Explicações sobre o surgimento de palavras como “Alma” e “Espírito”.

No princípio do surgimento do homem primitivo, ainda bem arcaico, eles andavam em grupos, pois assim eles se protegiam melhor contra os predadores da natureza. Ora, muitos daqueles que estavam no grupo morriam, seja devido à doenças, ou a ataques de ferozes predadores, seja pela velhice, não importa, muitos entre eles morriam. O que acontecia: o homem, que estava engatinhando sua consciência, pintando em rochas as coisas que ele via em suas jornadas, aprendendo a balbuciar suas primeiras palavras a fim de se comunicar com os demais de seu grupo, estes mesmos homens que viam seus companheiros morrer, e os enterravam, sonhavam com aqueles que tinham falecido. E suas consciências, ainda bem rudes e obsoletas, passaram a si perguntar: como pode eu ter visto meus amigos que já morreram, e que estão enterrados?

Contudo, o que eles não sabiam, e nem poderiam saber naquela época, é que as imagens que vemos cotidianamente ficam armazenadas em nossa memória, e ao dormir, nosso inconsciente (o qual é muito mais antigo e velho do que a consciência), nosso inconsciente mexe, trabalha, brinca com essas mesmas imagens que estão armazenadas na memória. E como o homem quer sempre forjar uma explicação para tudo o que ele desconhece, eles concluíram que deveria existir uma parte imortal, indestrutível dentro do corpo do homem. E que esta parte imortal se liberta após a morte do corpo. Então, eles denominaram esta parte imortal de “espírito ou alma”. Tudo isso devido a conclusões equivocadas e más interpretações sobre as imagens das pessoas que morriam, mas que permaneciam armazenadas na memória do cérebro humano.

Eis uma explicação bem mais plausível, lógica e coerente do que estas que grande maioria das pessoas acredita e que são ensinadas pela maioria das religiões.

E esta interpretação equivocada passou a ser aceita e difundida por onde o homem andava, e era repassada para as gerações seguintes.

O filósofo Sócrates acreditava tanto na existência da “alma”, e que esta era imortal e fonte de todo bem, de todas as boas virtudes, que ele passou a ensinar que o corpo era a prisão da alma, e que este mesmo corpo era o centro de tudo o que é mal, ruim, nocivo, perigoso. Logo ele passou a desprezar e a caluniar o corpo, e a idealizar com ávida paixão sobre a “alma” e seus benefícios quando esta se libertava de seu cárcere, o corpo. Consequentemente, ele passou a crer, assim como os homens primitivos, em pós-mundos, em vida após a morte. E Sócrates cria tão cegamente nisso, que ao estar preso, e o tribunal ateniense discutia sobre o que fazer com ele, que seus discípulos foram até a sua prisão para soltá-lo, para ajudá-lo a fugir. Ele recusou, pois na verdade Sócrates odiava o mundo e o corpo, e ele aceitou de bom grado, sem hesitação, tomar a letal cicuta, pois ele cria que só a morte poderia libertar a “alma” desta prisão pecaminosa chamada de corpo.

Não é por coincidência que as idéias de Sócrates se assemelham por demais aos ensinamentos de Jesus Cristo. Por isso, muito eruditos e filósofos classificam o cristianismo de neosocratismo, ou neoplatonismo, já que Platão era um discípulo fervoroso de Sócrates. Jesus sempre dizia “a carne para nada presta”, “O Espírito está pronto, mas a carne é fraca”, etc. O apóstolo Paulo era mais perverso ainda em relação ao corpo, ao dizer tais frases como: “ A carne é inimizade contra Deus; A inclinação da carne é morte, mas a inclinação do espírito é vida e paz”, entre várias outras passagens semelhantes a estas. Devemos nos lembrar que tanto Jesus quanto Paulo nasceram no período de hegemonia Romana, e os judeus eram cativos do povo romano. Em compensação, Roma era completamente influenciada pelo helenismo da cultura, das artes e da filosofia grega, e certamente os povos dominados pelos Romanos receberam toda a influência do helenismo grego, e por conseguinte, não duvido de que tanto Jesus, e principalmente Paulo tenham tido contato com o pensamento socrático e platônico. Na realidade, o Cristianismo nem deveria se chamar cristianismo, mas sim Paulinismo.

