A Bíblia cativa

A Bíblia cativa, Cristo no céu e a Igreja ausente.

Para Antônio G. Mendonça as igrejas brasileiras passam por uma crise eclesiológica provocada pelo distanciamento entre a tradição teológica que pesa sobre as igrejas e a contínua pressão dos organismos eclesiais internacionais exercem sobre elas.

Para o autor, as igrejas possuem uma teologia que não há necessariamente correspondência entre história da salvação e a história humana no que se refere ao tempo e ao espaço. Faz-se necessário a compreensão que embora a história de salvação tem sido consumada na eternidade a Igreja como expressão e testemunho dessa história, não se exime das contingências humana uma vez que é ao homem que ele serve.

É preciso investigar na Bíblia uma intima ligação histórica para daí ajustar sua espiritualidade e sua práxi.

Tanto a visão cristológica católica como a protestante são reducionistas: a primeira apresenta um Cristo morto à outra um Cristo assunto aos céus. Contudo, a teologia Católica vem passando por uma reforma cultivando uma consciência crítica da realidade social em relação a Bíblia em quanto a protestante se enrijecem e se acomoda à expectativa do Reino do milênio. Essa visão protestante implantou na América Latina, um dilema em relação a Cristo e a Igreja: ou Cristo arrebata a Igreja ou desce novamente a encerrar a história e inaugurar o milênio. São expectativas de plenitude além da história.

Mendonça apresenta algumas imagens do Cristo que se inseriu na mentalidade do protestantismo latino-americano: O Cristo solitário na cruz, o qual tem um papel instrumental, ou seja, visa avivar no individuo sua consciência de culpa e leva-lo à conversão pelo arrependimento. O Cristo da verdade, e o Cristo da neo-ortodoxia que tem em Barth seu expoente para quem a revelação de Deus não é algo abstrato, mas sempre presente em Jesus Cristo.

No tocante a eclesiologia da América Latina é marcada pela salvação individual, desvalorização dos sacramentos e pelo miticismo do protestantismo positivo. Formando a mentalidade redutora da eclesiologia.

A teologia da América Latina busca o Cristo libertador o qual ganha sentido pois a igreja latina precisa de libertação.

Mediante o histórico de opressão e pobreza a que estão submetidos os latino-americanos há dois canais de saída religiosa: o primeiro é o petencostalismo e o segundo, os CEBs.

Segundo Antonio Mendonça, a crise eclesiológica das igrejas latino-americanas parece, pois, residir em alguns pontos fundamentais:

• Não fazem nenhuma espécie de analise conjuntural

• Não superaram o conceito de verdade e racionalidade que as leva a separar vida cristã e contingência da vida material e moral

• Não superaram o conceito de que as igrejas do Norte têm essa verdade

• Perderam a leitura da Bíblia por causa de doutrinas e de chaves hermenêuticas consideradas verdades universais

Para que aconteça a reforma cristológica eclesiológica é preciso:

• Diante da mobilidade social e histórica as igrejas façam analise conjuntural constante

• Liberdade e profundidade nos estudos bíblicos

• Renovação nos currículos de educação teológica com ênfase nos estudos bíblicos sem anteparos ideológicos.

Ramon Bispo dos Santos