Jiu-Jitsu brasileiro

Vejam o caminho percorrido por essa arte marcial milenar e o que ocorreu para que ela chegasse ao Brasil, e como acabou por fazer o caminho de volta:

Não se conhece bem a origem do Jiu-Jitsu. Dizem que sua prática foi iniciada como técnica de defesa dos monges, que observando os movimentos de animais, criaram o Jiu-Jitsu para neutralizar as ações do conquistadores que tentavam subjugá-los.

Posteriormente, a técnica chegou ao Japão e foi aperfeiçoada pelos samurais e adotada como arte marcial do exército.

Naquela época, o Jujitsu ou Jiu-Jitsu, que significa "arte suave", era considerado violento, já que eram permitidos vários tipos de golpes traumatizantes, torções e projeções, e por isso, somente os samurais e os nobres podiam praticá-lo, pois seria perigoso uma arte tão eficiente e mortal ser praticada pela plebe.

Com o final do Xogunato e início da era Meiji, o sistema de castas foi dissolvido no Japão, e ao povo foi permitido o estudo das mais variadas formas de arte.

Com o advento do Judô, o Jiu-Jitsu tradicional começou a ser esquecido no Japão.

Jigoro Kano, praticante de Jiu-Jitsu tradicional, percebendo que era uma luta violenta, que não tinha muita popularidade, já que era eminentemente voltada para a guerra; resolveu criar uma espécie de luta mais esportiva, menos traumatizante, para que o povo japonês tivesse acesso à disciplina marcial. Então, mestre Jigoro Kano baniu do Judô vários golpes traumáticos do Jiu-Jitsu e o Judô se tornou esporte nacional japonês.

Com o tempo, o Jiu-Jitsu foi esquecido e até as academias antigas passaram à prática do Judô.

Nessa época, o Brasil ainda estava sendo colonizado, e tempos depois, quando os primeiros japoneses começaram a imigrar para o Brasil, desembarcou no porto de Santos, um senhor chamado Eisei Mitsuyo Maeda, mais conhecido como Conde Koma, no ano 1918 (há divergências) e chegou em Belém do Pará nos anos 20, depois de haver desafiado vários lutadores brasileiros e estrangeiros e vencido todos os combates.

Em Belém, diante das dificuldades financeiras e do idioma, foi acolhido pela família Gracie, descendentes de escoceses que trabalhavam no ramo da mineração.

Como sinal de gratidão pela acolhida, Conde Koma passou a ensinar aos primogênitos Gracie os fundamentos do Jiu-Jitsu e do Judô. Um dos irmãos mais jovens, Hélio, o mais franzino, passou a observar o treino dos irmãos mais velhos e mais fortes, passando a adaptar as técnicas de chaves e estrangulamentos à sua necessidade e constituição física.

A partir daí, Hélio Gracie começou a aceitar desafios de adversários bem mais pesados do que ele, e venceu a maioria dos combates, perdendo apenas para Masahiko Kimura e Valdemar Santana, provando que sua técnica era realmente eficaz.

As academias Gracie começaram a se espalhar pelo Brasil, concomitantemente com o ensino do Jiu-Jitsu, e o Sr. Hélio Gracie desenvolveu uma dieta alimentar que prometia gastar menos energia e prover o praticante de uma maior longevidade, abstendo-se de carnes, e comendo alimentos naturais em poucas quantidades.

Os filhos de Hélio, também se tornaram praticantes de Jiu-Jitsu, e passaram a difundir a técnica pelo mundo, em campeonatos em que lutavam praticantes de diferentes modalidades, como o U.F.C nos E.U.A e o PRIDE, no Japão. Desse modo, o Jiu-Jitsu, que tinha sido praticamente extinto no Japão, voltou a ser praticado no oriente, porém agora, ensinado por professores brasileiros.

Contudo, a popularização do Jiu-Jitsu causou alguns transtornos aos seus entusiastas, já que a proliferação de academias, com professores desqualificados e alunos indisciplinados gerou uma marginalização da arte suave, fazendo com que praticantes passassem a agredir pessoas inocentes nas ruas. Foi o início do termo "Pit-Boys", atribuído à adolescentes indisciplinados, provenientes da classe média-alta carioca, praticantes de artes marciais (não só Jiu-Jitsu), que tumultuavam casas noturnas e bares nas noites fluminenses; lembrando que o termo "Pit-Boys" faz uma alusão à raça Pitbull, de cães de rinha desenvolvidos para lutas, juntamente com o termo "Playboy", usado para designar adolescentes de classe alta, que são sustentados por seus pais.

Cabe ao interessado em praticar essa arte milenar, procurar uma academia digna, com um professor formado e graduado, na qual se ensine o verdadeiro espírito do Jiu-Jitsu: a suavidade nas ações, a inteligência, a dedicação aos treinos, o respeito aos ensinamentos do código Budô, a hierarquia e a utilização dos conhecimentos adquiridos somente em competições e treinos dentro das academias, levando um estilo de vida saudável e tendo a serenidade necessária para contornar as rixas e brigas da maneira mais fácil: evitando-as.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 18/06/2009
Reeditado em 22/06/2009
Código do texto: T1655080
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