Observações sobre a Vida no Coletivo

Não se sabe ao certo quando começou... Talvez, nesta nossa sempre selva de sobrevivência tenha se iniciado com os primeiros líderes que descobriram que o real poder não lhes pertencia de fato, e para que a maioria que poderia dominar em igualdade não descobrisse, iniciou-se o processo de manipulação e influência nas mentes.

Sempre foi assim: quem adquiria o domínio sobre os demais se utilizava de recursos que eram sempre pensados e desenvolvidos para manter-se no poder, e continuar usufluindo sobre os demais que eram mantidos como uma mina de extrativismo.

Essa tática se seguiu através dos tempos. Foi usada, disfarçada de boas intenções. A história da humanidade está repleta de exemplos. Seja através da política, seja através da religião, seja através do constragimento.

Nos dias atuais, as táticas antigas ainda se fazem presentes, mas bem mais aprimoradas. Funcionam, pois as pessoas ainda não mudaram, condicionadas que estão com seus pensamentos aprisionados. Por isso, o mundo ainda não mudou e segue cada vez mais para a destruição.

Entre partidos de esquerda, direita, radicais, liberais, religiões, filosofias, verdades absolutas, está uma maioria que é bombardeada diariamente com um excesso de informações que não podem absorver por estarem também sendo mantidas condicionadas a não pensar. Na luta pela manutenção do poder, há tiroteios de informações onde quem está em meio a isso sempre acaba levando uma bala perdida.

Um bom exemplo é a tática da imprensa falada: o excesso de informações seguidas umas das outras e diferentes em conteúdo são apresentadas como são, para que o espectador não tenha tempo para raciocinar, refletir e concluir. O resultado é um grande número de pessoas obtendo informação, reproduzindo-as, mas não formando opinião convicta sobre. E se formando, determinadas notícias são colocadas em certa ordem para que uma contribua após outra para que o resultado seja satisfatório para quem quer influenciar. Isto porque a maioria das pessoas é previsível.

O modo como as notícias são dispostas num jornal e revista também possuem uma tática. Há uma 'poluição visual' que agride os olhos dos que não tem o hábito da leitura, e esses também fazem parte da maioria.

Certa vez eu me posicionei num lugar estratégico numa banca de jornal onde os compradores podiam folhiar o jornal antes de comprá-lo. O que foi observado é que um jornal tão cheio de informações e páginas é comprado por notícias específicas. O ato da compra era feito após o comprador se deparar com o tipo de notícia que buscava numa sessão determinada: seja esporte, seja sobre tv, seja policial, seja tecnologia, e assim vai.

Olhos destreinados a leitura, passam por tantos quadros com letras minúsculas e lêem apenas o que interessa: propagandas em letras garrafais, informações necessárias em pequenas letras. E o que é verdadeiramente útil é deixado de lado, pois estamos condicionados a isto. Há quem leia sobre política para ter o que responder na roda de conversa de amigos. Há quem não leia por não ter interesse e estar desacreditado. Há quem leia por precisar formar opinião, pois o assunto se relaciona a uma área em que este precisa se mostrar conhecedor.

Em reportagens especiais na tv, em um ano, quantas vezes dizem que comer ovo ou tomar café é benéfico e é nocivo? Mudam de opinião com a Lua muda de fases e as estações mudam. Afinal de conta, pode ou não pode?

Já perceberam em que época do ano surge as propagandas de inseticidade e pomadas para alergias e frieiras? Então percebam: todo o resto funciona do mesmo modo. Você é induzido a consumir determinado produto em determinada época do ano. Já perceberam que durante o programa o áudio de sua tv tem um nível, e quando passa uma propaganda o nível sobe? Vocês sabiam que a música na propaganda ajuda o consumidor a não esquecer o produto?

As mesmas táticas são usadas no consumismo. Mensagens são lançadas ao subconsciênte de maneira discreta. Um bom exemplo é uma antiga marca de sabão em pó que se utiliza a comoção emocional para vender seu produto. Um lindo cenário em meio a natureza, crianças brincando e um aviso para que se sujem, pois se sujar faz bem. Quem garante que podemos nos sujar, garante que pode limpar. Não há explicação detalhada do por que se sujar faz bem... Mas se a criança loirinha de olhos azuis com carinha de filho de rico se suja, o meu que é pobre também pode. E ninguém explica a diferença de poder se sujar e não ser asseado. Uma outra marca utiliza-se dos recursos modernos de efeitos gráficos visuais para comparar a própria marca com outra. A outra marca não limpa sujeira de meia de criança que escorrega pelo assoalho, mas a proposta segundo demonstração é que a marca que se vende, limpa. Mas ao colocar de um dia para o outro as meias imundas das crianças no tal sabão, as meias não limpam. Ainda é necessário o recurso antigo para deixá-las impecáveis. E mesmo assim, o consumidor não troca de marca, pois a idéia da apresentação do produto está ativa em seu subconsciente.

