Eleições municipais: dois pesos, duas medidas

O “Jornal de Assis” de 7 de outubro apresentou um quadro das eleições municipais em nossa região destacando, entre outros pontos, os candidatos que venceram os pleitos para prefeito. Entre os reeleitos Ézio Spera e Carlos Arruda Garms, respectivamente prefeitos de Assis e de Paraguaçu Paulista.

O prefeito de Assis não apenas ganhou a eleição, mas também dobrou os votos recebidos em 2004. Em números proporcionais, obteve 83% dos votos. Ultrapassou alguns reeleitos no primeiro turno como Beto Richa (Curitiba/PR – PSDB), que atingiu 77,27%, e Ricardo Coutinho (João Pessoa/PB – PSB), que alcançou 73,85%.

O sucesso de Ézio deve-se ao trabalho dos últimos quatro anos. A Vila Prudenciana e o Jardim Paraná receberam dois postos de pronto-atendimento. Ruas foram asfaltadas. Principalmente aquelas na entrada da cidade, que descarregavam toneladas de areia na Avenida Getúlio Vargas.

Se por um lado a recondução de Ézio é compreensível, por outro, a de Carlos Arruda Garms reflete o despreparo e a falta de percepção da população. Prefeito entre 1997 e 2000, candidato à reeleição naquele último ano de mandato, Carlos Arruda Garms levou uma paulada nas urnas. Eleito em 2004 com esperanças de transformação, geriu uma administração morna.

Muitos são os problemas de Paraguaçu Paulista, mas dois se sobressaem: asfalto e publicidade dos atos administrativos.

O dinheiro público gasto na publicidade das façanhas da prefeitura poderia ter sido empregado no asfalto de ruas, na melhoria da saúde, na ampliação do acervo da biblioteca municipal, na criação de condições estruturais para atrair empresas. A prefeitura optou por produzir uma revista recheada de fotos mirabolantes enaltecendo o trabalho do governo municipal.

Interessados nos detalhes da “cidade maravilhosa”, requeremos ao prefeito informações claras sobre o destino de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinqüenta mil reais) que a Câmara de Vereadores devolvera à prefeitura bem como o montante gasto na confecção da revista cheia de fotos. Qual era o valor do superávit alcançado pela administração pública municipal, divulgado pela revista? Quantos cargos de confiança eram ocupados por parentes do prefeito e do vice-prefeito?

Um dos assessores do prefeito se recusou a explicar o paradeiro do dinheiro público. Se o dinheiro público é dinheiro do povo, por que o assessor do prefeito não queria apontar o destino do dinheiro do povo? O destino só foi esclarecido depois de denunciar a arbitrariedade constitucional à promotoria de justiça de Paraguaçu Paulista.

Se o dinheiro público em Paraguaçu Paulista fosse aplicado seguindo prioridades reais, as ruas do bairro Jardim Tênis Clube não seriam caminhos para dinossauros passarem. Por que o prefeito não dirige seu automóvel particular nas ruas do bairro para observar quanto prejuízo terá?

Quando o governo Carlos Arruda Garms se importará com os impostos pagos pelos contribuintes paraguaçuenses e investirá na infra-estrutura dos bairros? Que tal parar de gastar dinheiro com propaganda de governo e investir na qualidade de vida das pessoas? Bom sempre lembrar: o prefeito é EMPREGADO DO POVO.

O asfalto chegou ao Jardim Paulista e ao distrito de Conceição de Monte Alegre. E de que serviu sua chegada se já apresenta buracos e rachaduras? Onde está o asfalto de boa qualidade? Talvez se a prefeitura não tivesse comprado semáforos desnecessariamente, as ruas da cidade estariam pavimentadas. Pavimentadas com asfalto de boa qualidade!

Poderíamos detalhar outras mazelas, porém a falta de asfalto e de transparência do destino do dinheiro público (lembrando que dinheiro público significa dinheiro do povo) constituem fatores mais do que suficientes para perguntar: o que a população tem na cabeça quando respalda um governo como esse?

As eleições municipais decidiram-se por dois pesos e duas medidas. Assis é exemplo de Administração Pública, administração voltada para e pelo povo, em que os investimentos se refletem no desenvolvimento, na qualidade de vida, no bem-estar coletivo. E Paraguaçu Paulista?

Publicado originalmente no Jornal de Assis (Assis – SP) de 18 de março de 2009.