Al Salam Aleikum

Jandira, 16 de janeiro de 2009

No dia 3 de janeiro de 2009, sábado a noite Israel invadiu a Faixa de Gaza. O objetivo da incursão seria destruir a estrutura do Hamás.

O Hamás com seus mísseis artesanais chamados Qassans e podem ser montados e desmontados em 15 minutos. Cada quintal, cada casa e até lages de edifícios podem ser utilizados para disparar um Qassan, é assim que o Hamás vai se aproximando das cidades israelitas. Apesar de ter pouco alcance, os mísseis do Hamás são disparados cada vez mais próximos das grandes cidades. Num bombardeio foi eliminado um dos líderes do Hamás Nizar Rayyan, que defendia a realização de atentados suicidas contra Israel. O problema todo de uma guerra contra o Haás é que esse grupo usa como estratégia as casas dos civis para realizar seus disparos contra os judeus, nesse caso, quando Israel responde aos ataques atinge exatamente as casas. Quando um guerrilheiro do Hamás é morto, muitos civis, jovens, mulheres, velhos e crianças são mortos com eles. Um dos últimos ataques de Israel atingiu uma escola assassinando um grupo de crianças. Hoje, atendendo ao pedido de cessar para que caminhões de ajuda humanitária pudessem chegar à Gaza transportando alimentos e remédios Israel deu uma trégua de três horas, essa trégua deveria ser respeitada pelos dois lados, o Hamás e Israel.Segundo informações do do Dow Jones, após as tréguas, Israel voltou aos ataques e o saldo de mortes já é maior que 680 palestinos, 3 mil feridos. De acorcom com as informações do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, um terço dos mortos eram mulheres ou crianças. Jé o lado de Israel cxontabilia-se um saldo de três civis mortos e sete militares mortos desde o começo dos combates. O plantão Globo de notícias às 17:50 antes do início de Malhações confirma um total de mais de 700 mortos.

A guerra entre Israel e palestinos começou quando?

Uma eterna pergunta que não quer se calar: Quando essa guerra entre muçulmanos e judeus começou e quando irá ter fim?

Parece mesmo que a relação judeus-muçulmanos ou judeus-palestinos é de um litígio sem fim. Quais são as explicações existentes por trás disso tudo?

O conflito Israel-palestinos sempre se pautou por uma explicação religiosa. A Bíblia é um dos livros recorridos, porém, deve ficar claro que, desde que o homem é homem se inventou uma explicação para as coisas que o próprio homem não conseguia entender. É assim que surgiram as explicações mitológicas, as lendas e as religiões. Por exemplo, como os gregos não tinham uma explicação plausível sobre as tiranias do rei Mínos, então eles criaram a lenda do Minotauro. O homem com cabeça de touro vivia dentro de um labirinto. Ruínas de um antigo palácio foi encontrada na Grécia confirmando a possível existência do rei tirano. A Raposa e as Uvas ilustra aqueles que desistem facilmente das coisas. No passado antigo como não sabia explicar os fenômenos da natureza criou-se os deuses: Poseidon, Zeus, a Medusa que petrificava as pessoas que não decifrasse um enigma, tudo isso era usado para tentar ilustrar ou explicar um fenômeno ou situação. Com outros povos não foi diferente.

Os judeus que diversas vezes foram levados cativos para a Babilônia, trouxe de lá uma versão sobre o Dilúvio colocando como responsável o Deus Yavé. Como na época de Abraão e Ló não se sabia explicar o desaparecimento de duas cidades chamadas Sodoma e Gomorra, utilizaram-se de uma explicação religiosa e fenomenalmente espiritualizada onde Ló e Abraão seu tio são salvos por um anjo. A mulher de Ló olhou para trás e virou estátua de sal. Diz-se que Deus mandou uma chuva de fogo e enxofre, mas na verdade, isso brotou do chão e foi um fenômeno natural. Até hoje é sabido que a terra continua a expelir metais derretidos à mais de mil gaus centígrados, principalmente com os vulcões e seria isso que teria acontecido na época. A Arqueologia descobriu vestígios que comprovam que as duas cidades estariam submersas pelas águas do Mar Morto, devido a uma espécie de avalanche durante as explosões que teriam ocorrido, estas teriam arrastado as duas cidades para onde hoje está submerso por águas. A história do dilúvio também teria mesmo ocorrido na região da Babilônia e foi lá que os hebreus conheceram essa história. Não tem nada a ver com o salvador Noé e nem com o pecado dos homens, essa foi uma versão trazida pelos judeus do dilúvio. Até hoje se recorre a explicações mitológicas e religiosas para colocar medo nas pessoas. A minha mãe falava do bicho papão pra eu não sair sozinho; às meninas da França foi contada a história da Chapeuzinho Vermelho e do lobo mau. O conto servia para os aldeões ensinarem as filhas virgens a fugir de pessoas estranhas, mantendo-as protegidas dentro de casa pelo medo. O lobo mau na verdade representa um homem, quem sabe, hoje, um pedófilo que ameaça as crianças. O capuz e o gorro vermelho representam a fase da menstruação das meninas, quando se tornam férteis e propícias à gravidez, e o conto servia para orientação das garotas para que fugissem aos perigos enfrentados pelas estradas, como estupro ou algum relacionamento sexual forçado. A melhor maneira era contando a história de que havia sempre um “lobo mau” às espreitas, pronto para comer a chapeuzinho e a vovozinha. Um lobo que não perdoa nem adolescentes nem vovozinhas, portanto, é melhor prevenir do que suportar uma gravidez indesejada. Viu pra que servem os mitos. Na Idade Média usava-se o Apocalipse para colocar medo nas pessoas. A sociedade medieval na Europa foi mantida pelo medo do “inferno” e dos “castigos de Deus” entre 476 a 1453, quase mil anos, mantidos pelo medo, superstições religiosas, explicações bíblicas e pelo medo. Nesse período a Ciência ficou prejudicada só vindo a se desenvolver no Renascimento (século XV e XVI) e avançando ainda mais no século XVIII com o Iluminismo. A partir desses séculos o poderoso domínio da Igreja acaba, às verdades absolutas caem por terra e passam a valer as verdades relativas ou científicas.