Um shampoo promete cabelos mais lisos ou cachos mais volumosos. E há os grupos de especialistas em cabelos que advertem: um shampoo não faz tal coisa. Os fios de cabelo não possuem absorção para que um produto obtenha esses resultados, e para que isso venha a acontecer ao longo do uso, é necessário que a substância seja absorvida pelos poros capilares para que então os novos fios nasçam de tal modo. E nós, diante da diversidade de marcas nas longas prateleiras de cosméticos ficamos sem saber o que escolher, pois estamos entre a promessa no rótulo do shampoo e o que nosso cabelereiro diz.

Por anos alguns produtos são comprados no supermercado do bairro quando há necessidade de comprar apenas o que precisa ser reposto na dispensa. Por anos, utilizamos apenas determinada marca de determinado produto. Certa vez, ao abrir o pacote de pão de forma, ele esfarelava. Não era a primeira vez que um produto encontrava-se em péssimo estado. Cansada de reclamar com o supermercado, entrei em contato com o SAC do fabricante. Pediram a série do código de barras e o número do lote. Assumiram que um dos lotes saiu como que por engano dos depósitos e estes apresentavam características que anulavam a qualidade do produto. Foi nos enviado então, um novo pacote de pão de forma, mas de outro tipo: sem casca. Aproveitou-se da oportunidade de desfazer a má impressão e vender outro produto mais caro e de menos rendimento.

Tenho o hábito de comprar marcas diferentes para experimentar. Comprei uma marca de feijão de preço bem inferior e percebi que a compra deste era maior que das outras marcas. Comprei acreditando que apesar do preço, havia boa qualidade. Não era o tipo 1, então precisei separar os grãos. Ao separar, a quantidade de grãos não aproveitáveis era quase o mesmo dos que poderiam ser cozidos. Foi justificado o valor do produto que, apesar de estar especificado na embalagem um quilo, você aproveitava meio.

A mesma tática está em venda de carros, celular, roupa, enfim em tudo o que promova a auto-imagem. A auto-imagem que afirma o individualismo necessário para o sucesso destas táticas. Se alguém pensa em si mesmo, ora não pensará no outro a não ser que exista um interesse próprio ou uma segunda intenção. Se alguém pensa em si como um todo, seus atos e pensamentos tentarão beneficiar a todos, pois todos estando bem, eu também estarei. Não é contraditório, é o senso do bem comum coletivo.

As religiões também têm usado das mesmas táticas, e penso eu que a publicidade inteirando-se disto, passou a utilizar os mesmos recursos. As táticas são bem mais antigas que imaginamos, mas mudam apenas de aparência, e ainda funcionam. Não recrimino religiosos... A vida está difícil demais... A religião é para muitas pessoas a única coisa para se apegar e continuar. É preciso crer em alguma coisa para gerar esperança... Tirar a crença de alguém é cruel... Talvez seja a única coisa que tenham. Então não falo sobre religioso quanto a religião, mas de religião quanto ao religioso, embora há varios tipos de religiosos à fanáticos: o dos templos, o das seitas, do futebol, do partido político, da influência...

Como ganhar adeptos? Estamos num Universo Dualista. Em nossa vida a maioria das opções que surgem são feitas de dois caminhos onde um deve ser escolhido para seguir, pois quem não escolhe é considerado 'em cima do muro'.

Ontem, meu irmão me contou impressionado como ele sempre esteve enganado sobre Davi. Ele entendia Davi como um homem perfeito, decente, reto ao extremo, por sua devoção a Deus. E quão grande foi sua surpresa ao assistir um sermão onde foi explicado que Davi foi uma pessoa comum, como todos nós, e assim como nós ele muitas vezes comenteu faltas graves. Expliquei-lhe que foi exatamente o que ele ouviu. E que não é àtoa que muitos trechos dos Salmos são pedidos de perdão e arrependimento, como também se pode entender em muitos trechos o temor quanto as consequências de seus atos. Até ouvir o sermão, mesmo lendo a Bíblia, meu irmão interpretava Davi segundo o que apresentaram primariamente à ele. Após o sermão, lendo os mesmos textos, passou a ver Davi de modo diferente.

