Aborto e camisinha - Dogma ou Princípios Básicos?

Para a Igreja católica, dogma é verdade de fé e no que diz respeito ao aborto, está relacionado à lei canônica. Todo aquele que está vinculado com a Igreja e comete o aborto, está excomungado e aquele que não possui laços com a Igreja, ela, não pode excomungar, mas sim, opinar, pois não existe responsabilidade. Devemos também levar em conta o significado de excomunhão, que é neste caso, um afastamento das pessoas envolvidas no aborto, da comunhão de todos os bens espirituais que a Igreja oferece, para que as mesmas repensem sua atitude, e na dimensão do arrependimento, busquem a confissão e a sanação da pena, para retornar à comunhão com o Senhor e com a Igreja: “Se reconhecemos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(Cf. 1Jo 1, 9). O fato do arcebispo de Olinda ter excomungado, ou melhor, os próprios médicos que praticaram o aborto na menina de nove anos e a mãe por ter consentido, automaticamente já se excomungaram e isso, nada tem a ver com verdade de fé ou em outras palavras: dogma. O que ocorreu foi que essas pessoas atentaram contra uma lei canônica que proíbe o aborto. No Catecismo da Igreja Católica, está explícito que quem dá sua “cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave” e que “a Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana. ‘Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae pelo próprio fato de cometer o delito’ e nas condições previstas pelo Direito”. A Igreja está do lado da vida e seria cúmplice se se manifestasse de forma contrária. Nisto ela se manterá provavelmente até no fim dos tempos, pois ela é seguidora de Cristo que dá a vida em favor de muitos. Não dá para se atualizar ou atualizar questões que admitem o aborto. A Igreja tem seus princípios básicos e estes devem ser respeitados e observados atentamente para não cair no equivoco. O mesmo se refere ao uso da camisinha. Parece-me que ainda existem pessoas que não entenderam o motivo pelo qual a Santa Sé não apóia o uso da camisinha, mesmo sendo tão simples de se entender. Quando o Papa se pronuncia, muitos colocam a seguinte questão: se não usar camisinha, todos vão se contaminar com o vírus da AIDS. Mais uma vez cito aqui que a Igreja luta em favor da vida, ela quer sim, salvar almas e não condená-las. Se observarmos os dez mandamentos, veremos que o sexto mandamento diz: Não pecar contra a castidade. Homem e mulher, Deus os criou, e os criou para se respeitarem mutuamente. Assim sendo, o respeito à vida deve começar por cada um, ou seja, cada pessoa deve se amar o suficiente para não fazer de seu corpo um mero objeto, que ao sentir tal desejo, deve-se saciá-lo imediatamente. O autocontrole deveria ser uma virtude, que na maioria das vezes é tomado pelo vício. Se todos observassem o mandamento acima, não haveria a infestação desta doença da forma em que está atualmente. Todos se respeitariam e respeitariam os outros, no caso, os seus parceiros. Os desígnios de Deus são para a liberdade do homem e não para a sua libertinagem. Hoje em dia, é muito natural o marido contaminar a esposa com tal doença e vice-versa. Os motivos todos sabem, quando isso ocorre, é porque o respeito ao próximo não existiu. A Igreja quer sim salvar a alma porque ela é divina: somos criados à imagem e semelhança de Deus, e não despreza a vida por ser humana: Deus também se revestiu da forma humana. Ela é contrária ao uso da dos preservativos, porque o sexo por prazer é algo individualista: “quero em primeiro lugar, saciar o meu prazer”. E também porque faz parte do sacramento do matrimônio. Voltando aos mandamentos, o segundo diz: ame ao próximo como a ti mesmo. Quando a humanidade tiver consciência do valor deste mandamento, quem sabe as coisas tomam rumos diferentes, rumos os quais nos dá a liberdade de filhos e não de escravos. Diante destas afirmações, podemos concluir, que em certas decisões que a Igreja necessita tomar, é preciso entender se está relacionado a um dogma ou a princípios básicos e depois refutar.

Marcos Paulo Rodrigues

Marcos Paulo Rodrigues
Enviado por Marcos Paulo Rodrigues em 01/04/2009
Código do texto: T1516722
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