O HOMEM NA SOCIEDADE E A SOCIEDADE NO HOMEM

Introdução

O presente estudo tem por finalidade a analisa as Perspectivas Sociológicas, dando enfoque à: O Homem na Sociedade; A Sociedade no Homem.

Contudo, antes de se adentrar mais especificamente no que tange às perspectivas sociológicas propriamente ditas, optou-se, por fazer uma definição tema abordado: O homem, sem dúvida alguma, é um ser eminentemente social, isto é, tem inerente em si à perpétua tendência a ser agrupar, de unir-se a seus semelhantes, não só para lograr atender aos fins que busca e deseja, mas também para satisfazer suas necessidades materiais e de cultura. A vida do homem decorre em convivência: os indivíduos em todas as etapas de suas vidas, do berço ao túmulo, mantêm entre si mútuas e constantes relações de colaboração e de dependência.

Dessa forma, pode-se considerar que a vida em sociedade é o modo natural da existência da espécie humana. Realmente, os homens a todo instante, para atenderem à satisfação de seus anseios e necessidades e conseguirem os fins almejados, unem-se, relacionam-se, por meio de vínculos das mais variadas naturezas: econômicos, políticos, culturais, familiares, religiosos, etc., contudo a vida em sociedade, além dos benefícios que propicia ao homem, traz consigo a possibilidade da criação de inúmeras limitações que, em certos momentos e determinados lugares, são de tal modo numerosas e freqüentes que chegam a afetar seriamente a própria liberdade humana; Poder Social: a questão do poder está inserida numa das temáticas mais importantes da vida social, afinal é ele quem trata diretamente da organização e funcionamento da sociedade.

Com relação à estrutura desenvolvida, adotou-se a seguinte forma: de início, tratou-se do HOMEM NA SOCIEDADE: “A sociedade mais parece uma prisão que qualquer outra coisa. E a compreensão sociológica só nos ajudou a identificar mais de perto todos os personagens, vivos ou mortos, que gozam do privilégio de no oprimir”. E depois se tratou da SOCIEDADE NO HOMEM: “Cada sociedade produz o homem de que necessita”.

A Perspectiva Sociológica

O Homem na Sociedade

Ao chegarem a uma certa idade, as crianças ficam profundamente admiradas com a possibilidade de se localizarem num mapa. Essa localização do “eu” em configurações concebidas por estranhos constituem um dos aspectos importantes daquilo que, talvez eufemisticamente, é chamado de “crescer”.

Os horizontes do mundo, da maneira como os adultos o definem, são determinados pelas coordenadas de cartógrafos remotos. A criança pode exibir identificações alternadas ao se apresentar como o pai na hora de brinca de casinha, mais não deixará de saber que está apenas brincando. Somos induzidos à sanidade em nossa infância – é claro que devemos escrever todas as palavras chaves entre aspas: “saber”, “reais”, “fatos”. E ainda ressalvam que criança sadia é aquela que acredita que está registrada em sua ficha escolar e adulto normal é aquele que vive dentro das coordenadas que lhe foram atribuídas.

Esta localização informa ao individuo aquilo que ele pode fazer e o que pode esperar da vida. Esta localização na sociedade significa estar no ponto de interseção de forças sociais específicas. A pessoa age em sociedade dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio.

É o “sistema”, o mapa traçado por estranhos, sobre o qual tem-se de continuar a rastejar. Mais isto seria uma maneira unilateral de se considerar “o sistema”, se se pressupõe que este conceito perde seu significado quando uma pessoa passa para as camadas superiores da sociedade.

Na maioria das situações sociais especificadas que o sociólogo se dispõe a analisar, ele encontra poucos motivos para desmentir a idéia de que são “ele” quem mandam. Ao contrario “eles” terão ainda mais ascendência sobre nossas vidas de que julgávamos antes da análise sociológica. Este aspecto da perspectiva sociológica pode ser melhor esclarecido pelo exame de duas importantes áreas de investigação- o controle social e a estratificação social.