Como fazer uma pessoa seguidora de sua verdade? Apresente o bom e o ruim, e mascare-a como proveniente de Deus e outra do Diabo. O que acham que será escolhido?

Recebi uma pequena mensagem onde um pastor era questionado sobre a utilização de um site de relacionamento e se usa-lo era coisa do Diabo. O pastor respondeu que muitos dos fatos ocorridos ao longo da história foram cometidos pelo Diabo antes da existência de Orkut, Hi5 e Msn. Eu não tive outra coisa para responder a quem me enviou: Vocês acreditam mais no Diabo do que em Deus, pois vivem apontando os lugares possíveis onde ele pode estar e vivem testemunhando suas proezas. Há muita coisa que o próprio ser humano empregnado de mal faz, e o Diabo não precisa mover um dedo.

Não me é relevante a concepção de cada um quanto o que é ou não é o Diabo, eu respeito e cada um tem um ponto de vista, está não é a questão. Reflito se o Diabo não acabou sendo obra da própria religião que o torna tão realista e ativo para se justificar os atos de maldade, e assim a religião se faz compreendedor dos erros alheios ganhando confiança e crédito. Minha mente não consegue conceber que exista Diabo na vida de quem se diz devoto a Deus. Mas, a religião prega assim, e ainda diz: 'se não fizer de tal modo, obedecendo, não herdará o reino dos céus e queimará no fogo eterno!'. Isto não é uma tática de manipulação? Se não, não é algo contraditório? O Deus de amor fulmina antes mesmo do julgamento no juízo final? Ah! Existem os servos de Deus eleitos por Ele e que falam por Ele, e determinam por Ele... Então, vemos religiosos determinando setenças antes de um julgamento, e muitos outros afirmando convictos que atravessarão os portais celestes pois se é salvo pela fé! E pelo visto, condenado também por fé: pela fé de quem condena!

Há uma frase que diz que "quem está em cima do muro não possui opinião', e ela também pode ser considerada recurso da mesma tática. A frase refere-se a pessoas sem opinião ou indecisas que não formularam suas convicções. Eu digo que quem se enquadra nesta frase não possue opinião formada, mas pretende faze-la. Ela pode referir-se a neutralidade e respeito pelas convicções alheias, ou a não possibilidade de escolha em tudo que já existe.

Mas hoje, ela é aplicada por quem falsamente se afirma convicto para obrigar quem não está do mesmo lado a escolher uma posição. Muitas pessoas escolhem um lado sem conhecê-lo em profundidade, e o fazem apenas para se enquadrarem e não serem tachados de 'indecisos'. Estar em cima do muro não é permitido, e quem não escolhe de que lado brigar, é colocado às margens. É semelhante a uma guerra e o campo de batalha: vários homens reagem violentamente contra seu oponente, não tendo na verdade nada contra ele e tendo o visto pela primeira vez no momento do ataque. Ou ainda assemelha-se a uma luta de box no ring: para poder revidar ou atacar o oponotente com violência necessária para nocautiá-lo é necessário criar nos bastidores um motivo ou estímulo para faze-lo. Estar em cima do muro determina hoje que você não quer brigar. Quem escolhe um lado vive em disputa para estar com a razão, e quem sofre? Quem está em cima do muro.

Essas pessoas em cima do muro são a maioria. Pois diante de direitas e esquerdas, quem pode estar certo? Diante de religião e religiosidade, qual caminho a seguir?

Em tudo o que nos é dito, a mais propensa verdade é fornecida para que as demais informações que se seguem possam seguir o 'embalo' da suposta verdade apresentada. As táticas de condicionamento, manutenção da mesma e influência estão sempre mascaradas com uma verdade em comum.

Conclui errado? Observei e interpretei erroneamente? Não sei... Sou um ser que pensa. Sou um ser que raciocina. Sei o que vejo e disto eu falo. Sei que posso ver. E mesmo que meus olhos sejam arrancados, ainda assim irei ver.

