Juros, Desconjuro

JUROS, DESCONJURO

Falar sobre juros neste país tornou-se um tema tão batido. Absolutamente banalizado. O nosso Vice Presidente da República é um incansável crítico dos astronômicos patamares que eles alcançam. Obteve eco? Acredito que não. E nós, simples mortais, como agir diante desta obesidade? Economistas de plantão têm a receita pronta. Se possível só compre a vista. As vendas a prazo entopem os cofres dos grandes varejistas. Todos têm ou fazem parcerias com financeiras para vendas a prazo, embutindo extorsivos juros. Entrou no cheque especial ou extrapolou o limite do cartão de credito, faça empréstimos mais baratos para quitá-los. Evite consumismo. Entretanto, o foco que pretendo abordar não é por aí. Sim, na questão de origem. Sim, na questão política. Sim, na questão de coragem. Banqueiros, a estes banqueiros. São abnegados seguidores da conhecida Lei de Gerson. São protegidos por todos os lados (os bancos). Podem fazer provisões para devedores duvidosos. Abatem diretamente do lucro. Pagam menos imposto de renda. Em dificuldade (sempre por total incompetência gerencial e por desvios éticos motivados pela assustadora ganância), recorrem ao Proer (sem juros). O nosso Banco Central, ortodoxo, é conivente, mais que isto, é o provedor ( com nosso dinheiro). Vejo uma inversão histórica de valores. Colocamos o nosso dinheirinho no banco, por vezes de forma compulsória ( refiro-me ao recebimento de salários via rede bancaria) e somos obrigados a submeter-se a um rígido cadastro. Não temos elementos e nem acesso sobre a saúde financeira daquele que apossa do nosso mísero numerário. É contraditório. Pagamos caro para obter informações sobre nossas movimentações. Inventam cobrança para tudo. Emissão de cheques de pequeno e grande valor, taxa em nós – fornecimento de talão de cheques, taxa em nós – pedido de extrato, taxa em nós – manutenção de conta corrente, taxa em nós. E vai por aí afora. Somos, cruelmente, reféns deste dragão indomável. Se você dispõe de algum dinheiro e queira aplicá-lo, o Banco o remunera com juros irrisórios. Quando precisamos obter empréstimo, os juros vão às alturas. Parece que chamam isto de SPREAD. A linguagem atual dos economistas está tão estranha. Mercado nervoso, clima de incertezas, ativos tóxicos ( na minha época era chamado de fictício)entre outras expressões, obriga-nos a uma reciclagem permanente. Caso contrário, estaremos mais fritos. Saindo da origem, julgo importante ressaltar a questão de natureza política. Onde estão aqueles que deveriam disciplinar estes assuntos? Viajando para os paraísos fiscais? Para generosas e bem remuneradas férias em recantos turísticos, levando a tira colo mulher, filho(s), nora(s), sogra (não me atrevo sugerir plural)? Não vou falar sobre este escracho. Vou destacar a falta de credibilidade deste poder da República. Quinhentos e treze ( 513) Deputados Federais e oitenta e um (81) Senadores. Bom seria saber sobre o que já fizeram, neste tema, de útil para a população. Não gostaria de pensar que o Congresso Nacional é uma casa meramente corporativista, onde 594 ditos representantes do povo defendem, apenas, interesses de grupos isolados. Mas, na questão dos JUROS, ao que parecem, todos eles apresentam-se tímidos e até medíocres. Eles são os únicos que podem mudar isso. Passamos, então, para a questão da coragem. Nossos representantes, em todos os níveis federativos, creio eu, não estão preparados ( contrariar interesses de grandes grupos financeiros não é uma boa). São envolvidos pelo vernáculo confuso dos “entendedores” de finanças. Como nosso Vice Presidente, podem, simplesmente, apontar e desconjurar esta política selvagem que o Capitalismo impõe. Lamentável