Controle social refere-se aos vários meios usados por uma sociedade para “enquadrar” seus membros recalcitrantes. Nenhuma sociedade pode existir sem um controle social. Os métodos de controle variam de acordo com a finalidade e o caráter do grupo em questão.

O meio supremo e, sem duvida, o mais antigo, de controle social é a violência física. Nenhum estado pode existir sem uma força policial ou seu equivalente em poderio armado. Essa violência final pode não ser usada com freqüência. Poderá haver inúmeras mediadas antes de sua aplicação, à guisa de advertência e repetidamente.

O importante é que todos saibam de sua existência. A violência é o alicerce supremo de qualquer ordem política. Nos paises de ideologia menos democrática e humanitária os instrumentos de violência são exibidos – e empregados- com muito menos discrição.

O motivo mais importante é o fato de que mesmo nos estados ditatoriais ou terroristas, um regime tende a ganhar aquiescência e até aprovação com a simples passagem do tempo. Nas sociedades democráticas há no mínimo a tendência de a maioria das pessoas aceitar os valores em nome dos quais os meios de violência são empregados vale ressaltar que esses valores não são obrigatoriamente valores bons. Em qualquer sociedade normal a violência é utilizada com parcimônia e como último recurso, e a mera ameaça dessa violência final basta para o exercícios do controle social.

Compreendido assim o papel da violência, poucos meios coercitivos são ta eficientes quanto os que ameaçam o ganha-pão ou o lucro. Entretanto, os meios econômicos de controle também são eficientes fora das instituições que compreendem a “economia”. É claro que tais argumentos são empregados mas abertamente em instituições econômicas propriamente ditas, mas a igreja e universidade não difere muito, em seus resultados, da que se verifica no mundo dos negócios.

Tratam-se dos negócios de persuasão, ridículo, difamação opróbrio. Já se descobriu que em discussões grupais que se estendem durante certo período, os indivíduos modificam suas opiniões originais, ajustando-as à norma do grupo, que corresponde a umas espécies de média aritmética de todas as opiniões representadas no grupo. Esse desejo pode ser manipulado com toda eficiência, como bem sabem os terapistas de grupo, os demagogos e outros especialistas no campo da “engenharia do consenso” .

O ridículo e a difamação são instrumento potentes de controle social em grupos primários de todos as espécies. A difamação, ou o mexerico, como é bem sabido, é bem maior parte eficácia em pessoas conduz suas vidas num alto grau de visibilidade e possibilidade de inspeção por parte de seus vizinhos. Tanto o ridículo quanto como a difamação, podem ser manipulados deliberadamente por qualquer pessoa inteligente que tenha acesso às suas linhas de transmissão.

Uma das punições mais devastadoras à disposição de uma comunidade humana consiste em submeter um de seus membros ao opróbrio e ostracismo sistemáticos. Este é um mecanismo controle favorito de grupos que se opõem em princípio ao uso da violência.

Um dos aspectos do controle social que deve ser salientado é o fato de se basear frequentemente em afirmações fraudulentas. É importante salientar que uma concepção de controle social é incompleta, e, portanto tendenciosa, se esse elemento não for levado em consideração. É por isso que a inteligência cobriu para a sobrevivência quando se trata de com a brutalidade, a maldade e recursos materiais.

É um sistema que, contra a vontade da pessoa, lhe cobrara imposto, a convocará para as forças armadas, a fará obedecer às suas inúmeras leis e a último recurso a matará.

Outro sistema de controle social que exerce pressão contra a figura solitária no centro dos círculos é o da moralidade, costumes e convenções. O desafio extremo aos costumes de nossa sociedade, que dispõe de um instrumento de controle bastante desenvolvido, pode levar ainda a outra conseqüência – a definição de uma pessoa como “adoidada”. A ocupação escolhida por um individuo inevitavelmente o subordina a vários controles, muitas vezes bastantes rígidos. Há os controles formais de juntas, organizações profissionais e sindicatos, além, é claro, dos requisitos formais estabelecidos por seus empregadores. Ao lado desses controles formais, há outros informais, impostos por colegas de profissão e companheiros de trabalho. As sanções econômicas são, naturalmente, as mais comuns e eficientes nesses casos. Todo o papel ocupacional na sociedade, até mesmo em empregos muito humildes, traz consigo um código de conduta que não pode ser violado impunemente.