Quanto ao conflito Israel e palestinos a explicação religiosa começa envolvendo Abraão, Sara e uma escrava chamada Agar. Abrão com 100 anos e Sara com 91 não podiam mais ter filhos, entretanto houve uma promessa de Iavé: Gênesis 15:5, 13. Uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do céu para um velho de 100 anos? Pois é, assim começa a promessa de Isaque. Sara não acreditou e ofereceu sua escrava ao marido. Agar concebeu e teve um filho: Ismael. Nisso, Sara também ficou grávida de Abraão e quando Isaque nasceu (Gênesis 21:2 e 3), Ismael tinha 5 anos. Conta a história bíblica que ainda no ventre o garoto teve que conviver com um trauma. Como? Abraão foi forçado, ela praticamente o ordenou que expulsasse Agar e a mandasse para o deserto (Gênesis 16:4 a 12).

Exposta a todos os perigos e intempéries do deserto,totalmente indefesa, um anjo apareceu e ordenou que Agar retornasse à casa de Abraão. Recebida de volta Agar teve Ismael. Como não bastasse o trauma sofrido ainda no ventre com a expulsão da mãe, depois de nascido, aos 15 anos, Ismael sofreu outro trauma: novamente ele e a mãe foram expulsos da casa de Abraão, dessa vez, em definitivo. Essa é a história das narrações bíblicas.

Quais os motivos que levaram Sara a querer ver Agar morrer à mingua no deserto? Bom, aparentemente nenhum, que justifique tal atrocidade.

A começar pelo nome “ISAQUE”, começamos a entender essa rivalidade entre muçulmanos e judeus. Isaque significa "RISONHO", então, podemos supor que o garoto vivia sorrindo. Sara, mãe de Isaque vivia procurando um motivo para expulsar Ismael. Pois é, ela encontrou!

Aos 15 anos Ismael brincava com Isaque de 5. Os dois irmãos viviam num clima saudável e amistoso, menos Sara. Ismael cresceu ao lado de um garoto sorridente e também sorria enquanto brincava com Isaque, Sara porém, vendo que Ismael sorria, prejulgou o garoto alegando que o garoto zombando de Isaque (Gênesis 21:9. Nesse mesmo trecho, (vs. 14) vemos Abrão expulsar Agar e o filho. A relação do Egito com o povo palestino não é em vão, se considerarmos as narrações bíblicas, pois Ismael teria se casado com uma mulher do Egito (vs.21).

