8 DE MARÇO- DIA INTERNACIONAL DA MULHER

TRIBUTO AS MULHERES TRABALHADORAS DO SEMAE DE PIRACICABA E A FRANCISCA JÚLIA DA SILVA MÜNSTER POR NOS AJUDAR A DESCOBRIR O CAMINHO DA POESIA! SARAVÁ!

Crisálida

Ana Marly de Oliveira Jacobino

Sorvo o seu néctar, níveo abundante,

flui adocicado, grosso, livre,

feito de uma energia inebriante.

Busco a cada gota, sentir,

umedecer os meus lábios no

sabor da sua carne intumescida,

ainda jovem, vibrante.

Vou então;

enroscando, lambuzando, pulsando,

meu corpo no seu corpo presente,

você, transmutada em puro êxtase,

Amamentando esse ser onipotente!

Mulher, esposa, mãe.

faxineira,operária, médica...

amada, amante,menina.

Mulher de mil faces, mil caminhos, mil vidas,

esconde no interior da sua carne retorcida,

mais um pequeno ser, um embrião,

assexuado, frágil, vida latente!

Graças ao seu corpo,

um dia virá ao mundo,

e se transformará:

Em mais um ser humano!

Um pouco de História

No dia 8 de Março, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram trancadas na fábrica e logo após, um incêndio criminoso se inicia, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Desde esta data, o que vemos é a mulher cada vez mais se questionando e sendo questionada sobre as suas escolhas! Existe uma dúvida que paira sobre todas: o de investir seu tempo e seus esforços em uma carreira profissional ou dedicar-se à construção de uma família. Para elas, a vontade natural de ter filhos pode se tornar um problema.

No rastro das grandes mutações político-econômico-sociais que se aceleraram no século XX, as relações homem-mulher foram profundamente alteradas e, conseqüentemente, se alterou o sistema familiar: a mulher transpõe os limites do lar (onde há séculos cumprira o papel de "rainha do lar" que o sistema patriarcal lhe destinara) e ingressa no mercado de trabalho. A grande maioria concilia família e trabalho. É que nestes tempos de globalização, o trabalho da mulher é uma necessidade para o sustento da família.

Como a poesia modifica o universo feminino

A poesia esta no nosso dia-a-dia. Desde o nosso nascimento somos envolvidos na poesia, da canção de ninar ao hino nacional. Como é emocionante recordar a letra da música do primeiro beijo, do primeiro baile. A poesia sussurrada no seu ouvido pelo namorado apaixonado, sem dúvida, vai acariciar-lhe a alma, e, nunca será esquecida!

A poesia consegue invadir a mulher sem tocar na sua carne!Vinicius de Moraes declamou assim para uma das suas amadas:

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Por saber usar as palavras poéticas, Vinicius de Moraes, mesmo não sendo um homem bonito, amou e foi amado intensamente. Neste soneto, Vinicius proclama a fidelidade, mesmo sabendo que a sua alma apaixonada não podia ser fiel a uma única mulher.

A mulher e a poesia

Poeticidade e emancipação têm-se associado na construção da individualidade social da mulher, desmitificando a sua submissão ao homem. A figura feminina, muitas vezes submissa, vem sendo substituída por outra que escuta a sua voz interna e enfrenta desafios.

Uma mulher sobressaiu em um universo inteiramente dominado por poetas do chamado sexo forte, FRANCISCA JÚLIA DA SILVA MÜNSTER (Xirica 1871-1920), provou que mulher também sabia fazer poesia de qualidade! Francisca criou versos perfeitos e em nada ficou a dever à chamada "trindade parnasiana" (Olavo Bilac, Raimundo Correa e Alberto de Oliveira, que foram seus admiradores e principais incentivadores).

Imaginem “ser mulher e poeta” no final de 1800 e início de 1900! A sua poesia enérgica, vibrante, marcou para sempre a história da mulher e a poesia brasileira. Aos 46 anos, recebe a maior homenagem que lhe prestaram em vida, quando um grupo de admiradores organizou, em 1917, uma sessão literária e ofereceu seu busto à Academia Brasileira de Letras. Era a consagração da talentosa artífice de versos, da "Musa Impassível", como ficou conhecida.