O controle social do sistema ocupacional é maior importância porque é o emprego que decide o que uma pessoa pode fazer na maior parte de sua vida. Em todos esses casos, porem constituem círculos de controle que circunscrevem efetivamente o âmbito das possíveis ações do individuo na situação dada.

O circulo da família e dos amigos pessoais, também constituem um sistema de controle. É neste círculo que se encontram normalmente os laços sociais mais importantes de um individuo. Portanto, arriscar a desintegração dos relacionamentos com essas pessoas equivale a arriscar perder-se a si mesmo de maneira inapelável. Não é de admirar, portanto, que muitos déspotas no escritório obedeçam prontamente às suas mulheres e tremam diante de um olhar de reprovação dos amigos.

Estratificação social é a análise sociológica que talvez contribua para elucidar o pleno significado da localização na sociedade ou seja refere-se ao fato de que toda sociedade compõe-se de níveis inter-relacionados em termos de ascendência e subordinação. A soma desses estratos constitui o sistema de estratificação de uma determinada sociedade.

E as três principais recompensas da posição social – poder, privilégio e prestigio- com freqüência não se sobrepõem, antes existindo lado a lado em sistemas de estratificação distintos.

O tipo de estratificação mais importante na sociedade ocidental é o sistema de classes. Em que um tipo de estratificação no qual a posição geral de uma pessoa no sociedade é determinada basicamente por critérios econômicos que os sociólogos chamam de símbolos de status, que têm despertado grande atenção nos estudados de estratificação.

Defini-se classe como as expectativas que um individuo pode ter ou seja a classe de uma pessoa pode determina certas possibilidades, ou oportunidades, quando ao destino que a pessoa pode espera da sociedade. Mas a conseqüência da localização dentro do sistema de classe vai mais além.

As diferentes classes de nossa sociedade não só vivem de maneira diferente quantitativamente, como também vivem em estilos diferentes qualitativamente. Um sociólogo competente, diante de dois índices básicos de classe, como a renda e ocupação, é capaz de fazer uma longa lista de prognóstico sobre o individuo em questão, mesmo que nenhuma outra informação. Mas o sociólogo pode ir adiante.

Se a localização num determinado estrato social tem essas amplas conseqüência numa sociedade relativamente “aberta” como a nossa, é fácil imaginar quais serão as conseqüências em sistemas mais “fechados”.

Contudo até em nossa sociedade existem outros sistemas de estratificação, por assim dizer sobreposto ao sistema de classe, muito mais rígidas que este e que, por conseguinte, determina de muito mais severa toda a vida do individuo.

Para as finalidades do sociólogo, a realidade é uma questão de definição. É por isso que sociólogo deve analisar atentamente muitas facetas da conduta humana que em si mesma são absurda ou ilusivas. Muitas situações sociais na verdade, controladas pelas definições imbecis. Na verdade, a imbecilidade que define a situação faz parte do material de análise sociológica.

Nossas vidas são dominadas não só pelas inanidades de nossos contemporâneos, como também pelas de homens que morreram há varias gerações. Este fato é expresso no aforisma segundo o qual os mortos são mais poderoso que os vivos.

É importante acentuar este ponto porque ele nos demonstra que até mesmo nas áreas em que a sociedade aparentemente nos permite alguma opção a mão poderosa do passado estreita ainda mais essa opção. No entanto, também é claro que até mesmo nos pontos em que “eles” não fizeram nenhuma tentativa consciente para limitar a escolha dos participantes nesse drama específico, “eles” escreveram o script de quase toda cena. Normas fundamentais estipuladas séculos antes de os protagonistas nascerem.

