"Quando você olha para a imagem do Buda, o que você contempla é seu próprio potencial para a Iluminação"


Mantras e Visualizações
“O Poder da Concentração”


Mantra é uma palavra em sânscrito, que traduzida para o português tem o significado aproximado de “proteção ou sustentação da mente”, não sendo uma tradução literal.

Mantras são sons que podem ser silábicos, palavras ou frases aos quais se atribui significado sagrado. Apoiado neste sentido, o praticante recita o mantra repetidamente, com confiança, na intenção de proteger a mente das aflições ou para sustentar um estado mental virtuoso.

O emprego dos mantras não é prática exclusiva do budismo. A religiosidade indiana acredita que a recitação repetida dos mantras confere certas capacidades a quem os recita com constância e fé. Existem mantras para atender a vários propósitos: reduzir a agitação mental, afugentar pensamentos nocivos, conferir saúde, afastar perigos, etc.

A escola de budismo chinês Terra Pura enfatiza que a recitação das sílabas “O Mi To Fo”, que em chinês referem-se ao nome do Buda Amitabha, pode nos garantir méritos imensuráveis, incluindo o de renascer naquela Terra Pura – paraíso ocidental presidido pelo Buda da Luz e Vida ilimitadas – no qual se estará livre de todo tipo de aflição por ser um lugar favorecedor para o alcance mais rápido da Iluminação.

No ocidente, existem duas opiniões corriqueiras a respeito dos mantras: há quem acredite que sejam palavras mágicas enquanto outros pensam não passar de mera crendice, contudo, os mantras realmente teriam algum poder?

Para nós ocidentais, certos mantras nada dizem, mas na língua ou no contexto em que foram criados, os mantras têm poderoso significado. Essa prática não é fantasiosa ou mágica. Para entender, faça a seguinte experiência: diga para si mesmo a palavra “gratidão”, imagine uma experiência na qual faça surgir este sentimento, pronuncie esta palavra e visualize a experiência por repetidas vezes. Por alguns instantes você relembrou, recriou, protegeu e sustentou um estado mental virtuoso gerando a capacidade de ser “profunda e conscientemente grato”.

Ao recitar e repetir por alguns instantes a palavra “gratidão”, fez dela “seu mantra pessoal”, semeando estados mentais salutares que se prolongarão por certo tempo. Ao persistir nesta prática, você protegerá e sustentará este contínuo estado de gratidão. E pelo fenômeno de “proliferação mental”, este estado de gratidão irá gerar pensamentos meditativos, alegres, generosos e sábios, além de ações correlacionadas a ele.

As pessoas criam inconscientemente seus mantras pessoais, depositando neles muito tempo e intensa fé. Ao afirmarem repetidas vezes “eu não o perdoo”, “ninguém gosta de mim”, “sou sempre a vítima”, “ninguém me compreende”, etc., acabam por viver em um estado mental e existencial impregnado de negatividade. E com o fenômeno da “proliferação mental” infestarão suas mentes de pensamentos fantasiosos e aflitivos a respeito de si mesmos e de suas vidas com danosos reflexos em suas ações.

Ensina o Venerável Mestre Hsing Yün, “que uma semente contém a frondosa floresta” e que “o céu e o inferno estão contidos num simples pensamento”. Toda repetição firma ou fixa algo. É a “insistência” que faz com que se estabeleça o que desejamos. Logo, ao insistirmos na semente do erro, estaremos protegendo-o e sustentando-o até que ele venha a produzir uma colheita de aflições. Os mantras podem nos ajudar a semear e enraizar virtudes e capacidades. Dentre os seus resultados, podemos apreciar:

• O Poder de Conferir Calma e Clareza Mental - A recitação de sons, palavras ou versos pacificadores pode extinguir dúvidas, enraizando a fé, conferindo-nos calma e clareza mental.

• O Poder de Conferir Motivação e Disposição - A recitação de sons, palavras ou versos encorajadores pode extinguir a apatia e o medo, conferindo-nos motivação e disposição.

• O Poder de Conferir Equanimidade e Sabedoria - A recitação de sons, palavras ou versos de profunda sabedoria pode extinguir a raiva e a ignorância, conferindo-nos equanimidade e sabedoria.

Convém dizer que os mantras não são palavras mágicas em si, não possuem “poder inerente”, seu poder advém do fato de nos concentramos nos significados a eles atribuídos e nas associações mentais deles decorrentes. Este sistema é igualmente empregado nas práticas budistas de visualizações. Os mantras trabalham com “sons virtuosos” e a visualização com “imagens virtuosas”. Ao concentrarmo-nos nestes sistemas repetindo-os com grande fé, tais práticas avivarão em nós mesmos o que os mantras e as visualizações representam.

Faça outra experiência. Foque a lembrança de uma pessoa ou lugar que lhe possa inspirar profundo respeito e reverência. A simples lembrança recria sentimentos de respeito e admiração a eles dedicados? Associamos os Budas a perfeitos estados de calma, clareza mental, motivação, disposição, equanimidade e sabedoria, logo a visualização ou contemplação de seus nomes ou imagens plantam sementes mentais virtuosas.
 
Quando você olha para a imagem do Buda, o que você contempla é seu próprio potencial para a Iluminação, sua intrínseca natureza búdica.
Podemos recorrer aos mantras e às visualizações budistas clássicos ou criarmos livremente nossas afirmações e visualizações pessoais aplicados às nossas necessidades em particular com intuito de proteger a mente da negatividade e sustentar estados mentais saudáveis. Isto será muito importante, pois o próprio Buda ensinou que “os súditos seguem seu rei”, assim estejamos conscientes que a mente antecede e determina o rumo de nossas palavras e de nossas ações e por fim de nossa existência como um todo.