Os cemitérios públicos e seus impactos ambientais
Em nossa sociedade ocidental, geralmente utiliza-se o enterramento como forma de sepultar os mortos. A cremação ainda é pouco utilizada, principalmente pela falta de crematórios que ofereçam o serviço, bem como em razão do preço cobrado pelos profissionais da área.
Os cemitérios, geralmente são construídos em áreas localizadas fora do perímetro urbano, porém, inevitavelmente, o crescimento urbano avança e termina por incluir os cemitérios em zonas habitáveis, próximo às áreas de moradia.
Os cemitérios oferecem risco ao meio ambiente, riscos estes que podem ser relatados como alterações físicas, químicas e biológicas do meio onde está implantado o cemitério, bem como fenômenos conservadores como a saponificação.
Os impactos ambientais podem ser classificados em duas categorias: IMPACTO FÍSICO PRIMÁRIO E IMPACTO FÍSICO SECUNDÁRIO.
O impacto físico primário ocorre com a contaminação das águas subterrâneas de menor profundidade (aqüífero freático) ou de águas superficiais: canais, córregos, ribeirões, etc...
O impacto físico secundário ocorre quando há presença de cheiros desagradáveis, provenientes da putrefação e decomposição dos cadáveres. Estudos revelam que os gases funerários resultantes da putrefação dos cadáveres são o gás sulfídrico, os mercaptanos, o dióxido de carbono, o metano, o amoníaco e a fosfina. O vazamento destes gases para a atmosfera de forma intensa deve-se à má conservação e manutenção das sepulturas e jazigos.
A decomposição passa pela fase humorosa ou coliquativa, que é a dissolução das partes moles do corpo, com duração de aproximadamente dois anos, sendo que essa fase é a mais preocupante em termos de impacto ambiental, pois é quando ocorre a liberação do líquido humoroso, também conhecido como necrochorume (lembrando que chorume é o líquido proveniente do lixo em aterros sanitários).
O necrochorume é um líquido escuro, viscoso, com cheiro fétido, que pode vir a polimeralizar-se (endurecer).
No caso de cadáveres contaminados com doenças infecto-contagiosas, os vírus, bactérias e agentes transmissores de doenças como febre tifóide, hepatite, tétano e outras podem contaminar as águas subterrâneas ou com o transbordamento de águas de chuva em sepulturas mal fechadas, pode vir a contaminar águas superficiais.
Há registros históricos sobre contaminação de águas suberrâneas pelo necrochorume proveniente da decomposição de corpos sepultados em cemitérios públicos, e essa água era proveniente de poços furados pela própria população.
Já a saponificação ocorre quando o corpo é enterrado em terrenos úmidos ou pantanosos. O solo argiloso não é recomendável para sepultamentos e a saponificação também é causada pela invasão de águas pluviais ou subterrâneas nas sepulturas, e inviabiliza o reuso da sepultura.
O CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), de 28 de maio de 2.003, editou resolução exigindo que os cemitérios horizontais e verticais a serem implantados no Brasil deverão requerer LICENÇA AMBIENTAL para funcionarem. A Resolução estabelece critérios mínimos que devem ser integralmente cumpridos na confecção dos projetos de implantação, como forma de garantir a decomposição normal dos corpos e proteger as águas subterrâneas da infiltração do necrochorume. Os cemitérios já existentes tiveram 180 dias de prazo após a publicação da Resolução para se adequarem às exigências junto aos órgãos ambientais competentes. Poucos cemitérios aderiram à Resolução do CONAMA, e o não cumprimento dela implicará em sanções penais e administrativas
Fontes de Pesquisa:
-Revista Super Interessante
-Artigo assinado por Alberto Pacheco