Desprezar o corpo que é a coisa mais verdadeira que possuímos, em troca de supervalorizar e idealizar conceitos totalmente abstratos e hipotéticos tais como “espírito e alma” é a maior estupidez possível, objetivando pós-mundos que não se podem ter certeza se de fato existem, pois na verdade não passam de conjecturas, alucinações conceituais frutos de mentes que não gostam nem de si mesmos, e nem do mundo no quais se vivem.

Outros exemplos de más interpretações de nossos ancestrais foram com relação aos fenômenos da natureza. Quando chovia muito, e a tempestade expelia raios, relâmpagos e trovões, o homem (que não entedia nada de metereologia) passou a concluir que aqueles raios, relâmpagos e trovões só podiam ser produtos de um ser poderosíssimo, o qual eles passaram a chamar de deus. Basta investigar a cultura dos povos antigos, e iremos ver que havia um deus específico para tudo o que o homem não conseguia entender corretamente: criaram o deus para a chuva, depois criaram o deus para a agricultura(eles não entediam como uma simples semente podia fazer brotar uma árvore, logo devia ser o resultado do poder de um deus), criaram o deus para o fogo, o deus para os relâmpagos, o deus para os mares(Já que não entediam sobre as variações da maré), e assim sucessivamente. Tudo o que o homem não conseguia explicar, não conseguia entender, ele passou a atribuir a algum deus criado por ele mesmo. Uma das “divindades” mais cultuadas pelos povos antigos é o Sol. Ora, quando o homem olhava diretamente para o sol, seus olhos não suportavam olhá-lo por muito tempo.se o sol não permitia ser visualizado por muito tempo pelos olhos humanos, deveria ser porque ele era um ser poderosíssimo, logo deveria ser um deus. Depois este mesmo sol, que se localiza bem no alto, lá no céu, sumia quando a noite adentrava. Para onde teria ido este ser, este sol? Logo apressadamente deduziram que o sol era também um deus, um grande deus, e este mesmo deveria ser cultuado.

Havia também uma crendice naqueles tempos, de que se um ser mortal (o homem) olhasse para um ser divino, o corpo humano não suportaria a presença deste ser divino. Por isso que Móises, ao ver a sarça ardente em chamas sem contudo não se autoconsumir, e ao ouvir uma voz divina, ele escondeu o rosto entre as mãos, devido esta crendice ser popular naquele período histórico.

Vocês estão percebendo que toda a criação dos deuses feita pelos homens foi resultante de interpretações, deduções equivocadas sobre tudo aquilo que eles não conseguiam explicar, entender? Hoje nós temos a ciência, e seus derivados, para analisar e explicar com provas concretas sobre esses fenômenos que o homem primitivo não entedia. E sempre que o homem consegue obter uma explicação plausível, concreta e lógica sobre uma determinada coisa, o misticismo que antes havia sobre esta coisa morre, desaparece.

Por tanto prezados amigos, analisemos e investiguemos as coisas para obter a real veracidade sobre elas, e deixemos de ser preguiçosos e acomodados no campo do pensar, como a grande maioria faz, aceitando tudo o que dizem sem se sequer questionar, sem ponderar, sem refletir sobre a autenticidade de tudo o que chamam de “verdade e de certeza”.

Como dizia o grande filósofo Aristóteles: A dúvida é o princípio da sabedoria.

E “Todo grande pensador é um ser cético” (Nietzsche).

Venham comigo meus estimados amigos, e arranquemos todas as máscaras místicas, espirituais e divinas nas quais se escondem todas essas verdades e divindades tidas como sagradas, e revelemos a nudez grotesca, mentirosa e falsa que os constituem.