Quase sempre, o jogo já foi “arrumado” muito antes de entramos em cena.

Tendo em mente essas considerações, podemos agora chegar a uma compreensão mais exata do funcionamento das estrutura sociais. As instituições proporcionam métodos pelos quais a conduta humana é padronizada, obrigada a seguir por caminhos considerados desejáveis pela sociedade. O casamento não é um instinto, e sim uma instituição. A instituição do casamento serve para canalizara conduta fazer seguir determinado tipo de comportamento. A estrutura institucional da sociedade proporciona a tipologia para nossas nessas ações; tendo sido pré-definidos a priori.

Toda estrutura institucional tem de depender da fraude e que toda existência em sociedade traz consigo um elemento de má fé.

A sociedade mais parece uma prisão que qualquer outra coisa. E a compreensão sociológica só nos ajudou a identificar mais de perto todos os personagens, vivos ou mortos, que gozam do privilégio de no oprimir.

Nossos desejos não são levados em consideração nessa questão de localização social, e nossa resistência intelectual àquilo que a sociedade aprova ou proíbe adianta muito pouco, na melhor das hipóteses. A sociedade dispõe de um número quase infinito de meios de controle e coerção, localizados na sociedade não só no espaço mas também no tempo.

A sociedade constitui uma entidade histórica que se estende temporariamente alem de qualquer bibliografia individual. Nossas vidas não são mais que episódio em sua marcha majestosa pelo tempo.

A perspectiva Sociológica

A Sociedade no homem

A sociedade determina não só o que fazemos como também o que fazemos. A localização social não afeta apenas nossa conduta; ela afeta também nosso ser. Examinaremos mais três áreas de investigação e interpretação, as da teoria do papel, a sociologia do conhecimento e a teoria do grupo de referência.

A teoria do papel foi uma criação intelectual quase inteiramente americana. Cada situação lhe apresenta expectativas especificas. A sociedade existe porque as definições da maioria das pessoas para as situações mais importantes são mais ou menos as mesma. Há uma certa margem no grau em que a resposta tem de satisfazer a expectativa para que uma situação permaneça sociologicamente viável. É claro que será inevitável alguma forma de conflito ou desorganização social se as definições de situação forem excessivamente discrepantes.

Embora um individuo médio encontre expectativas muito diferentes em diversas áreas da vida, as situações que produzem essas expectativas enquadram-se em certos grupos. Um papel portanto pode ser definido como uma resposta tipificada a uma expectativa tipificada. A sociedade pré-definiu a tipologia fundamental. A sociedade proporciona o script para todos os personagens.

O papel oferece o padrão segundo o qual o individuo deve agir na situação, seria erro grave considerar o papel apenas como um padrão regulador para ações externamente visíveis. A emoção ou atitude já existente antes de se assumir o papel, este inevitavelmente, reforça aquilo que já existia.

O homem excepcional é o homem que reflete sobre seu papéis. Até mesmo pessoas muito inteligentes, quando em dúvida quanto a seus papéis na sociedade, se envolverão ainda mais na atividade que gera a dúvida, ao invés de se porem refletir. Todo papel tem sua disciplina inferior, aquilo que os monásticos católicos chamam de sua “formação”. O papel dá forma e constrói tanto a ação quanto o ator. É dificílimo fingir neste mundo. Normalmente, uma pessoa incorpora o papel que desempenha.

Todo papel na sociedade acarreta certa identidade. O papel masculino em nossa sociedade, entretanto, exige todas essas coisas que se tem de aprender, como exige também uma identidade masculina. Ser capaz de ereção não basta se bastante – se bastasse, regimentos internos de psicoterapeutas estariam sem trabalho.

O significado da teoria do papel poderia ser sintetizado dizendo-se que, muna perspectivas sociológicas, a identidade é atribuída socialmente, sustentada socialmente e transformada socialmente. Mesmo papeis que são muitos mais fundamentais, par aquilo que os psicólogos chamariam de personalidade, do que aqueles ligados a uma determinada atividade adulta são atribuídos de maneiras muito semelhante, por um processe social.