Em 31 de outubro de 1920 morre se marido (Filadelfo Munster) a quem foi extremamente apaixonada e dedicada. A morte do seu companheiro foi arrasadora para a sensível alma poeta, cuja emoção não pode conter. Confessou aos amigos que sua vida não tinha mais sentido sem a companhia do marido. Retirou-se para repousar em seu quarto e ingeriu uma dose de narcóticos para conseguir dormir. No dia seguinte, ao abraçar o caixão onde jazia o corpo inerte do esposo, num último e emocionado adeus, Francisca Júlia, literalmente morre de amor. Falecia aos 49 anos.

No meu trabalho de mestrado resgatei esta mulher poeta (e pesquisei muitas outras mulheres), pois a despeito da importância incontestável de sua obra, Francisca Júlia ainda não ocupa o lugar que lhe é devido no cenário da poesia brasileira, talvez por "esquecimento" dos estudiosos da literatura brasileira e dos críticos literários em geral.

Nos livros didáticos adotados nas escolas secundárias (pelas quais trabalhei por muitos anos) e nas universidades, pouco ou nada se encontra sobre a poeta e sua obra. É uma falta de respeito à sua memória e uma dívida a ser resgatada com a literatura de língua portuguesa.

A FLORISTA

FRANCISCA JÚLIA DA SILVA MÜNSTER

Suspensa ao braço a grávida corbelha,

Segue a passo, tranqüila... O sol faísca...

Os seus carmíneos lábios de mourisca

Se abrem, sorrindo, numa flor vermelha.

Deita à sombra de uma árvore. Uma abelha

Zumbe em torno ao cabaz... Uma ave, arisca,

O pó do chão, pertinho dela, cisca,

Olhando-a, às vezes, trêmula, de esguelha...

Aos ouvidos lhe soa um rumor brando

De folhas... Pouco a pouco, um leve sono

Lhe vai as grandes pálpebras cerrando...

Cai-lhe de um pé o rústico tamanco...

E assim descalça, mostra, em abandono,

O vultinho de um pé macio e branco.

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Prevenção _Detecção precoce do câncer de mama:

O exame de palpação realizado pelo médico e a mamografia são os exames realizados para uma detecção precoce desse tipo de câncer. Como o médico faz esse exame?

O exame mais fácil de se realizar para se detectar uma alteração da mama é o exame de palpação. Neste exame o médico palpa toda a mama, a região da axila e a parte superior do tronco em busca de algum nódulo ou alteração da pele, como retração ou endurecimento, e de alguma alteração no mamilo. A mamografia é um Raio X das mamas e das porções das axilas mais próximas das mamas. Nesse exame, o radiologista procura imagens sugestivas de alterações do tecido mamário e dos gânglios da axila. A ecografia das mamas pode auxiliar o radiologista a definir que tipos de alterações são essas.

Esses exames, quando realizados anualmente ou mais freqüentemente, dependendo da história individual da paciente (presença de fatores de risco ou história de tumores e biópsias prévias), pode diminuir a mortalidade por esse tipo de tumor, quando realizados entre os 40 e os 59 anos. Porém, este tipo de tumor tem características diferentes para populações diferentes. Isto altera o quanto a mamografia é eficaz em diminuir a mortalidade por este tipo de tumor.

Para você, leitor, mais uma “poesia musical” deste grande Poeta-Cantor:

Lágrima de uma Mulher

(Guilherme Arantes)

Que mistério pode haver

Na lágrima de uma mulher

Quando abre o seu segredo?

Que momentos de aflição

Há no tremor da sua mão

Onde esconde os seus medos ?

No abandono do teu pranto eu me perdi

Não sabia o que dizer pra consolar

Tive raiva dessas mágoas que puseram em você

Tive pena dos que nunca te puderam conhecer

Que mistério pode haver...

Eu sinto muito cada dor que te marcou

Ou que modificou seu jeito de amar

Os estragos improváveis

De um carinho te curar

Os escudos invisíveis

Para um homem penetrar

Que mistério pode haver...

Responda:

Será que uma mulher do século XXI consegue resistir à uma boa poesia? O que voces acham?