CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO: PARA QUÊ?

Uma característica da Idade Média eram as Corporações de Ofícios. Artífices, artesãos, comerciantes e outros criavam "capitanias hereditárias" nas suas artes. Apenas os levados por suas mãos conseguiam a licença para exercer alguma atividade. Assim, tinham uma "reserva de mercado" inabalável. Logo a seguir, lá pelo Séc. XVII, essas corporações começaram, por anacronicas, a serem desmanteladas pela Europa. Mas não em toda a Europa. Por uma característica própria, mantiveram-se e floresceram em terras lusitanas. E foram trazidas, com pompa e circunstância, para o Novo Mundo. E nós, os colonizados, ainda hoje nos orgulhamos (sic) de impedir acesso a profissões. A não ser que...

Vemos conselhos que cometem barbaridades. O Conselho de Farmácia obriga - amparado por alguma lei de encomenda - que todos os estabelecimentos de comércio de medicamentos paguem-lhes contribuições anuais. O dízimo. Obviamente, sem direito a voto. Outorgam-se o direito de multar estabelecimentos do ramo que não se adequem a alguma de suas normas. Impõe, aos empresários farmacistas, número de farmacêuticos a serem contratados (herança maldita getulista, com sua expressão máxima nos sindicatos de estivadores). E uam gracinha a mais: lugares de difícil acesso não precisam de farmacêutico. Ops! Fiscalizar comércio? Os Conselhos não são para a fiscalização das profissões e dos profissionais?

O Conselho de Administração não. Encontram-se, nas gerências e direções dos mais variados tipos de empresas profissionais não qualificados nos bancos escolares. Ah, mas o fulano tem tantos anos de experiência e conhece a fundo os assuntos da empresa! Curiosamente, já encontrei pessoas que conhecem a fundo hospitais e nenhuma delas, mesmo que com 30 anos de experiência como auxiliar de enfermagem tenha sido nomeada Gerente da Neurocirurgia, por exemplo. Trabalhadores em orgãos da justiça, por mais antigos e experientes, profundos conhecedores dos caminhos e descaminhos, também não são nomeados Juízes.

Consultei, certa vez, o CFA sobre as chefias intermediárias nas Universidades Brasileiras. A resposta é que nada podiam fazer, visto a "autonomia universitária". Aceitará o Conselho Federal de Medicina tal argumento? Ou a Ordem dos Advogados do Brasil? O Conselho Federal de Nutrição permitirá que eu, administrador - e afinal, como outros portadores de diploma de nível superior, também tenho o primeiro grau completo! -, passe a ser responsável por esse Curso? Parece-me que o que falta mesmo é vontade política do CFA.

Assim, se vc morar numa capital ou em Brasília, talvez você possa aproveitar do que os dirigentes dos conselhos tanto se ufanam, a "sede própria"!

Não moro em capital. Nem em Brasília. Preciso de um conselho que seja atuante nas suas funções primordiais. Não me servem os "lubrificantes íntimos" de sede própria e jantares de confraternização.

Não pago dízimo ao Conselho Regional. Nem ao CFA!