Na experiências infantil, “eu” e “sociedade”são o verso e o reverso da mesma medalha, identidade não é uma coisa pré-existente; é atribuída em atos de reconhecimentos social. Somos aquilo que os outros crêem que sejamos.

Os casos de retirada radical de reconhecimento por parte da sociedade nos ensinam muita coisa a respeito do caráter social da identidade. Seria errôneo encarar o processo com uma simples desintegração da personalidade. Mais correto seria considerar o fenômeno como uma reintegração de personalidade, em nada diferente, em sua dinâmica sócio-psicológica, do processo pela qual a antiga identidade foi integrada.

Nossas vidas se desenrolam dentro de uma complexa trama de reconhecimento e não-reconhecimentos. Em termos sucintos, todos ato de ligação social resulta numa escolha de identidade. Inversamente, toda identidade exige ligações sociais especificas para sua sobrevivência.

O individuo se localiza na sociedade dentro e sistemas de controle social, e cada um desse sistemas contém um dispositivo de geração de identidade.

Estas perspectiva sociológica do caráter da identidade nos proporciona uma compreensão mais profunda do significado humano do preconceito. A coisa mais terrível que o preconceito pode fazer a um ser humano é fazer com que ele tenda a se tornar aquilo que a imagem preconceituosa diz que ele é. A dignidade humana é uma questão de permissão social.

A transformação da identidade, tanto quanto sua gênese e sua manutenção, constitui um processo social. Aquilo que os antropológicos chamam de rito de passagem envolve o repúdio de uma antiga identidade e a iniciação de uma nova identidade.

A “alternação” transforma identidade em situações altamente estruturadas como a educação religiosa e a psicanálise. Ele envolve uma tensa situação social em que o indivíduo é levado a repudiar sua antiga concepção de si mesmo e a assumir uma nova identidade, a que foi programada para ele na ideologia psicanalítica o que os psicanalistas chamam de “transferência”. Quanto mais durar a relação e quanto mais intensa se tornar, mais o individuo se liga à sua nova identidade.

O que a psicanálise faz é na verdade a construção de uma nova identidade. A ligação do individuo a essa nova identidade aumentará evidentemente na proporção direta de tempo, da intensidade e do investimento financeiro que ele aplicou em sua construção.

O mesmo tipo de meio “alquímico” é cria em situação de “terapia de grupo”. Ela tem como base sociológica no principio perfeitamente correto de que as pressões de grupo atuam efetivamente para fazer o individuo aceitar a nova imagem que lhe é proporcionada.

O mesmo processo tem lugar sempre que todo um grupo d indivíduos tem de ser “quebrado” e levado a aceitar uma nova definição de si mesmo. A violência desses métodos, em relação às iniciações mais rotineiras da sociedade, deve ser explicada sociologicamente em termos do grau radical de transformação de identidades que é procurado e da necessidade funcional, nesses casos, de que a aquisição da nova identidade esteja à prova de nova identidade estejam à prova de novas “alterações”.

A teoria do papel nos oferece uma antropologia sociológica, isto é, uma visão do homem baseada em sua existência na sociedade. O âmbito da pessoa individual pode ser medido pelo número de papeis que é capaz de desempenhar.

Tal visão sociológica desafia muito mais radicalmente que a maioria das teorias psicológicas a maneiras como habitualmente nos vemos. Desafia radicalmente um dos mais caros pressupostos acerca do “eu” - sua continuidade. O homem não é também um ser social; é social em todos os aspectos de seu ser aberto à investigação empírica. Ainda falando-se sociologicamente, se alguém perguntar quem é “realmente” um individuo nesse caleidoscópio de papéis e identidades, só se pode responder através da enumeração das situações em que é outra.

A capacidade de transformação da personalidade depende não só de seu contexto social, como também do grau de seu hábito a identidades anteriores e talvez também de certos traços genéticos.