Apesar de as explicações religiosas católicas e protestantes afirmarem que biblicamente toda a área de conflito hoje entre Israel e palestinos pertencerem aos judeus, as próprias escrituras mostram que Ismael fora expulso de sua terra e de sua casa, não importa se era um bastardo, ele era filho de Abraão, o filho mais velho à quem o direito de herança lhe era imputado. É isso que fez com que Sara expulsasse Ismael e Agar de casa: o X da questão está na herança! Só que um dia o filho à casa torna, e foi isso que aconteceu. Alegando direito sobre aquelas terras, tribos de povos palestinos foram se instalando na Faixa de Gaza, inevitavelmente, o povo palestino nada mais é que o irmão que retornou para reivindicar o que já era seu, então perguntamos: será que esse conflito vai ter fim? Claro que não, só se um dia Israel reconhecer o direito do irmão bastardo. Os Estados Unidos piorou a situação declarando-se apoiadores de Israel e a ONU acirrou ainda mais os ânimos com a demarcação que fez. Israel foi reconhecido como nação em 1942 e as áreas destinadas aos palestinos foram definidas ficando Israel no meio. De um lado está a Faixa de Gaza e do outro a Cisjordânia, ambas ocupadas por muçulmanos. Na verdade a brica entre Israel e muçulmanos não se iniciou a partir de 1942, a resolução da ONU só acirrou os ânimos como já disse, o conflito mesmo ultrapassa os 2000 anos, as Cruzadas empreendidas pela Igreja Católica foram realizadas para expulsar os muçulmanos que haviam ocupado a “Terra Santa” no século X. A saga iniciada pelo chefão da igreja, papa Urbano II pretendia libertar Jerusalém das garras dos “infiéis”, porém, não houve muito sucesso. As Cruzadas favoreceram o comércio europeu, mas os muçulmanos continuaram lá. Então, pode-se ver que essa luta que esconde diversos interesses é mais antiga que se pensa. Alegoricamente, se voltarmos à história bíblica veremos a disputa entre Isaque e Jacó como uma metáfora desse conflito. Isaque trapaceado pelo irmão gemio Jacó (como o próprio nome diz, “trapaceiro”) teria se revoltado e se separado. Como uma metáfora da realidade conflituosa entre palestinos e judeus, vemos que enquanto uma disputa preestabelecida de gerações em gerações envolvendo Ismael e Isaque. As escrituras dão conta de que Isaque teria se casado com Rebeca e Jacó que lhe roubou a primogenitura teria se casado com Lia e Raquel filhas de Labão. Jacó teria trapaceado não só ao seu irmão, mas também aos seu sogro. Jacó teria dado origem ao povo judeu e Esaú aos muçulmanos, ambos formaram dois grandes povos. O antecedente entre os dois (Isaque e Ismael e Esaú e Jacó) não é muito bom, já no nascimento, Jacó e Esaú já eram um prenúncio dessas guerras entre Israel e palestinos. Já ao nascer, Jacó teria nascido agarrado ao calcanhar de seu irmão Esaú (Gn.25:25 e 26); diz-se que enquanto Isaque amava Esaú, a mãe Rebeca amava mais a Jacó, e nessa disputa, Rebeca teria ajudado Jacó a roubar a primogenitura do seu irmão (Gn.25:28 a 34). daí em diante, os dois irmãos, ou seja, as duas nações viveriam sempre brigando uma com a outra. Sendo a história de Isaque e Ismael, Esaú e Jacó uma metáfora da guerra entre Israel e palestinos, é possível compreender melhor essa rivalidade, analisando outros fatores. Fora as explicações religiosas, o que move mesmo os conflitos são os interesses econômicos, as estratégias geográficas que se escondem por trás das justificativas religiosas. Recursos hídricos, interesses neocolonialistas norte americanos em relação ao Oriente Médio etc, são apenas alguns entre muitos interesses inescrupulosos que permeiam as intensas batalhas que matam inocentes entre judeus e palestinos. Israel é uma estratégia defendida pelos EUA. Tanto a ONU como os Estados Unidos são cúmplices por apoiarem Israel. Os olhos gananciosos do Tio San percorrem todo o Oriente Médio e Israel serve de trampolim para justificar a dominação imperialista sobre essa área.

Considerações finais:

Está se completando hoje 14 dias da invasão de Israel à Palestina já morreram mais de 800 pessoas: 232 crianças, 92 mulheres, cerca de 60 idosos, além de 6 paramédicos e 2 jornalista. O que Hugo Chaves fez ao expulsar o embaixador israelense da Venezuela é um ato de revolta que deveria mobilizar toda a América do Sul e o Brasil, porém, a falta de conhecimento crítico, a falta de conhecimento do processo histórico e dos interesses inescrupulosos dos Estados Unidos sobre essa guerra entre judeus e palestinos constitui o pior dos entraves que impedem os brasileiros de reagirem contra o massacre de Israel sobre a Palestina. A religiosidade católica e protestante não permite que os brasileiros vejam os palestinos como vítimas, mas como vilões. A religiosidade e a espiritualização das coisas levam os "cristãos" a acreditarem alienadamente nas explicações bíblicas, para eles, tudo começa a partir de Abraão, por meio do qual são justificados todos os massacres sofridos pelos palestinos até hoje. Os alienados chegam a dizer que essa guerra nunca terá fim, visto que toda aquela terra hoje disputada pertence a Israel. Ora, essa visão anula a responsabilidade da demarcação feita pela ONU, camufla o papel dos EUA e o que a própria Igreja Católica fez nas chamadas “guerras santas” a partir de Urbano II, o papa mais safado e covarde da história, os interesses europeus que usou as guerras e os massacres para expansão comercial entre outros. Não há justificativas para as guerras, Deus não mata, o que mata é mesmo a religião que serve para ocultar os interesses, seja ela evangélica, católica, judaica, muçulmana, induismo, budismo ou qualquer outra. A religião é o ópio do povo, diria Karl Marx.

Shalon!