Aprender a duvidar

Desde o princípio de tudo, que de uma maneira ou de outra, se registra a história. No início era contada de pessoa a pessoa. Depois traçada em alguma superfície. Até que hoje em dia existem diversos recursos com a finalidade de se guardar para a posteridade o que ocorre, o que acontece no dia-a-dia.

Nos livros escritos, sejam eles em papel, e-books, falados, etc., armazenam-se os momentos vividos por determinado povo. Este registro literário trará para seus leitores o retrato explanado daquele instante, no ângulo de quem o anotou. Ou, em muitas vezes, na ótica daquele que deixou ou mandou alguém escrever a seu modo. Assim sendo a narrativa terá sempre dois ou mais argumentos para um mesmo período.

As anotações históricas oficiais invariavelmente trazem em seu conteúdo a opinião do povo dominante daquele momento. É o que sempre ocorre. Não obstante haverem escritores ditos paralelos que fazem as suas críticas conforme sua análise pessoal, a grande maioria das vezes, negando as escrituras interpretadas pelos que ditam as regras naquele período.

Por essas e por muitas outras situações é que se deve sempre duvidar dos registros, quer sejam oficiais ou genéricos, pois se pode estar dando credibilidade a fatos que não correspondem à realidade, ou seja, tenham muita diferença entre o ocorrido e o registrado.

Na história da humanidade se depara, quase sempre, com situações que merecem ser censuradas. Prova-se por A+B que a mentira ou a omissão ou o exagero andam sempre juntas nos compêndios onde se escrevem sobre os comportamentos humanos desde seus primórdios.

Igualmente, desde os períodos mais antigos, passando pelo Homem de Java, chegando à Idade da Pedra, atingindo os nossos dias com a queda do Muro de Berlim, ou até há pouco com o assassinato de Saddam Hussein, necessário se faz sempre analisar, e nunca acreditar piamente em quem está grafando.

A nossa história é repleta de erros e enganos, de exageros e contradições. Assim é de bom alvitre se ter parcimônia nas nossas ponderações, críticas e pareceres. Duvidar é a regra. O justo, geralmente, paga pelo pecador. Pensar ainda é o nosso maior patrimônio.

A dúvida não surgiu anônima nem nasceu do acaso. É criação da ciência com o intuito de melhorar o assunto estudado. Acreditar sempre é muito fácil. Difícil é descrer, porque exige argumento, conhecimento, imaginação e autoridade. Somente acredita em tudo quem não tem argumento para poder descrer.

José Arimatéia de Macêdo – Médico

Site: www.arimateia.com