Tudo isso poderia deixar a impressão de que na verdade não existe diferença essencial entre a pessoa comum e aquelas acometidas pelo distúrbio que a psiquiatria chama de “personalidade múltipla”. Desde que se acentuasse o objeto “essencial”, talvez o sociólogo concordasse com isso. O individua tem de recorrer a manobras complicadas para garantir uma segregação de papéis.

Há também pressões internas no sentido de coerência, talvez baseadas em profundíssimas necessidades psicológicas do individuo de se ver como uma totalidade. Para evitar tais ansiedades, as pessoas geralmente segregam sua consciência, bem como sua conduta. A representação dos papeis e os processos formadores de identidade são geralmente irrefletidos e não planejados, quase automáticos. As necessidades psicológicas de coerência da auto-imagem a que nos referimos garantem isso. A sinceridade é a consciência do que se empolga com sua própria apresentação. No coração de todo há um ponto em que ele é eternamente inocente.

Toda estrutura social seleciona as pessoas de que necessita para seu funcionamento e elimina aqueles que de alguma maneira não servem. O sociólogo vira de cabeça para baixa a idéia comum de que certas instituições surgem porque existem pessoas em disponibilidade. Dada sociedade produz seu próprio homem. A teoria dos papéis e suas percepções concomitatesa acrescentam uma importante dimensão à nossa perspectiva sociológica da existência humana.

A sociologia do conhecimento entra em nosso raciocínio para demonstrar que, tanto quanto os homens, as idéias têm localização social. Isso pode servir como definição da disciplina para nossos propósitos: a sociedade do conhecimento trata da localização social das idéias.

A socióloga do conhecimento elucida o que se que dizer ao afirmar que o sociólogo é um homem que pergunta a todo instante: “Quem disse?” Ela rejeita a idéia de que o pensamento ocorra isoladamente do contexto social dentro do qual determinados homens pesam sobre determinada coisas.

O pensamento ideológico, todavia, é capaz de abranger coletividades humanas muito maiores. A ideologia tanto justifica o que é feito grupo cujo interesse é atendido, como interpreta a realidade social de maneira a tornar a justificativa plausível.

É importante distinguir o conceito de ideologia dos conceitos de mentira, fraude, propaganda ou prestidigitação. O mentiroso, por definição, sabe que está mentida. O ideólogo não. A maioria das teorias de conspiração exagera grosseiramente a previdência intelectual dos conspiradores.

O fundamentalismo protestante, conquanto obcecado pela idéia de pecado, tem um conceito curiosamente limitado de sua extensão.

Embora a análise das ideologias ilustre claramente o que se entende por localização social das idéias, seu âmbito ainda é muito estreito para demonstrar o pleno significado da sociologia do conhecimento. A sociologia do conhecimento reivindica jurisdição sobre todo o reino do pensamento. A sociologia do conhecimento indagará como surgiu essa espécies de relação entre estatísticas e salvação. O sociólogo não poderá, naturalmente, fazer quaisquer declarações sobre questões teológicas em si, mais será capaz de demonstra que essas questões raramente têm sido transacionados num vácuo social.

A sociologia do conhecimento ajuda a sintetizar a afirmativa de Thomas sobre o poder da definição social e lança mais luz sobre a imagem sociológica da natureza precária da realidade.

Conclusão

Em suma resta dizer que a sociedade é fruto da natureza do homem, aliada à participação da vontade e inteligência humana.

Necessita para existir, de convivência pacifica de seus membros, que só se faz possível mediante a implementação de normas sociais. Também, vai estabelecer deveres e limites de atuação de cada cidadão.

Mas, para a perfeita configuração da sociedade, fazem-se necessária.

A escolha de um grupo trará consigo também um conjunto de símbolos intelectuais, os quais seriam convenientes exibir com um ar de felicidade.

Nossa servidão para com a sociedade é estabelecida menos por conquista e mais por conluio. Somos aprisionados com nossa própria cooperação.

AUTOR: EDIGLEISSON BATISTA