Por que idealizamos tanto?
 
Como anda o seu coração em relação ao amor? Não me refiro ao sentimento que temos pelos familiares: pai, mãe, filhos, tios, sobrinhos,afilhados ou pelos amigos, todos eles amores lindos e legítimos ,que devem ser cultivados sempre. A pergunta refere-se ao amor conjugal, o que dedicamos ao marido, à esposa, namorado(a), companheiro(a) ou qualquer outra denominação que possa surgir no mutante dialeto moderno. Já pode responder? Ou a pergunta exige algumas ponderações, um pensamento mais bem elaborado.

Creio que essa questão, aparentemente simples, não tem uma só resposta. Exceções à parte, a maioria das pessoas anda meio desiludida, insatisfeita com a sua vida afetiva. Ninguém quer ficar sozinho, isso é fato. E acho mesmo que não nascemos para a solidão, por mais que algumas filosofias alimentem a idéia de que "nascemos sós e assim morreremos". A nossa intrincada psique exige o exercício do afeto, do companheirismo para que a sua evolução seja saudável.

Vários estudos já comprovaram que as pessoas que são amadas desde o seu nascimento, que são estimuladas à troca de carinho têm um desenvolvimento em todos os sentidos da formação humana, possibilitando uma maior sociabilidade e, como consequência , são mais assertivas e felizes nas suas escolhas. Mas, apesar de todo o conhecimento que se tem em relação ao que se deve fazer para garantir que uma criança possa crescer e se tornar um adulto realizado, na prática nem sempre a equação se fecha.

Quando nos tornamos adultos e passamos a escolher os nossos parceiros amorosos a gente(ou uma grande parte) troca os pés pelas mãos. É que somos herdeiros de uma concepção romântica que tem na idealização o seu ponto forte. Queremos alguém perfeito, que não minta, que não trepaceie, que não ronque, que seja elegante, bonito, sensual, talentoso, que seja um ótimo amante, principalmente. Isso tudo no ponto de vista feminino, pois os homens, mesmo sendo vítimas da idealização também, não o são na mesma intensidade que as mulheres.

É óbvio que a gente não pode se contentar com pouco.Temos o sagrado direito ( tão arduamente conquistado) a fazer nossas escolhas. O problema é quando sucumbimos aos estereótipos vigentes e perdemos a conexão com o nosso desejo real.

Então acho que vale mudar a pergunta que serve de título para este artigo.Por que estamos sempre sozinhas?Faltam homens no mercado? Essa talvez seja uma bela desculpa para desviar o foco da verdadeira questão.

Saímos do período das trevas, quando desconhecíamos a nossa autoestima e entramos na fase do " eu mereço algo muito melhor", onde nada é suficientemente bom para nós.E como tudo na vida tem um preço a ser pago, vamos ficando cada vez mais belas, mais jovens, mais modernas e.... mais sós!

E aquele vizinho que tentou se aproximar de mim tantas vezes, que me mandou flores, me fez tantos convites para sair....Por onde andará agora?
 
amarilia
Enviado por amarilia em 25/07/2009
Reeditado em 26/11/2013
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