiada, todo tempo, a assumir sozinha o confronto com teorias e idéias. Aos poucos vai descobrindo um mundo até então desconhecido.

A avaliação é de fundamental importância por oportunizar a visualização do desenvolvimento do aluno, a participação do professor no desenvolvimento como a eficácia dos meios utilizados bem como, propor novas estratégias. Portanto, a avaliação não poderá ser estática e unilateral, mas, processual e dialética.

Por fim, a educação criativa e significativa inicia-se e vive na pesquisa desde da tenra idade pela vida afora. Extinguindo entre nós a atitude de imitador, que copia, reproduz e faz prova. Para a elaboração própria de conhecimento.

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