AGOSTO batendo à Porta - Lenda: Uma noite no Paraíso.
" As lendas NÂO podem ser
interpretadas pela pessoa
que a apresenta . E nem
ninguém. Ela reflete o
espírito de um povo o
qual deve ser respei-
tado integralmente" (Kallena)
A lenda deve ser fiel ao povo que a criou. De modo que não há chance de ser modificada no seu "corpo" . O que pode é fazer a valiação da lenda e não a sua modificação. Espero ter respondido ao Recantista que pensou que podía ser modificada ao bel prazer.
UMA NOITE no PARAÍSO
(Lenda Italiana)
Certa vez, dois amigos inseparáveis fizeram o seguinte juramento : aquele que se casasse primeiro chamaria o outro para padrinho, mesmo que esse outro estivesse no fim do mundo.
Pois bem: um dos amigos morre e o outro, que estava noivo ,
não sabendo o que fazer , vai pedir conselhos ao seu confessor. O pá-raco assegura que a palavra deve ser mantida . Então o noivo vai até ao túmulo do amigo convidá-lo para o casamento.
O morto aceita o convite de muito bom grado. no dia da ceri-mônia, não diz uma palavra sobre o que vira no outro mundo.
No final do banquete ele fala:
_ Amigo, como lhe fiz este favor, você agora deve me acompanhar um pouquinho até a minha morada.
O recém-casado, não resistindo à curiosidade , pergunta como era a vida do outro lado.
O morto fazendo um pouco se suspense, responde dessa forma: _ Se quiser saber ,venha você também ao paraíso.
O outro concorda. O túmulo se abre e o vivo segue o morto .
A primeira coisa que vê é um lindo palácio de cristal, onde os
anjos tocavam para os beatos dançarem e São Pedro, muito feliz dedilhava seu contrabaixo. Mais adiante, o amigo lhe apresenta nova maravilha : um jardim onde as árvores em vez de folhas, tinham pás-
saros de todas as cores, que cantavam.
_ Vamos em frente , diz o morto ao amigo, que fica cada vez mais deslumbrado . _ Agora vou levá-lo para ver uma estrela.
O recém-casado percebe que não se cansaria nunca de admirar as estrelas ,os rios,que emvez de água eram de vinho, e a terra, que era de queijo.
De repente o noivo cai em si, lembra-se da noiva que ficara a esperá-lo e pede :
_ Compadre, preciso voltar para casa, minha esposa deve estar preocupada.
_ Como preferir.
Assim dizendo , o morto o acompanha até o túmulo, sumindo logo a seguir.
Ao sair do túmulo , o vivo fica assombrado com o que vê ao redor: no lugar daquelas casinhas de pedra meio improvisadas há palácios, bondes, automóveis; as pessoas todas vestidas de modo diferente. Para se certificar, pergunta o nome da cidade a um velhinho que por ali passava.
_ Sim , é esse o nome desta cidade.
No entanto ao chegar à igreja é atendido por um bispo muito importante que, consultando os arquivos existentes ali ,descobre que trezentos anos atrás um noivo havia acompanhado o padrinho ao túmulo e não tinha voltado nunca mais.
Postagem : Kallena, em 30 de julho de 2009