A SAGA DA CONDENAÇÃO DO SABIÁ NO CAMPO DA HIPOCRISIA DO URUBU

(Quando o lado podre do gramado da sociedade quer se mostrar cheiroso)

“Como podemos encarar de frente, com os olhos erguidos, aqueles que não nasceram, pois tiveram seus ascendentes mortos para alimentar as fogueiras das revoluções por um mundo melhor?” (Rodrigo Cintra)

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Em plena Copa do Mundo, tentarei chegar à linha de fundo do entendimento do jogo de ideais da modernidade: povo versus neglenciadores. Embate nas quatro linhas do engodo arquetípico de inclusão social de massa.

Abrindo cortinas, o homem hodierno, titular absoluto no time das manifestações do inconsciente coletivo na psique individual, vive sua pior crise existencial dos últimos certames: conseqüência de goleadas hipócritas, nunca antes tão bem aplicadas pelos meios de comunicação – mais do que nunca, auto-escalados como donos da verdade, com “jogadas de efeito” devastadoras. Nesse ataque tecnológico, tudo vale: políticos, pastores, neófobos comedores de mente, pseudo-intelectuais, âncoras patéticos.... Os apaziguados sorriem ante as câmeras e confirmam: “Bom demais!”

Como espectadores do escrete da mídia, somos driblados por conceitos esdrúxulos e passamos a endeusar futilidade - em casa e na mesa do bar. Exaltamos meras mudanças paradigmáticas sem admitir falência dos ideais modernos. Quando bola perdida do desajuste social atinge nosso gramado, atribuímos erros de passe aos efeitos da segregação urbana e escalamos na defesa nossas táticas sociais, aclamadas infalíveis – um drible de corpo da auto-hipocrisia ou ignorância total do que nos cerca e preenche.

Jogamos na aparência, chutando a “vida do outro”: do simples atraso do débito na bodega à doutrina do fuxico “ouvi dizer”. É o Ser sendo treinado pelo lixo midiático, preso na rede adversária do consumo. Lixo devastador... da bolha no pé à cabeça raspada, sem poupar “pinto” nem “xereca” de ninguém. Estamos mais expostos do que nunca - quando não nos protegemos, genitais padecem!

Em meio a essa torcida inflamada da vida, boa parte da sociedade moderna (principalmente cadeiras cativas) adora escalar preconceitos. Colunáveis sorriem aos Mac job’s (empregados de McDonald’s) e metem o pau no vendedor de batatinha da arquibancada; como se fossem adeptos de uma espécie de drible da vaca anti-social: menosprezo pelo arrodeio.

Teimamos reafirmar que somos uma seleção (utópica!) de “Homens livres de bem”, mas vivemos nas laterais das cobranças de boa conduta e palavras comedidas, dentro das traves convenientes do porto seguro... Os que se cansam, pouco a pouco, das clausuras do sistema social despótico, passam a viver como enrustidos. Numa simples amostra, seres “bem casados”, presos nas argolas monetárias, pulam cercas sob a mesma bandeira de comportamentos considerados anti-sociais - sem time definido. “Michês” ferram córneos e gozam como nunca; o “Viagra” engana as ninfetas de periferia... É um novo bovarismo, mais acirrado - quando nos botam para escanteio, somos os últimos a saber.

Mesmo deixando a corrente de pensamento Bakuniana na reserva, convenhamos: é hora do leitor “porra louca” da vida soltar a franga e entrar em campo para vencer; sair do vestiário, sem tremer! Juntar-se ao cidadão (dito do bem) de chuteira social/boa conduta – com vez e voz na sociedade – e peitarem mudanças sociais em equipe, não se preocupando apenas com a “mierda” na sua pequena área. É preciso reivindicar, da legalização do “fumo cult” – “legalize it” – ao ensino público de boa qualidade para nossas crianças.

Toda esta tecnologia de comunicação da qual usufruímos bem poderá selar o cachimbo do paz entre a mídia “perna-de-pau” e os ideais de liberdade e educação desta geração. Caso contrário, a periferia (erva com estrume Paraguai) continuará sendo o bode expiatório nesse jogo sujo, enquanto colunistas sociais brindam “fungadores” bem quistos no metier social. É o criador estraçalhando as entranhas da cria; e o couro exposto no gramado para aniquilação da opinião pública.

É hora das instituições organizadas, de poder putativo, tornarem-se árbitros dessas jogadas escusas/silenciosas dos bastidores midiáticos, e deixar de “achar” que o bem-estar social de um povo é medido pelo número de televisores em residência para assistir Copa do Mundo; isto é, simplesmente, uma puta forma de alienação de um povo massacrado pelo apelo consumista, ensinado em universidades.

Estamos cansados de “crônicas de homenagem” e artigos de efeito intelectual. O povo simples padece no silêncio, pede aos homens de letra que sejam seus porta-vozes, pois vive afastado do processo evolutivo tecnológice e sucumbe alienado pelos interesses particulares da mídia - mais preocupada com bolhas nos pés de famosos do que com o calo no vácuo da mente das crianças do ensino público – pois estas são vistas apenas como futuros consumidores.

Bem sabemos que essa gente simples – vítima de sanguessugas televisivos -, antes tão canora, vive amordaçada pelas decisões de “urubus” que nunca aprenderam a cantar, tentam assobiar e aniquilam sabiás. E na sua simplicidade de vida, esse mesma gente nada tem a perder pois poucas oportunidades de lutar por algo lhe resta. Quando muito aceita a oportunidade de continuar vivo. Pelo menos, poderia ter direito à prisão da estabilidade de um emprego digno; ficaria, assim, satisfeita nessa latrina de conchavos sociais.

Se continuarmos a assistir jogo de futebol, sem preocupação com o destino de crianças que sonham vencer na vida através da bola, paciência: podemos até ser hexa, mas no “Fechar das cortinas”, seremos punidos com cartão vermelho.

É gooolll! E não me digam que foi contra.

Até mais ler, pelos gramados anti-sociais da vida!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 14/06/2006
Reeditado em 04/06/2009
Código do texto: T175077