Utopia das utopias? Talvez... Pois a humanidade é enquadrada nesse condicionamento por séculos e as mentes não podem ser libertas do dia pra noite. Tudo está perdido? Não! Se nós não podemos libertar a mente, quem sabe poderemos permitir que nossas crianças o façam.

Estas são as conclusões que se baseam em minhas observações em diversas situações. Quem sou eu? Uma mãe de família que acredita que ser mãe não é apenas colocar filhos no mundo nem atender todos os seus desejos, mas educá-los, informa-los, torna-los aqueles que mantém nossas tradições, são nossos futuros cidadãos, sementes das próximas gerações neste solo que também é mãe gentil.

A Vida não é uma teoria que exija ser comprovada cientificamente: para se certificar dela, basta viver. - Shimada Coelho

São Paulo, 27 de Fevereiro de 2009.

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O Doshdosh publicou um brilhante artigo sobre as 7 táticas utilizadas para influenciar pessoas nas propagandas. Este artigo é baseado naquele.

As propagandas existem para isso mesmo: influenciar o pensamento e o comportamento das pessoas de acordo com o interesse do patrocinador destas propagandas. O segredo delas é o envolvimento emocional que elas tentam proporcionar a seu público-alvo. E aplicar estas técnicas é relativamente fácil.

Certamente não deve ser considerado correto utilizar estas táticas para enganar seus leitores com notícias inverídicas. Contudo elas podem ser utilizadas para melhorar o apelo das notícias para o seu público-alvo.

Conhecer estas táticas também é uma forma de pensar criticamente sobre campanhas e ficar menos suscetíveis a elas.

Os criadores de conteúdo na web (blogueiros, principalmente) podem utilizar-se destas técnicas para sobressairem-se na imensidão de informações que a internet proporciona.

As táticas são explanadas a seguir. O nome delas foram traduzidas livremente e eu recomendo a leitura do artigo original: “A arte da propaganda: 7 táticas comuns utilizadas para influenciar o comportamento”

1. Associação negativa

É a ligação de uma pessoa ou idéia a um conceito negativo, ou melhor, um conceito sobre o qual a opinião geral é que seja inerentemente negativa. O objetivo é fazer as pessoas rejeitarem essa pessoa ou idéia sem maiores exames. É uma tática muito utilizada associada ao sarcasmo e ridicularização. Exemplo: “A empresa de software A tem praticado técnicas terroristas de marketing”.

2. Generalização brilhante

É o inverso da Associação Negativa. Utiliza-se de conceitos muito valorizados para atrair aprovação. Exemplo: “Enquanto isso o Software Livre nos guia a um mundo de Democracia e Liberdade”.

3. Transferência

É a técnica que busca transportar a autoridade e aprovação de algo respeita e reverenciado ao que o propangadista espera que você aceite. Imagine, por exemplo, o impacto de ilustrar uma campanha pelo Software Livre com a seguinte imagem

4. Testemunho

Conceito semelhante à Transferência. Procura-se alavancar a experiência, autoridade e respeito de alguma pessoa para apoiar uma idéia. Algo como dizer que certa idéia está de acordo com os ideais de alguém como Ayrton Senna, Gandhi ou a Lady Di.

5. Pessoas comuns

Nesta técnica o propangadista coloca-se na mesma posição que a média de seu público-alvo , demonstrando a capacidade de compreender seu universo. Algo como “Eu também sou usuário deste tipo de programas de computador e sei o quanto você deseja …….”

6. O melhor lado da moeda

Esta é basicamente uma tática de manipulação. Enfatiza-se os argumentos a favor do lado que se deseja de determinada idéia e minimiza-se ou reprime-se os argumentos divergentes.

7. A maioria vence

A premissa desta técnica é sugerir que se todo mundo está de acordo com determinada idéia, você também deveria estar. Isso reforça a tendência humana de estar do lado do vencedor.

FONTE:

A ARTE DA PROPAGANDA

http://www.doshdosh.com/the-art-of-propaganda-seven-common-techniques/

EM PORTUGUÊS:

http://blog.cidandrade.pro.br/citizenship/as-7-taticas-de-marketing-para-influenciar-pessoas-que-todos-devem-conhecer/

[Nota: a Publicidade aprendeu com as manobras religiosas e políticas? O mesmo mecânismo de manipulação e influência é aplicado em todas as áreas...]

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 27/02/2009
Reeditado em 09/03/2009
Código do texto: T1460988
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