Nós, os comuns

Nós, os comuns

Ontem à noite alimentando meu lado sado-masoquista, estava assistindo ao Reality show Jogo Duro na Globo e pensei que em vez de pessoas comuns , como nós, a Globo deveria chamar alguns políticos para participar, afinal, o objetivo é pegar dinheiro sujo e essa certamente é a especialidade deles.

Quase imediatamente refutei a idéia, pois o máximo que você pode ganhar no programa é 30 (trinta) mil reais, o que para nós, pessoas comuns, é uma bela grana, mas que para eles, não significa nada, um mero troquinho gasto entre inúmeros assessores de nada ou fantasmas jamais vistos no local do suposto trabalho, além disso, para pegar o dinheiro, os participante ralam muito, tem que fugir de bichos asquerosos, répteis, choques elétricos,lama e etc., enquanto os “diferenciados” descolam fortunas em meros telefonemas, reuniões regadas a muitas bebidas estrangeiras, mulheres de moral duvidosa ou trocas de favores escusas.

Aliás, nem a competitividade eles possuem mais, é tanta fartura de

dinheiro, tanta facilidade de desvio, tanta impunidade que dá para todos roubarem muito e às vezes ainda sobra até algum para maquiar uma rua em época de eleição ou disfarçar um merenda escolar com mercadorias superfaturadas de baixíssima qualidade.

A política do país é um câncer agressivo no coração da nação que se

espalhou em metástase do Oiapoque ao Chuí, atingiu estados, municípios,cidades, bairros e até aos prédios onde figuras de síndico imitam e idolatram os malfeitores de Brasília.

Como passar honestidade e ética para as crianças num país onde vencem os ladrões, corruptos e sem moral? Como mandar nossas crianças estudarem num país de um presidente orgulhoso de ser um semi-analfabeto? Como se empenhar na cultura e apostar nas promoções e gradações por mérito enquanto assistimos os “diferenciados” legislarem, sugerirem e votarem leis que não entendem, não estudam e só são criadas em benefício próprio?

Como ser telúrico num país verde e amarelo com matas destruídas e

desbastadas ilegalmente e com o ouro no bolso ou transformado em dólares nas cuecas dos políticos.

Como acreditar em mudanças se elas não interessam aos que se perpetuam em dinastias de poder e fazem dos aparentemente insolúveis problemas suas plataformas eternas de campanhas, claro que espertamente esquecidas a cada nova vitória , a cada nova ilusão nossa ...

Como viver numa país onde as forças armadas criaram o crime organizado misturando os bandidos acéfalos com os intelectuais que ousaram pensar diferente numa página para ser esquecida na nossa história ? Militares esses que não mais se envolvem, engordam e dormem placidamente em quartéis em inúteis carreiras que só consomem o parco dinheiro ganho pelos que verdadeiramente trabalham neste país. Abdicaram do poder , pegaram tudo que quiseram, saquearam e agora descansam covardemente.

Talvez a história se repita, começamos a ser colonizados por degredados de Portugal e agora estamos à mercê da máfia de Brasília, dos bandidos surgimos e aos facínoras nos rendemos.

Nem aviões mais podemos pegar para sair daqui pois os interesses

financeiros evitam manutenções e brincam com as vidas humanas, valemos tão pouco ...

Faz sentido o poderoso e popular intelectual que elegemos rasgar a carta magna da nossa nação e separar os habitantes entre os comuns e eles, os diferenciados, afinal acordamos cedo, trabalhamos, ralamos, sobrevivemos apesar deles para manter essa nação que eles dilapidam e saqueiam sem dó.

Que os deuses se apiedem de nós e seus representantes não desviem o dízimo para seus bolsos e bel prazer e não façam da fé um balcão de negócios, pois sem esta nada mais nos resta.

Leonardo Andrade