Aos Pais

"Lares difíceis, relacionamentos familiares ásperos, presença de mãe dominadora e de pai autoritário, fomenta o surgimento de conflitos na personalidade infantil, remontando períodos pretéritos de alucinação, de instinto e de desregramento.

Quando se compenetrarem, os pais, de que o lar é o santuário para a vida humana e não um campo de disputas para a supremacia do ego; quando os adultos se conscientizarem que a educação é um ato de amor e não um meio de intimidar, de descarregar problemas; quando as pessoas entenderem a família como um compromisso dignificador e não um ringue de lutas, as trágicas ocorrências do abuso infantil, pela violência, pela indiferença, pelo estupro, pela miséria em que nasce o ser e a ela fica relegado, cederão lugar à construção de uma sociedade justa, equânime e feliz. Isto porque, a criança maltratada, sob qualquer aspecto que se considere, projeta contra a sociedade o espectro do terror que a oprime, do abandono em que estertora e, na primeira oportunidade, tentará cobrar pela crueldade o amor que lhe foi negado" (Joanna de Ângelis, na obra "Vida: Desafios e Soluções", psicografia de Divaldo Franco)

Investiguem-se as origens sociais dos criminosos empedernidos, salvadas as exceções de natureza patológica, e se detectarão os lares infelizes, as famílias desajustadas ou grupos perversos reunidos em simulacros familiares, vitimados pelo abuso e descaso de pessoas inconscientes ou pelos sistemas ainda mais insensíveis que culminam pela hediondez das leis em que se apoiam.

É inútil negarmos a nossa cumplicidade na formação de uma sociedade cada vez mais violenta e severa, não é justo delegarmos culpa somente às autoridades competentes, visto que uma granada uma vez produzida, explodirá independente de sua origem, nas proporções que lhe foram atribuídas, no tempo que lhe convir as circunstâncias, e onde a mesma, for negligentemente arremessada...É impossível conter uma desorientação em massa, a não ser que esta massa seja seriamente avaliada e compreendida.