Revisar pode ser ou não preciso
“Navegar é preciso; viver não é preciso.”
Revisar um texto não é apenas corrigi-lo. Se fosse apenas isso, qualquer um poderia fazê-lo, munido de um dicionário e de uma gramática. O trabalho do revisor vai além de consertar aspectos gramaticais que estejam alheios à Norma Culta da Língua Portuguesa. É claro que, ao revisar, o profissional também deve estar atento a outros aspectos textuais, como à obediência à estrutura frasal ou a repetições desnecessárias de palavras. Como se não bastasse, deve ser analisada a linguagem, percebendo-se se ela está adequada ao objetivo e à mensagem do autor. Por isso, uma revisão é sempre gramatical e estilística. Notamos, assim, que há, nesse trabalho, uma precisão devido a regras e ao que se espera encontrar em um bom texto.
Entretanto, as pessoas costumam temer os revisores. Consideram-nos “caçadores de erros”; profissionais que conhecem os dicionários e compêndios gramaticais na íntegra e que, por isso, destroem seus textos originais, alterando qualquer frase ou estrutura com a qual não concordam. Visão errônea... Quiçá já se depararam com um mau profissional... E, nesse ponto, entra o lado não preciso da revisão. Cabe ao revisor propor mudanças que não violentem o texto, tampouco seu autor. É um trabalho de respeito às idiossincrasias dos clientes, reconhecendo a relevância de cada produto para seu autor.
A importância do revisor ou sua função é indescritível. Navegando pela Internet, por exemplo, encontramos uma ebulição de textos mal escritos, a saber, com mensagens truncadas, palavras grafadas erroneamente, frases sem coerência, trechos com pontuação distorcida etc. A pressa em escrever e a necessidade de agilizar a transmissão das informações levam, possivelmente, a esse caos linguístico. Uma vírgula deslocada gera ambiguidade ou altera um significado. Eis um bom exemplo disso: “Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de lanterna à sua procura.” / “Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de lanterna à sua procura.”
O revisor - profissional graduado em Letras ou em Jornalismo -, muitas vezes, tem de fazer mais do que retificar palavras; ele embeleza o texto e consegue ressuscitá-lo! Algumas pessoas são capazes de ter uma boa ideia; no entanto, não possuem facilidade de transpô-la para um papel; erram na acentuação, não conseguem pontuar... Outras escrevem bem, porém suas ideias não são suficientemente claras ou coesas. O revisor burila as construções textuais, dá destaque às palavras, reforça uma mensagem, traz clareza, torna coeso...
O revisor é, antes de tudo, um amante da linguagem e do Português. E, acima de tudo, amigo/aliado do autor do texto que ele revisa.
(artigo publicado em www.saudelazer.com, em 14/jan/2008)