A queima dos livros didáticos e dos professores de História

O Index volta a ser praticado, não pelo Papa, mas desta vez por um mero jornalista chamado Ali Kamel

Durante a Idade Média a Igreja Católica perseguia e punia aquele que ousasse escrever alguma nova teoria que contradizia os dogmas religiosos e as verdades absolutas da mais poderosa instituição medieval: a Igreja. O que mais surpreendente e estarrecedor é que em pleno século XXI há alguém que resolveu tomar para si a autoridade de denunciar ao MEC um livro de História sob a acusação de conter forte teor ideológico. Mais ideológica do que foi a emissora desse jornalista não existe no Brasil: o Golpe de 1964; o Impeachment de Collor e a derrota de Lula, obra do ex-dono da Globo. O Sr. Roberto Marinho assumiu numa matéria da revista Carta-Capital antes de falecer que teria ordenado a manipulação dos dados numéricos do último debate que levou a derrota de Lula. A Globo é capaz de derrubar até presidente. Agora, um jornalista ligado a uma emissora tendenciosa, ideologicamente comprometida com a classe mais abastada desse país, assumindo uma roupagem de inquisidor estilo medieval vem e faz uma denuncia do livro “Nova História Crítica do Brasil”? Quem é esse senhor metido a inquisidor? Seria ele do clero católico medieval? Será que ele se esqueceu da tão famosa liberdade de expressão? Quando o presidente Lula falou em criar uma frente para analisar os filmes e o jornalismo eles disseram que isso iria ferir o princípio da “liberdade de imprensa”. E agora? Esse medíocre jornalista não está interferindo na liberdade do escritor de uma obra que considera “perigosa” por apresentar críticas ao capitalismo? A antipatriota Rede Globo manipula o povo utilizando nomenclaturas em inglês como “Big Brother” e camufla a realidade com programas completamente inúteis que não ajuda em nada o despertar de uma consciência coletiva que pudesse transformar esse país. O que eles ganham para distrair a população desinformada? O invés de abrir a mente das pessoas eles arrancam risos com as “pegadinhas do Faustão e vídeo cacetadas”. O “besteirol” é o maior sucesso dessa omissa emissora. Pois é, o livro “Nova História Crítica” foi adotado no governo de Fernando Henrique Cardoso, e só agora, no governo Lula é que esse pseudo-jornalista, resolveu mostrar o seu desserviço colocando na lista de livros proibidos – o índex – “A Nova História Crítica” de Mario Schimith. Esse jornalista-inquisidor à moda medieval não denunciou no governo de FHC por quê? A serviço de quem está o jornalismo desse senhor? Claro: ele trabalha a favor do Status Quo, ele está a serviço das classes dominantes, na certa defende a desigualdade e a exploração capitalista e odeia qualquer ideia que vá contra os dogmas não-católicos, mas capitalistas.

O Globo no site http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2007/09/19/297788650.asp trouxe a seguinte informação:

“O MEC rompeu o sigilo, confirmando que a obra foi aprovada, após a publicação na terça-feira, no GLOBO, de artigo do jornalista Ali Kamel, que transcreve trechos do livro da 8ª série. Ao comentar a derrocada da União Soviética, o autor Mario Schimit escreve na pagina 304 do livro (edição de 2007): “Principalmente a intelintsia (profissionais com curso superior) tinham (sic) inveja da classe média dos países desenvolvidos, que podia viajar e consumir produtos”. Em outro trecho, o fundador da República Popular da China, Mao Tsé-tung, é apresentado como um “grande estadista e comandante militar”.

Quem esse tal de Ali Kamel? Não estamos mais na Idade Média. Que desserviço! Em plena “Idade Mídia”, era do conhecimento informatizado um senhor “index” denominado Ali Kamel aparece e se mostra bem medieval em sua denúncia. A esse jornalista atribuo o título de “O Inquisidor”. E se ele estivesse lá no século XIII? Imagine quantas obras e livros esse sujeitinho prepotente e arrogante teria mandado pra fogueira se estivesse na Idade Média? A “Divina Comédia” de Dant Alighieri jamais seria recomenda.

Atualmente todos os livros foram substituidos por um manual elaborado pela Secretaria de Educação que usa textos de linguagem extremamente antiga em seus fragmentos extraídos dos textos de Gobereau, do início do século XIX. Os manuais não oferecem base teórica para que o aluno possa fundamentar suas ideias e sugere temas que não se encontram em livros comuns como "Darwinismo Social". Também trás definições bastante duvidosas de conceitos como feudalismo e ainda contém falta de informações. Em um manual é sugerido que o aluno observe a Rosa dos Ventos, porém o símbolo nem aparece nos mapas impressos no manual. Enfim, torcar livros por manuais que precisam ser melhor analizados é prejudicar a busca pelo conhecimento. Uma coisa está clara nos manuais pobres em informações e conteúdos: querem transformar alunos resultantes da progressão automática e com problemas de pré-requisitos que se arrastam desde a 1ª a 4ª série e que mal sabem fazer uam redação por dificuldade de articular as ideias em pesquisadores? Nem internete eles têm acesso, com excessão de alguns que frequentam as Lan Houses, como então sugerem até sites de pesquisa? O jeito é recorrer aos velhos livros didáticos que querem lançar na fogueira. O index está de volta, e com certeza atende a uma ideologia política que não pretende um aluno crítico. Talvez por isso os professores de História serão os novos "bruxos" a serem queimados com os livros de História. O governo atual e a Secretaria juntamente com as Diretorias apresentaram uma nova grade que coloca apenas uma aula de História para as 3ªs séries do Ensino Médio. O que um professor irá trabalhar numa 3ª série em uma aula de 40 minutos? Nada! Não dá para sair de um tema. Enquanto isso os alunos do Makense, Objetivo, Pueris Domus entre outras escolas particulares continuarão indo para as melhores universidades, já o aluno com esse manual terão as maiores dificuldades possíveis, até mesmo pelas condições e falta de estrutura que se somam a ele. Filho de patrão estuda com os melhores materiais para continuarem sendo patrões, os alunos filhos de trabalhadores estudarão com os piores materiais, as piores estruturas, sem laboratórios de informática, sem bibliotecas adequadas e sem laboratórios de ciência e química para continuarem sendo meors empregados daqueles que se preparam para serem patrões nas melhores escolas particulares. Absurdo! Um país democrático com duas escolas, condomínios fechados e lugares de luxo para tão poucas pessoas. Um país rico com um povo pobre, mas a pior pobreza é memo o index e a queima dos livros. Professor de História e autores como Mario Schimith são as novas "bruxas" a serem caçadas. Queime as bruxas..., queime as bruxas...