2008, O ANO DO “POOOODE”!

Não é ao bordão da carismática atriz pernambucana Fabiana Carla, revelada pelo programa humorístico Zorra Total que fazemos referência, mas à curiosa produção de dezenas de manchetes nos jornais deste ano, país afora, tais como: “Vereadores PODEM ficar inelegíveis”; “Deputados PODEM perder o mandato”; “Justiça PODE prender envolvidos em corrupção”; “Prefeitos PODEM ser cassados”; “Indiciados PODEM ser presos”; “Promotor PODE ser afastado”, entre tantas não menos hilárias.

Como o verbo “PODE”, nesse contexto, indica a possibilidade de algo acontecer, aqui no Brasil – o país das impossibilidades quanto à justiça, PODE-SE recorrer, PODE-SE protelar, PODE-SE suspender e PODE-SE até esquecer! E, como já era esperado, acabou o ano e nada do que PODERIA deu em coisa nenhuma. Talvez, quem sabe, o Governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, POSSA finalmente perder o mandato. Se bem que o TSE voltou atrás e decidiu que manterá o tucano no cargo até julgamento de recurso.

PODE uma coisa dessas? POOODE!

Isso não nos surpreende nem nos causa espanto, parece que o descrédito nos anestesiou as expectativas e as esperanças na moralização desse país, ao menos nessa nossa geração, mas não a ponto do conformismo! “Avante compañero! Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”!

O que nos chama a atenção é a resposta que nos é dada para os tais desmandos. Beira ao cinismo, parece que nós, cidadãos contribuintes, não merecemos satisfações. É como se além de ingênuos e ignóbeis, fôssemos retardados mentais! A Lei, que não mais vigora nem pune, passou a ser igual a um “Fantasminha Camarada”: só finge e ameaça tal qual aquela musiquinha de ninar: “Dorme, neném, que a cuca vem pegar”. Ou seja, eu o assusto, você demonstra medo e nós relaxamos. Paz para todos, “all right” ?

O Estado, através do Poder Judiciário, não apenas tem o dever de prestar atividade jurisdicional, como também de fazê-lo com eficiência e celeridade (sic). Um Estado que não exemplifica, que não exalta valores morais, através da aplicação da justiça indistintamente, não pode cobrar correção dos seus cidadãos. Vestir uma toga é vestir-se de responsabilidades para estabelecer a ordem e o equilíbrio nas relações sociais. É compromisso com a determinação de validar o Estado de Direito. Que venha a reforma do judiciário para quem sabe deixá-lo finalmente mais sério e célere.

Em 2025, seremos trinta e dois milhões de idosos, repassando para uma geração jovem d’uma demografia menor os rumos deste país. E que legado deixaremos? Quem cuidará deste país envelhecido? A juventude sempre vê nos mais velhos referenciais de sabedoria.

Tomara Deus que estejamos arqueados apenas pelo efeito do tempo e não pela carga da culpa, da omissão e da conivência, sem forças morais para levantarmos as cabeças e podermos indicar entre o isso ou o aquilo, o que PODE ou o que não PODE para aqueles que esperam os melhores conselhos daqueles que PODERIAM e DEVERIAM ser exemplos de idoneidade.

Jairo Lima

Jairo Lima
Enviado por Jairo Lima em 09/12/2008
Código do texto: T1327139
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