BRASILEIRO DE IMPORTAÇÃO.

É fácil gritar "eu sou brasileiro, com muito orgulho” (...) em um país que não valoriza a cultura como um todo, se é fácil eu não sei, só sei que é uma hipocrisia de nossa parte, pois desde tempos imemoriais parece que o bicho brasileiro tem vivido das heranças do passado, e essa nostalgia perdura até hoje.

Ter orgulho de nossas raízes é algo muito bom, uns dizem: Eu sou descendente de portugueses, outros - minha família veio da Alemanha..., ou sou Italiano com sotaque, porém, o mais interessante é que o orgulho de ser brasileiro perpassa por todas essas nações que ajudaram a compor essa miscigenação de cores e culturas, mas não chega ao território unificado chamado Brasil, pois, nota-se um exagero quanto ao nível de orgulho de ser descendente de estrangeiros, coisa que acontecem ou parece acontecer com alguns Estados da nossa Federação.

Essa tendência sem personalidade de valorização do modelo clássico e nobre dos países europeus, resulta em uma certa demência da cultura do Brasil miscigenado, pois tais valores europeus não são, muitas vezes, apenas uma exaltação memorável e sim uma adoração do que é alheio, “do outro”, “do moderno” , no sentido mais fiel de reprodução e não numa miscigenação original para a criação de uma cultura brasileira.

Numa contrapartida de desprezo ao que é nosso e até expondo ao ridículo, o ódio repulsivo de alguns ao modelo nordestino de cultura se faz presente em lugares do Brasil onde se vê estes como atrasados, (e esse estado de vergonha interna parece ser culpabilizando por eles ao próprio nordeste), o fato é que o Brasil tem vergonha e desprezo por aquilo que não é nobre aos olhos do Sul.

Com isso, o território Brasileiro parece ser dividido em guetos, ou áreas, as denominadas Regiões: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste- não para demarcar as áreas de características climáticas ou de fauna e flora iguais, mas sim para dividir em guetos separatistas.

Parecem ser resumidos em um velho conceito que os governos do tempo da guerra fria dividiam o mundo; Ricos e Pobres - ou seja, Sul e Nordeste, onde se traça uma linha imaginária no meio do Brasil e assim desconsideram as demais regiões.

Sabemos da importância atual do Sul e Centro-Oeste do Brasil para a economia, no entanto, lembremos que, nos tempos do Brasil de exploração colonial, quem sustentava todo o maquinário mercantil econômico brasileiro era o Nordeste. Uma região é o resultado imediato da economia da outra, desprezar a história econômica do Brasil é desprezar nossa cultura.

Nesta divisão, “os Brasis” desenvolvidos no Brasil são algo de intenso contraste com o grito exclamado na música (...), nós não admitimos, mas, é percebível que nosso Brasil-Sul aparenta ter vergonha do nosso Brasil-Nordeste, e nosso Brasil Nordeste parece ter orgulho de nosso Brasil-Sul e do nosso Brasil brasileiro, numa admiração ingênua de modelo econômico a alcançar.

E nisto que se manifesta a falta de nacionalismo e de personalidade brasileira do “Sul”, pois enquanto o nordeste exalta sua cultura de raiz desenvolvida de um modelo, este “Sul” brasileiro tende a permanecer a exaltar a cultura exata de países como a Itália e a Alemanha e outros, reproduzindo com “quase exatidão” suas tradições, parecendo não querer ser Brasileiro.

Em nosso país continente de nacionalidades e culturas, parecem não se entender sotaques. A xenofobia anda junta com preconceito brasileiro, em um país que tem orgulho de ser estrangeiro e maltrata os brasileiros, de vez por outra se verifica uma espécie de “nacionalismo dos estados” um individualismo regional, um sentimento de felicidade de pertencer à determinada região do país.

O olha altivo de certas declarações da mídia que falam termos como “Paraíba” reproduzindo preconceitos designando todo o nordeste (ou nordestino) de uma forma pejorativa em sinônimo de atraso.

Esse egoísmo exacerbado, essa caracterização de um olhar altivo, não são coisas do nordestino, povo de uma diversidade cultural extremamente rica desenvolvida e própria, tendo satisfação de ser brasileiro, de ter uma cultura sem enfatizar lembranças hereditárias, não procura ter orgulho de ser daquela ou dessa nação.

E o Nordestino apesar de ser, na sua composição, descendentes de diversos países como; Holandeses,Africanos, Indígenas, Judeus, Portugueses e até Franceses - deixam o passado para trás pelo orgulho de ser brasileiro de raiz, culturalmente desenvolvido na miscigenação dos vários povos citados.

Não tem constumes saudosistas, não exaltando uma nação raiz, mais sim, miscigenando sua composição cultural, sendo o resultado de tudo isso uma cultura singular nordestina, uma nação de personalidade de tradições, que não tem culpa de ser mais brasileiro que os brasileiros dos outros.

Lililson
Enviado por Lililson em 21/06/2009
Reeditado em 07/01/2019
Código do texto: T1659419
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