MEDITAÇÃO

Existem muitos livros e artigos escritos ensinando o que é meditação. Na realidade existem inúmeros métodos, múltiplas maneiras de meditar! Não ouso inventar mais um método! Lembro-me que quando me interessei pelo assunto, li muitos livros e fiz minhas primeiras tentativas. A princípio tentava ficar imóvel, contar a respiração e esperava alguma súbita modificação em meus sentidos ou na consciência. Logo era vencido pela posição incômoda, picadas de insetos ou simplesmente pela distração! Libertei-me de muitas limitações ao ler as palavras de Joanna de Angelis no livro: ”Vida: Desafios e Soluções”, psicografia de Divaldo Franco:

“Entre os muitos métodos existentes, somos do parecer que a meditação, destituída de compromissos religiosos ou vínculos sectaristas – mais como terapia que outra qualquer condição – oferece os melhores recursos para a incursão profunda. Diferentes Escolas apresentam métodos diferentes, cada qual mais exigente nos detalhes, como certas da excelência dos seus resultados, que merecem nosso respeito, mas não o nosso acatamento para o fim que nos propomos neste contexto de pensamento e identificação.

Assim, importantes não serão a postura, as palavras mântricas, as melodias condicionadoras, mas os meios que sejam compatíveis com cada candidato e suas resistências psicológicas. É sempre ideal que se tenha em mente a boa respiração, como forma de eliminar o gás carbônico retido nos pulmões por deficiência respiratória, lentamente, a eleição de uma postura que não seja pesada, cansativa, constritora. Logo depois seja selecionado o em que meditar e como fazê-lo.

Como a nossa proposição não se refere às técnicas de meditação transcendental ou outras determinadas, muito conhecidas no Esoterismo, na Yoga, etc... sugerimos que o indivíduo procure relaxar-se ao máximo, iniciando pela concentração em determinadas partes do corpo, a saber: no couro cabeludo, na testa, nos olhos – cerrados ou não, como for melhor para cada um – na face e descendo até os dedos dos pés.

A repetição do exercício criará um novo condicionamento mental, induzindo o pensamento a permanecer firme nas metas que lhe são apresentadas, e raciocinando, que é a sua principal

peculiaridade.

No início não seria conveniente ouvir música, a fim de evitar criar dependência deste gênero. Mais tarde, quando já aclimatado à experiência, a música poderá exercer uma função igualmente terapêutica, contribuindo para o relaxamento.

Deve-se ter em mente o tempo disponível. De início, o esforço deve ser breve e vagarosamente, ampliado até o suportável com bem-estar e sem preocupação, atingindo depois o limite desejável de trinta ou sessenta minutos, conforme as possibilidades individuais.

Não há regras rígidas estabelecidas, antes propostas que facultem a educação da mente e criem o hábito da interiorização, face ao contubérnio em que se vive, distante de todo processo que induz ao silêncio mental, ao equilíbrio das emoções, à harmonia do pensamento.

A mente é um corcel rebelde, que necessita ser domada pelo exercício de direcionamento a valores que elevem e dignifiquem o ser. A polivalência de preocupações, de apelos, de necessidades deixa-a sempre agitada ou esgotada, incapaz de novas contribuições, quando são solicitadas colaborações inabituais, gerando dificuldade de concentração e de adaptação de idéias diferentes.

Criada a atmosfera de relaxamento sem dificuldade, com a respiração pausada, em tempos específicos de inspirar com a boca cerrada, reter, mantendo-a ainda fechada e expirar, abrindo-se suavemente os lábios, modifica-se esse tipo de estrutura convencional, a que se está acostumado, dando-se lugar a um novo método saudável de absorção e eliminação do ar.

Perceber-se-á, aos primeiros dias do exercício, uma renovação orgânica, muscular e melhor disposição para as atividades, como efeito da boa respiração, passando-se então para a visualização, que é um método de enriquecer o pensamento e a memória, despojando a última das fixações pessimistas e inquietadoras que se tornam habituais.

Basta que se pense em uma região agradável: praia tranqüila, bosque perfumado, jardim colorido, regato cantante e manso, lago espelhado, montanha altaneira, recanto bonito, qualquer lugar que ofereça uma paisagem, uma visão encantadora e confortante, para poder transferir-se mentalmente para a mesma.

Conservando o relaxamento e a respiração, a mente que elabora o lugar ou a memória que traz de volta um referencial sedutor, como cromo festivo, deve ficar o pensamento e aí viver as agradáveis harmonias, enquanto se deixa penetrar pelas forças ignotas da Natureza, facultando a sintonia com a Energia Divina, que se encontra em toda parte, abrindo espaço para as influências dos Espíritos Superiores que se utilizam desses momentos, a fim de auxiliarem os seus pupilos, particularmente aqueles interessados no próprio crescimento moral.”

As palavras de Joanna por si só, justificam a importância da meditação em nossas vidas, pois temos principalmente no Ocidente, a imperiosa necessidade de silenciar a mente e ouvir as inspirações do alto em nosso interior. Numa sociedade consumista, materialista, com altos níveis de competição e inúmeros convites á distração, ao esquecimento dos valores espirituais, é imperioso a viagem para dentro! Se orar é falar com Deus, meditar é ouvi-lo no templo interior de nossas almas!

Recomendo aos leitores o livro: “Meditação Andando – Guia para a paz interior” do monge vietnamita Thich Nhat Hanh. O livro é um delicioso convite á caminharmos sem ter pra onde ir, nem hora de voltar, despreocupados de tudo, menos da REALIDADE, contemplando a poesia que está ao nosso redor no maravilhoso mundo “trivial”! Caminhando, respirando e percebendo o céu em plena terra!

Encerro este artigo em que sou mero comentarista, citando novamente o Mestre de “Sabedoria de um Minuto” de Antony Mello:

MEDITAÇÂO

Certa vez, um discípulo do Mestre dormiu e sonhou que chegava ao céu.

Mas, com grande surpresa, encontrou lá também o seu Mestre e alguns outros colegas,

todos eles sentados e absortos na mais profunda meditação.

Decepcionado, o moço então pergunta:

_ Mas esta é a recompensa que se tem no céu? A gente não fez outra coisa lá embaixo!

Então ele escutou uma voz que dizia:

_ Você é um tolo se acaso está pensando que quem medita está no paraíso!...

È exatamente o contrário que acontece: o paraíso é que está em quem medita!

Minhas muitas cores!!!

O balé das folhas

tangidas pelo vento,

a ferrugem das rochas

carcomidas pelo tempo!

Os pássaros em revoada

sobre o escuro arvoredo...

e embaixo desta frondosa figueira

medito em segredo!!!

Silêncio e respiração...

poesia e contemplação...

dentro e fora

tudo é uma coisa só!!!

A Unidade se multiplica

em cores, formas e sons.

E meus olhos extasiados

agora olham para dentro

onde um magnífico arco-íris

que antevi à tempos,

resplandece invisível

aos olhares profanadores!!!

È que todas as cores

são uma só energia...

É que todas as canções

são a mesma poesia!!!

É que todo o Universo

é único...

e diverso!!!

Bernardo Maciel